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02/12/2002 - 12h56

Apesar das filas, dólar fica estável na Argentina no 1º dia sem "corralito"

JOÃO SANDRINI
da Folha Online

Longas filas se formaram nas principais casas de câmbio de Buenos Aires hoje, quando os correntistas voltaram a ter o direito de sacar livremente os recursos depositados em contas correntes e cadernetas de poupança após um ano de congelamento. A cotação do dólar, no entanto, permanece estável em 3,66 pesos para a venda.

O governo acabou com o limite de 2.000 pesos mensais para a movimentação de mais de 15 milhões de contas, que, juntas, somam 21 bilhões de pesos e permaneceram congeladas desde dezembro do ano passado.

Mesmo com essa injeção extra de recursos na economia e com o fracasso do país em chegar a um acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) - o que traz incertezas ao mercado -, a estabilidade do dólar na abertura do pregão de hoje não foi surpreendente.

A maioria dos analistas e economistas apostava que não haveria uma corrida ao dólar com a medida e que os correntistas deveriam manter o dinheiro nos bancos porque os fundos de investimento oferecidos pelas instituições financeiras argentinas têm pago, nos últimos meses, uma remuneração maior do que a do dólar.

O ministro Roberto Lavagna (Economia) também contribuiu para acalmar o mercado. Em entrevista na manhã de hoje, horas antes da abertura das casas de câmbio, Lavagna disse que as especulações de que o dólar pudesse disparar eram apenas "ruído" e que não deveria haver alterações "nas variáveis econômicas" (no caso, inflação e taxa de câmbio) do país devido à abertura do "corralito" (nome dado pelos argentinos às restrições para saques).

Além disso, também acalmou a sede do argentino por dólares rumores de que o Banco Central voltaria a implementar novos controles sobre a movimentação ilegal da moeda e também poderia subir as taxas de juros para aumentar a atratividade dos papéis do governo e conter uma possível corrida ao dólar.

Por isso, mesmo com a liberação dos recursos e o retorno da possibilidade de compra de dólares com cheques - também válida a partir de hoje -, a moeda americana permaneceu estável na abertura das negociações.

Uma eventual disparada do dólar poderia obrigar o BC argentino a utilizar as reservas internacionais _que no mês passado voltaram a superar US$ 10 bilhões_ para conter a inflação.

O congelamento dos depósitos bancários, determinado no dia 1º de dezembro do ano passado, foi a forma encontrada pelo ex-ministro domingo Cavallo (2001) para evitar uma intensa fuga de recursos das instituições financeiras.

Na época, os correntistas temiam a desvalorização cambial no país _onde ainda vigorava o regime de conversibilidade, que atrelou a cotação do peso ao dólar durante 11 anos e só foi eliminado em janeiro_ e começaram a sacar os recursos depositados para comprar dólares.

Para evitar uma inevitável quebradeira no sistema financeiro, Cavallo proibiu a movimentação de mais de 15 milhões de contas. No entanto, a medida revoltou a classe média e levou à renúncia do ex-presidente Fernando de la Rúa (1999-2001).

Durante este ano, o governo do presidente Eduardo Duhalde reduziu as restrições para o saque dos depósitos várias vezes. O limite de saque mensal em cadernetas de poupança e contas correntes foi elevado de 1.200 pesos para 2.000 pesos no mês passado.

Além disso, o governo já havia liberado o saque de todos os depósitos a prazo fixo (espécie de CDI) de até 10 mil pesos. No entanto, depósitos acima desse valor, que somam cerca de 20 bilhões de pesos, continuarão congelados nos bancos.
 

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