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13/10/2002
-
06h15
da Folha de S. Paulo
O setor químico brasileiro começa a emitir tênues sinais de inversão da histórica dependência de produtos importados.
O movimento fomentado a partir da maxidesvalorização do real, em 1999, ganhou corpo nos dois últimos anos. Mas a Abiquim (a associação das indústrias) reconhece que a substituição de importações demanda investimentos de pelo menos cinco anos.
De acordo com a Secex (Secretaria de Comércio Exterior), nos primeiros sete meses de 2002, as importações do setor químico totalizaram US$ 27,5 bilhões, contra exportações de US$ 31,3 bilhões. O saldo positivo de US$ 3,8 bilhões não se deve, entretanto, a um surto exportador: as importações caíram 6,29% em valores absolutos, enquanto as exportações subiram 3,7%.
Em 2001, a balança comercial de toda a indústria química havia sido negativa. Mais: as importações dessa área foram as que tiveram maior peso (22%) no total de importações brasileiras no ano passado _em segundo ficaram as de eletroeletrônicos, com 20%.
Na quarta-feira passada, a Rhodia inaugurou em seu complexo industrial em Santo André (SP) uma unidade para resinagem de tecido _espécie de tela_ usado na fabricação de pneus. A empresa investiu US$ 15 milhões na unidade, que, além de abastecer 50% do mercado brasileiro, exportará para outros países do Mercosul.
No mesmo dia, a DuPont também inaugurava uma fábrica de não-tecidos (compostos de fibras usados na indústria de calçados e de higiene pessoal). Foram desembolsados US$ 20 milhões para erguer a unidade, que, segundo a DuPont, terá capacidade para atender toda a demanda pelo produto na América do Sul.
A mesma companhia investiu US$ 200 milhões, em Paulínia (SP), em um centro têxtil, inaugurado em agosto, que deve aumentar em 50% a produção no Brasil de seu mais conhecido produto, a fibra Lycra _e que fará do país exportador para demais regiões.
Para alguns especialistas, no entanto, a dependência brasileira de produtos importados no setor químico será superada apenas com a atração de grandes investimentos externos _o que dependerá de uma política do governo direcionada a esse fim.
Ou seja, analisadas sob esse aspecto, as decisões de empresas como a DuPont e a Rhodia podem ser consideradas apenas como estratégias individuais, e não parte de uma nova grande onda investidora em todo o setor químico.
"À medida que a economia se reative, as pressões por importações nessa área votarão", diz Fernando Ribeiro, economista da Funcex.
Só investimento fará química inverter saldo
JOSÉ ALAN DIASda Folha de S. Paulo
O setor químico brasileiro começa a emitir tênues sinais de inversão da histórica dependência de produtos importados.
O movimento fomentado a partir da maxidesvalorização do real, em 1999, ganhou corpo nos dois últimos anos. Mas a Abiquim (a associação das indústrias) reconhece que a substituição de importações demanda investimentos de pelo menos cinco anos.
De acordo com a Secex (Secretaria de Comércio Exterior), nos primeiros sete meses de 2002, as importações do setor químico totalizaram US$ 27,5 bilhões, contra exportações de US$ 31,3 bilhões. O saldo positivo de US$ 3,8 bilhões não se deve, entretanto, a um surto exportador: as importações caíram 6,29% em valores absolutos, enquanto as exportações subiram 3,7%.
Em 2001, a balança comercial de toda a indústria química havia sido negativa. Mais: as importações dessa área foram as que tiveram maior peso (22%) no total de importações brasileiras no ano passado _em segundo ficaram as de eletroeletrônicos, com 20%.
Na quarta-feira passada, a Rhodia inaugurou em seu complexo industrial em Santo André (SP) uma unidade para resinagem de tecido _espécie de tela_ usado na fabricação de pneus. A empresa investiu US$ 15 milhões na unidade, que, além de abastecer 50% do mercado brasileiro, exportará para outros países do Mercosul.
No mesmo dia, a DuPont também inaugurava uma fábrica de não-tecidos (compostos de fibras usados na indústria de calçados e de higiene pessoal). Foram desembolsados US$ 20 milhões para erguer a unidade, que, segundo a DuPont, terá capacidade para atender toda a demanda pelo produto na América do Sul.
A mesma companhia investiu US$ 200 milhões, em Paulínia (SP), em um centro têxtil, inaugurado em agosto, que deve aumentar em 50% a produção no Brasil de seu mais conhecido produto, a fibra Lycra _e que fará do país exportador para demais regiões.
Para alguns especialistas, no entanto, a dependência brasileira de produtos importados no setor químico será superada apenas com a atração de grandes investimentos externos _o que dependerá de uma política do governo direcionada a esse fim.
Ou seja, analisadas sob esse aspecto, as decisões de empresas como a DuPont e a Rhodia podem ser consideradas apenas como estratégias individuais, e não parte de uma nova grande onda investidora em todo o setor químico.
"À medida que a economia se reative, as pressões por importações nessa área votarão", diz Fernando Ribeiro, economista da Funcex.
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