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26/11/2002
-
11h03
da Folha de S. Paulo
Palha de cana, casca de arroz, capim, casca de café, serragem, enfim, resíduos agrícolas que iriam para o lixo são a matéria-prima do bio-óleo, um novo combustível que pode se tornar uma alternativa ao petróleo.
O óleo, desenvolvido por pesquisadores do Nipe (Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético), da Unicamp, está em produção em escala piloto na Copersucar (Cooperativa de Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo).
Uma das opções de aplicação do novo produto é substituir o óleo diesel na geração de energia em usinas termelétricas, por exemplo. No entanto, segundo José Dilcio Rocha, pesquisador do Nipe, essa seria apenas uma utilização secundária, pois o nicho de mercado mais promissor para o bio-óleo estaria na substituição ao fenol petroquímico.
Hoje, o Brasil consome cerca de 60 mil toneladas de fenol por ano. O produto é usado para a composição de resinas fenólicas (espécie de cola industrial) utilizadas principalmente como ligas na produção de madeira compensada.
No mercado, a tonelada do produto fica em torno de US$ 750. O bio-óleo desenvolvido pela Unicamp custa US$ 100.
A indústria alimentícia é outro destinatário para a nova tecnologia, pois o óleo também pode ser utilizado para dar sabor de defumado a alimentos.
" No Brasil essa aplicação é praticamente inexpressiva, mas nos EUA e no Canadá há bastante espaço", afirma Rocha.
Especialistas informam que o produto não é indicado como substituto direto do petróleo como combustível para veículos. ''O teor calorífico é mais baixo que o do petróleo, o que inviabiliza essa aplicação'', explica o pesquisador do Nipe.
Processo de fabricação
Para a obtenção do óleo vegetal, a matéria-prima - já beneficiada sob a forma de pó fino - é submetida a uma temperatura de até 500o C dentro de um reator. O processo, denominado pirólise rápida, transforma os resíduos sólidos em líquido combustível.
''O Brasil é um país rico em biomassa. Ao transformarmos resíduos agrícolas em óleo, além de criarmos um produto com alto valor agregado, estamos produzindo um combustível ecologicamente correto", diz Rocha.
O objetivo dos pesquisadores é estimular a construção de fábricas em regiões vizinhas a usinas de álcool, papel e celulose ou de beneficiamento de arroz ou café.
Entretanto, o resíduo agrícola de maior interesse para os pesquisadores é a palha da cana-de-açúcar. Com a intensificação da colheita mecanizada, o produto será abundante - e até o momento não tem aplicação industrial.
A Bioware, companhia que pertence a um pólo de empresas incubadoras da Unicamp, procura parceiros para lançar o produto em escala comercial.
Para a construção de uma unidade industrial com capacidade de beneficiamento de 300 kg/h, é estimado um investimento de R$ 3 milhões com expectativa de retorno em dois anos.
ONDE ENCONTRAR - Bioware. Telefone 0/ XX/19 3788-4996
Criado na Unicamp, Bio-óleo vira alternativa ao petróleo
CÍNTIA CARDOSOda Folha de S. Paulo
Palha de cana, casca de arroz, capim, casca de café, serragem, enfim, resíduos agrícolas que iriam para o lixo são a matéria-prima do bio-óleo, um novo combustível que pode se tornar uma alternativa ao petróleo.
O óleo, desenvolvido por pesquisadores do Nipe (Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético), da Unicamp, está em produção em escala piloto na Copersucar (Cooperativa de Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo).
Uma das opções de aplicação do novo produto é substituir o óleo diesel na geração de energia em usinas termelétricas, por exemplo. No entanto, segundo José Dilcio Rocha, pesquisador do Nipe, essa seria apenas uma utilização secundária, pois o nicho de mercado mais promissor para o bio-óleo estaria na substituição ao fenol petroquímico.
Hoje, o Brasil consome cerca de 60 mil toneladas de fenol por ano. O produto é usado para a composição de resinas fenólicas (espécie de cola industrial) utilizadas principalmente como ligas na produção de madeira compensada.
No mercado, a tonelada do produto fica em torno de US$ 750. O bio-óleo desenvolvido pela Unicamp custa US$ 100.
A indústria alimentícia é outro destinatário para a nova tecnologia, pois o óleo também pode ser utilizado para dar sabor de defumado a alimentos.
" No Brasil essa aplicação é praticamente inexpressiva, mas nos EUA e no Canadá há bastante espaço", afirma Rocha.
Especialistas informam que o produto não é indicado como substituto direto do petróleo como combustível para veículos. ''O teor calorífico é mais baixo que o do petróleo, o que inviabiliza essa aplicação'', explica o pesquisador do Nipe.
Processo de fabricação
Para a obtenção do óleo vegetal, a matéria-prima - já beneficiada sob a forma de pó fino - é submetida a uma temperatura de até 500o C dentro de um reator. O processo, denominado pirólise rápida, transforma os resíduos sólidos em líquido combustível.
''O Brasil é um país rico em biomassa. Ao transformarmos resíduos agrícolas em óleo, além de criarmos um produto com alto valor agregado, estamos produzindo um combustível ecologicamente correto", diz Rocha.
O objetivo dos pesquisadores é estimular a construção de fábricas em regiões vizinhas a usinas de álcool, papel e celulose ou de beneficiamento de arroz ou café.
Entretanto, o resíduo agrícola de maior interesse para os pesquisadores é a palha da cana-de-açúcar. Com a intensificação da colheita mecanizada, o produto será abundante - e até o momento não tem aplicação industrial.
A Bioware, companhia que pertence a um pólo de empresas incubadoras da Unicamp, procura parceiros para lançar o produto em escala comercial.
Para a construção de uma unidade industrial com capacidade de beneficiamento de 300 kg/h, é estimado um investimento de R$ 3 milhões com expectativa de retorno em dois anos.
ONDE ENCONTRAR - Bioware. Telefone 0/ XX/19 3788-4996
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