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20/11/2002 - 19h20

Lula usará tarifas elétricas para segurar inflação, diz físico

FABIANA FUTEMA
da Folha Online

O futuro governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva deverá alterar o sistema de reajuste das tarifas do setor elétrico. A medida tem o objetivo de transformar o sistema de reajustes no setor numa ferramenta de política econômica para controle da inflação.

Segundo o diretor da Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o físico Luiz Pinguelli Rosa, o novo governo deverá promover a renegociação geral dos contratos feitos pelo setor.

Uma das mudanças previstas na renegociação é a substituição do IGP-M como indexador dos reajustes do setor elétrico. ''O IGP-M é muito alto. É um índice insuportável para a maioria da população, para a indústria e para o comércio.''

Pinguelli Rosa disse que a simples substituição do IGP-M por outro índice _que corresponda de forma mais efetiva aos reajustes salariais_ já provocará reflexos na redução dos preços.

''A inflação que existe hoje é resultado da alta dos preços administrados. A população está pagando um preço muito alto por um serviço de distribuição de energia ruim.''

Pinguelli afirmou que a renegociação do sistema de tarifas do setor elétrico não depende do resultado da votação da MP (medida provisória) 64, que está sendo analisada hoje no Congresso. ''O novo governo tem poder e autonomia para renegociar contratos quando assumir. A MP 64 trata também de outros assuntos do setor.''

Pinguelli não poupou críticas para o processo de privatização do setor elétrico e para as empresas que entraram no mercado. ''O sistema está uma bagunça. Faltou energia no ano passado e pode faltar de novo se não forem feitas alterações no setor elétrico. As empresas estão endividadas, tomaram empréstimo em dólar sem hedge. O país e a população não pode pagar pelos erros dos outros'', disse o físico, referindo-se às empresas de energia.

A taxa acumulada de inflação calculada pelo Dieese entre novembro de 2001 e outubro de 2002 foi de 7,75%. De janeiro a outubro deste ano, a variação de preços na cidade de São Paulo foi de 6,87%.

Segundo o Dieese, a partir de junho deste ano, ocorreram aumentos crescentes nos índices mensais, refletindo não só os reajustes dos preços públicos, mas também a alta do dólar, a partir de maio.

Veja também o especial Governo Lula
 

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