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29/09/2002 - 10h36

Brasil vai escapar da moratória, diz FMI

da Folha de S.Paulo

O diretor-gerente e principal autoridade do Fundo Monetário Internacional (FMI), Horst Köhler, disse ontem que a crise brasileira não deve levar o país à moratória (interrupção e renegociação do pagamento da dívida pública).

"O Brasil sairá dessa situação sem a necessidade de moratória", disse Köhler em uma entrevista coletiva durante a reunião anual do FMI e do Banco Mundial, que acaba hoje em Washington.

O Brasil tornou-se um dos principais temas de conversas no encontro que reúne as principais autoridades financeiras do planeta. A país é o mais atingido pela instabilidade financeira global, que se tornou mais aguda a partir de março, provocada pelo baixo crescimento nos EUA, Europa e Japão, por fraudes nos balanços das empresas americanas, pelo calote argentino e pelo aumento da inadimplência das empresas dos países ricos. A crise é intensificada no Brasil devido ao baixo crescimento da economia, ao alto grau de endividamento do setor público e à incerteza a respeito do futuro da política econômica, provocada pela eleição presidencial deste ano.

Na sexta-feira, o risco-país brasileiro, medida de aversão dos investidores a colocar dinheiro numa economia, foi a nível recorde. O dólar chegou a R$ 3,88 e pode ir a mais de R$ 4 amanhã, devido ao vencimento de mais uma parcela da dívida pública em dólares e ao resultado da pesquisa Datafolha, que mostrou ser mais provável uma vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno, um indicativo de possível mudança na política econômica. Como amanhã será definido o valor do dólar pelo qual o governo deve pagar uma parcela de sua dívida, o mercado deve especular de modo a elevar a taxa de câmbio.

Um aumento do dólar para R$ 4 amanhã vai elevar também o volume da dívida pública, quase metade dela atrelada à variação da moeda norte-americana. Em julho, a dívida pública representava 61,9% do PIB (o valor de todos os bens e serviços produzidos em um ano no país). Com o dólar a R$ 4, a relação dívida/PIB deve chegar a 67%. Em 1998, quando o governo criou o Programa de Estabilidade Fiscal, o objetivo era estabilizar a relação dívida/PIB em 46,5% a partir de 2001. Essa meta foi abandonada no ano passado.

Quanto maior a dívida e menor o crescimento do país, mais os investidores tornam-se incertos quanto às chances de o débito ser pago.

Segundo Köhler, no entanto, a crise brasileira é produto de mercados que estão "nervosos, confusos e irritados" com problemas que não dizem respeito especificamente ao país: a alta do petróleo devido ao temor de guerra, as fraudes nos EUA e a instabilidade geral nos mercados emergentes.

"Estou confiante de que o Brasil fará uma transição sem problemas", disse o diretor do Fundo.

 

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