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18/11/2002 - 02h40

Trabalhador está mais velho e escolarizado, revela pesquisa

da Folha de S. Paulo

O perfil do mercado de trabalho mudou de 1990 a 2002: a massa de trabalhadores está mais velha, com um nível de instrução maior e mais feminina.

É o que revela levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), obtido com exclusividade pela Folha.

Segundo dados do IBGE, aumentou o nível de escolaridade da força de trabalho: caiu o número de empregados sem instrução e com primeiro grau incompleto e cresceu a população ocupada com segundo grau e formação superior.

Ao mesmo tempo que se ampliou a escolaridade dos trabalhadores, o ingresso de jovens no mercado se tornou cada vez mais tardio.

A participação de brasileiros de 15 a 17 anos no total de ocupados caiu de 4,8% em 90 para 1,8% este ano. Na faixa etária de 18 a 39 anos, passou de 63,7% para 57,7%.

"A queda da participação do jovem parece estar relacionada a uma entrada mais tardia no mercado. Pode ser um bom sinal. As pessoas podem estar retardando sua entrada com o objetivo de estudar mais", disse Adriana Fontes, especialista em mercado de trabalho do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade).

Em relação ao total dos empregados, a participação dos que têm o primeiro grau completo ficou estável -era de 12% em 1990 e em 2002 repete a mesma taxa. Os trabalhadores que completaram entre a 4ª e a 7ª série do primeiro grau ainda compõem o maior contingente da população ocupada. Mas sua participação no total caiu de 34,8% para 24,7%.

Enquanto isso, aumentou de 15,5% para 27,3% a participação dos trabalhadores com segundo grau completo e de 5% para 6,6% a dos que têm o segundo grau incompleto. Os que completaram o curso superior são atualmente 13,7% da população ocupada, contra 10,2% em 1990.

Os que não têm nenhuma instrução passaram de 6,8% para 2,7% da população empregada.

Por faixa etária, enquanto caiu a participação dos mais jovens, cresceu a do mais velhos: na faixa de 40 a 59 anos, passou de 27,8% em 1990 para 35,9%. Na faixa acima de 60 anos também houve crescimento: de 3,8% para 4,4%.

O economista especializado em relações do trabalho Lauro Ramos, do Ipea (Instituto de Política Econômica Aplicada), concorda com a avaliação de que os jovens estão estudando mais e adiando a entrada no mercado, o que avalia como positivo: "É notável".

Cita duas razões para explicar esse movimento: melhora da oferta de vagas no sistema de ensino e o crescimento da procura por uma formação mais sólida.

Mesmo considerando o fenômeno positivo, Ramos afirma que a maior escolarização excluiu as pessoas sem instrução.

"Elas não estudaram, mas não são burras. Vendo a concorrência, saíram do mercado de trabalho. A participação delas só fez cair."

Adriana Fontes diz, porém, que o envelhecimento da população brasileira também explica o adiamento do ingresso no mercado. Lauro Ramos, do Ipea, diz concordar apenas em parte com essa tese. Para ele, o fator demográfico não é nem de longe uma razão preponderante para justificar a queda da ocupação dos mais jovens. A principal, afirma ele, é o maior tempo na escola.

Mais mulheres
A análise por sexo mostrou uma maior presença das mulheres no mercado de trabalho. Em 1990, elas representavam 38% da força de trabalho. Em 2002, sua participação aumentou para 42,1%.

Segundo Adriana Fontes, do Iets, dois são os motivos do aumento da proporção de mulheres empregadas: a maior inserção feminina, com elas se lançando em áreas antes ocupadas por homens, e a necessidade de complementar a renda familiar.

Com a queda contínua do rendimento, diz, mais mulheres foram obrigadas a procurar um trabalho para compensar a renda menor do chefe da família.
 

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