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03/12/2002 - 08h54

Com irrigação, Bahia produz trigo na Chapada Diamantina

JOSÉ SÉRGIO OSSE
da Folha de S.Paulo, em Salvador

Um programa iniciado em maio pode, em quatro anos, deixar a Bahia perto da auto-suficiência na produção de trigo para o consumo do Estado, elevando, ao mesmo tempo, os ganhos de seus agricultores.

Neste ano foi realizado o primeiro plantio experimental na Chapada Diamantina, que, utilizando o trigo como cultura de rotatividade com hortaliças, obteve resultados bastante promissores.

O resultado da experiência foi uma produtividade média de 5.000 kg/ha, segundo a EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrário), financiadora do projeto.

Ainda há poucas plantações de trigo irrigado no país, mas, em relação aos dados disponíveis, o resultado é bom. A base de comparação são os 4.000 kg/ha em média registrados em plantações de Minas Gerais.

Comparado ao plantio convencional de trigo, o resultado é ainda melhor: uma safra considerada boa no Estado do Paraná, segundo especialistas, é a que registra produtividade de 3.000 kg/ha.

Além disso, segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Trigo, que analisou o trigo produzido, os grãos resultantes foram classificados como melhoradores tipos 1 e 2 _os melhores possíveis.

Segundo o diretor-geral da Embrapa Trigo, Benami Bacaltchik, porém, o maior problema a ser enfrentado no plantio do grão na Bahia não é o clima. Ele afirma que o país conta com tecnologia suficiente para contornar o clima, mas falta capacitar os produtores da região. Em relação ao Brasil, ele reclama da falta de políticas de incentivo para a produção do grão, que tornaria o país menos dependente de importações.

Custo
O custo da produção na região, segundo Sizernando Oliveira, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da EBDA, ficou abaixo da média de plantações de trigo irrigado em outros locais. Por hectare, o custo na Chapada foi de R$ 800 _R$ 1.300 em outras regiões.

O motivo é que o trigo baiano é plantado em áreas onde eram cultivadas hortaliças. O resíduo das pesadas aplicações de adubo no solo é tão grande que não é preciso adubar mais.

O objetivo, diz Oliveira, é convencer os agricultores baianos de que plantar trigo é uma boa opção para a rotatividade de culturas, uma vez que, além de ser relativamente barato, é mais rentável do que a troca com capim, prática comum no Estado. Assim, a idéia é contar, em breve, com os 5.000 hectares da Chapada onde são plantadas hortaliças para produzir trigo também.

A fazenda que abriga o projeto fica no meio da Chapada, entre os municípios de Mucugê e Cascavel. Ela foi escolhida pelas condições climáticas do lugar, propícias ao cultivo de trigo irrigado.

A altitude _média de 900 metros acima do nível do mar_ faz com que a região tenha temperaturas amenas e regime regular de chuvas, o que influencia positivamente a planta.

O primeiro plantio foi realizado na fazenda Progresso, do agricultor Ivo Borrer, parceiro da EBDA no programa. Em uma área de mil metros quadrados foram plantadas três variedades de trigo irrigado, especiais para climas tropicais: Embrapa 22 e 42 e BRS 207.

Segundo Fábio Veloso, diretor-presidente da EBDA, é possível que, em quatro anos, boa parte da demanda estadual de trigo, de 80 mil toneladas por ano, seja suprida pelos produtores baianos.

"O agricultor nosso parceiro no programa [Borrer] disse que ficou muito satisfeito com o resultado da experiência. Tanto que, no ano que vem, planeja destinar cerca de cem hectares próprios para trigo", diz Veloso.

Em 2003, a EBDA deve plantar o trigo experimental em quatro diferentes épocas, entre o início de abril e meado de maio. Neste ano, o plantio foi todo realizado no início de maio. O objetivo é aprimorar as técnicas de cultivo e elaborar um calendário oficial de referência para o plantio na região.

O jornalista José Sergio Osse viajou a Salvador a convite da Secretaria de Agricultura da Bahia
 

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