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01/12/2002 - 09h18

Bancos e varejo lançam cruzada anticheque

ADRIANA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Há uma estratégia de vendas colocada em prática pelas redes de varejo e pelos bancos que deve atingir em cheio, e logo, o bolso do consumidor. Empresas de cartão de débito, que têm os bancos por trás, e os supermercados juntaram forças para aumentar ainda mais o uso do cartão de débito já a partir deste mês, segundo a Folha apurou com executivos presentes nas negociações. A meta é "barrar" os cheques.

A operação já começou. Clientes de bancos começaram a receber em casa, desde a semana passada, cartas das instituições que reforçam "as facilidades do uso do cartão de débito" e informam sobre o aumento das tarifas para o uso de cheques.

Um exemplo é o Banco Real, que enviou comunicado aos clientes. Na última semana, a instituição lançou nova tarifa para cheques com valor abaixo de R$ 25: R$ 0,25 por folha.

Na esteira da ação dos bancos, redes varejistas, como Pão de Açúcar, se preparam para fazer barulho nas lojas. Serão colocados informativos na entrada dos pontos-de-venda e anúncios nas sacolas. O mote será "use aqui o seu cartão". Caso o cliente tente passar um cheque, a alternativa do uso do cartão de débito será reforçada pelo caixa da loja.

A ação "pró-cartão" dos dois setores não acontece à toa. E foi negociada. Eles cansaram de brigar entre eles e resolveram se juntar.

Nos últimos meses, as bandeiras (Visanet, VisaElectron, Redeshop) falavam frequentemente em aumento nas tarifas cobradas nas compras com o cartão de débito. Quando o cliente usa o cartão, a loja paga de 0,5% a 3,5% de taxa à empresa, em cima do valor total da compra. As companhias queriam elevar as taxas em alguns pontos percentuais.

A conversa entre as partes não andou e as empresas de cartão chamaram as lojas para criar esse "pacote anticheque" -um pouco na linha "se não nos entendemos, vamos nos juntar", como diz um dos articuladores do acordo.

Nessa história, todos ganham, menos o consumidor. A cadeia de lojas poderá controlar a inadimplência com mais facilidade. Isso, evidentemente, caso aqueles clientes que, com frequência ficam insolventes, migrem da operação com cheques para o cartão.

O varejo perde milhões com o calote. De julho a setembro, o Pão de Açúcar, por exemplo, tinha como contas a receber com cheques pré-datados, R$ 74,6 milhões. Como provisão (perdas) entraram R$ 1,6 milhão (2,1% do total). Em junho o volume de perda foi de R$ 1,8 milhão, ou 2,2% do volume vendido com cheques.

Além disso, com o apoio das lojas a essa operação -comandada pelas instituições financeiras- as redes ganham uma trégua dos bancos. Isso porque, caso cresça de forma considerável o uso do cartão, o banco se compromete a não falar tão cedo em aumento na taxa cobrada das lojas.

E ganhará no maior volume de operações com o cartão. Essas instituições ainda têm uma outra vantagem: conseguirão cortar ainda mais os seus custos -ao reduzir o uso dos talões de cheques.
 

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