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11/10/2002
-
07h55
da Folha Online
O brasileiro reduziu o consumo de pão francês durante os oito anos de governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Pelos cálculos da Abip (Associação Brasileira de Indústria de Panificação e Confeitaria), o consumo de pão seguiu uma trajetória de crescimento até 1998, quando o volume per capita anual atingiu 28 quilos. Desde 1999, o consumo de pãozinho está estacionado em 27 quilos per capita por ano no país.
O governo FHC, que teve como um de seus símbolos o frango, que representou o aumento do poder de compra do real em seus primeiros anos, deve encerrar seu mandato com uma imagem mais negativa: um país sem pão na mesa da população.
Segundo o vice-presidente da Abip, é isso que ocorrerá se a indústria da panificação repassar para o consumidor toda a pressão de custos que está sofrendo. ''Trabalhamos com margens defasadas. Estamos segurando pelo menos 20% de pressão de custos. Não repassamos pois corremos o risco de não ter para quem vender. O brasileiro não tem mais renda para comprar pãozinho.''
Um dos maiores fatores de pressão para a indústria de panificação é o dólar, que nesta quinta-feira rompeu hoje a barreira dos R$ 4 e registrou seu maior fechamento em reais de todos os tempos, R$ 3,99 para venda e R$ 3,985 para compra. Quando o dólar sobe, afeta primeiro o trigo e depois a farinha. Dentro dessa cadeia, o último setor a ser pressionado pelo câmbio é a panificação.
Segundo Maia, há um ano, a indústria de panificação pagava R$ 27 pelo saco de 50 quilos de farinha de trigo. Hoje, o mesmo produto é comprado por R$ 80, um aumento de 196,3%.
Para piorar, Maia diz que o preço do trigo no mercado internacional subiu 100% em dólar no mesmo período. Segundo ele, a variação do dólar impacta o preço do pão, pois a farinha representa 60% de seu custo de fabricação. Como o Brasil importa 85% do trigo, a alta do dólar eleva os custos das padarias. ''Somos pressionados de todos os lados. Sem contar o aumento do gás de cozinha, da eletricidade e outros custos envolvidos na produção do pão.''
O preço médio do pãozinho no Estado de São Paulo é de R$ 0,23, um aumento de 9,5% em relação a setembro, quando o produto era vendido por R$ 0,21. Em junho, o pãozinho custava R$ 0,17.
''Não podemos aumentar nossos preços, pois o consumo de pão já está muito reprimido em função da queda do poder de renda do brasileiro. Mas se o dólar não ceder, teremos de repassar para o preço final e o consumo per capita pode cair ainda mais'', disse Maia.
Segundo ele, o Brasil é um dos países com menor volume consumo per capita anual de pão de toda a América, só perdendo para o Paraguai (23 quilos) e Venezuela (26 quilos). ''Até a Argentina, que está numa crise maior que a nossa, come mais pão. Lá o consumo é de 88 quilos per capita por ano.''
Na Europa, de acordo com Maia, o consumo anual de pãozinho por pessoa é de 60 quilos, chegando em alguns casos, como a Alemanha, a 93 quilos. ''Também temos fatores regionais e culturais que reduzem o consumo de pão. No Norte e Nordeste do país, por exemplo, a farinha de milho e de mandioca concorrem com o pão.''
Brasileiro reduz consumo de pão francês no fim da era FHC
FABIANA FUTEMAda Folha Online
O brasileiro reduziu o consumo de pão francês durante os oito anos de governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Pelos cálculos da Abip (Associação Brasileira de Indústria de Panificação e Confeitaria), o consumo de pão seguiu uma trajetória de crescimento até 1998, quando o volume per capita anual atingiu 28 quilos. Desde 1999, o consumo de pãozinho está estacionado em 27 quilos per capita por ano no país.
O governo FHC, que teve como um de seus símbolos o frango, que representou o aumento do poder de compra do real em seus primeiros anos, deve encerrar seu mandato com uma imagem mais negativa: um país sem pão na mesa da população.
Segundo o vice-presidente da Abip, é isso que ocorrerá se a indústria da panificação repassar para o consumidor toda a pressão de custos que está sofrendo. ''Trabalhamos com margens defasadas. Estamos segurando pelo menos 20% de pressão de custos. Não repassamos pois corremos o risco de não ter para quem vender. O brasileiro não tem mais renda para comprar pãozinho.''
Um dos maiores fatores de pressão para a indústria de panificação é o dólar, que nesta quinta-feira rompeu hoje a barreira dos R$ 4 e registrou seu maior fechamento em reais de todos os tempos, R$ 3,99 para venda e R$ 3,985 para compra. Quando o dólar sobe, afeta primeiro o trigo e depois a farinha. Dentro dessa cadeia, o último setor a ser pressionado pelo câmbio é a panificação.
Segundo Maia, há um ano, a indústria de panificação pagava R$ 27 pelo saco de 50 quilos de farinha de trigo. Hoje, o mesmo produto é comprado por R$ 80, um aumento de 196,3%.
Para piorar, Maia diz que o preço do trigo no mercado internacional subiu 100% em dólar no mesmo período. Segundo ele, a variação do dólar impacta o preço do pão, pois a farinha representa 60% de seu custo de fabricação. Como o Brasil importa 85% do trigo, a alta do dólar eleva os custos das padarias. ''Somos pressionados de todos os lados. Sem contar o aumento do gás de cozinha, da eletricidade e outros custos envolvidos na produção do pão.''
O preço médio do pãozinho no Estado de São Paulo é de R$ 0,23, um aumento de 9,5% em relação a setembro, quando o produto era vendido por R$ 0,21. Em junho, o pãozinho custava R$ 0,17.
''Não podemos aumentar nossos preços, pois o consumo de pão já está muito reprimido em função da queda do poder de renda do brasileiro. Mas se o dólar não ceder, teremos de repassar para o preço final e o consumo per capita pode cair ainda mais'', disse Maia.
Segundo ele, o Brasil é um dos países com menor volume consumo per capita anual de pão de toda a América, só perdendo para o Paraguai (23 quilos) e Venezuela (26 quilos). ''Até a Argentina, que está numa crise maior que a nossa, come mais pão. Lá o consumo é de 88 quilos per capita por ano.''
Na Europa, de acordo com Maia, o consumo anual de pãozinho por pessoa é de 60 quilos, chegando em alguns casos, como a Alemanha, a 93 quilos. ''Também temos fatores regionais e culturais que reduzem o consumo de pão. No Norte e Nordeste do país, por exemplo, a farinha de milho e de mandioca concorrem com o pão.''
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