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26/11/2002 - 09h34

Argentinos devem manter pesos nos bancos mesmo sem ''corralito''

MARCELO BILLI
da Folha de S. Paulo em Buenos Aires

O fim do ''corralito'', na próxima segunda-feira, liberará 21 bilhões de pesos (cerca de US$ 6 bilhões) que hoje estão presos nos bancos argentinos. A liberação põe fim a uma das medidas que enfureceram a população argentina no final do ano passado, mas não deve mudar nada no cenário econômico argentino. A maior parte dos recursos é de grandes empresas que, avaliam o governo e especialistas argentinos, devem mantê-los onde estão: nos bancos.

O "corralito" havia congelado os depósitos à vista - de conta corrente e de poupança. Outra medida, que na Argentina ficou conhecida como "corralon", congelou os depósitos a prazo, que continuarão retidos nos bancos.

Como o governo estava aos poucos afrouxando as amarras do ''corralito'' - aumentando os limites de saque - , a avaliação de analistas é que restam poucos recursos de pequenos poupadores. A maioria já teria sacado ou usado os recursos para comprar bens ou pagar dívidas.

''O que está agora nos bancos são recursos de grandes empresas e de um ou outro grande poupador. Mas a maior parte das pessoas físicas não está mais 'presa' [pelo 'corralito']", diz Dalvo Ferro, economista da Fundação Mercado, uma consultoria argentina.

Muitas empresas, explicam os economistas, utilizavam esses recursos como meio de pagamento: pagavam fornecedores e dívidas com os recursos do ''corralito'' por meio de cheques ou transações eletrônicas.

Ficar nos bancos
Do ponto de vista das empresas, o que muda é que os recursos podem ser sacados. ''Mas dificilmente as empresas sacarão o dinheiro. Pode haver casos isolados, mas a maior parte dos recursos deve ficar nos bancos'', diz o economista.

Outro receio que o governo argentino tinha há alguns meses, o de que os correntistas sacassem pesos para comprar dólares, também é descartado agora. Primeiro, porque o dólar está estável, e as aplicações de renda fixa rendem juros altos. Apostar no dólar significa abrir mão de uma aplicação com ganhos razoáveis.

Um sinal de que isso deve ocorrer é o crescimento dos depósitos a prazo, mesmo com recursos que hoje já estão livres e poderiam ser sacados pelos correntistas: Ele saltaram de pouco mais de 100 milhões de pesos no início do ano para quase 6 bilhões de pesos em outubro.

Segundo, porque as empresas precisam dos pesos para fechar as operações diárias - pagando salários e fornecedores, por exemplo - e não faria sentido perder ''liquidez" - disponibilidade de caixa - comprando dólares.
 

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