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07/12/2002
-
08h36
LEILA SUWWAN
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Os US$ 36 bilhões emprestados pelos organismos financeiros internacionais ao Brasil antes das eleições são insuficientes para acalmar os mercados, afirmou o presidente Fernando Henrique Cardoso, durante a reunião de Cúpula do Mercosul.
"O Brasil, no momento em que recebeu os US$ 30 bilhões do FMI, mais os US$ 6 bilhões do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, o chamado mercado financeiro, diante dessa imensa quantidade de recursos, ficou dizendo: "Não, não é isso que falta. Falta credibilidade que deriva de saber como vai ser a política econômica do futuro'", disse FHC aos presidentes de cinco países sul-americanos.
O presidente afirmou que os organismos multilaterais, como o FMI, estão enfraquecidos e não conseguem cumprir sua função de estabilizar as crises. "As instituições internacionais mais fortes são fracas", afirmou o presidente.
Como exemplo da ineficácia de empréstimos "vultosos" para acabar com as crises, FHC comparou o Brasil com a Argentina. Segundo ele, os mercados especulam da mesma forma nos dois países, embora a Argentina não tenha recebido recursos.
Os argentinos estão tendo dificuldades para fechar um acordo de ajuda financeira com o Fundo. De acordo com FHC, os indicadores econômicos do vizinho mostram sinais de melhora. Na entrevista coletiva, o presidente disse que o Fundo erra na forma como trata a Argentina.
FHC criticou os organismos internacionais, mas teve de ouvir também críticas diplomáticas dos presidentes do Paraguai, Luiz González Macchi, e do Uruguai, Jorge Batlle.
Tratamento injusto
Para Macchi, os países grandes do Mercosul (Brasil e Argentina) tratam de maneira injusta os países menores. O presidente paraguaio, que enfrenta um processo de impeachment, disse que a população do seu país empobreceu depois da criação do bloco.
O presidente do Chile, Ricardo Lagos, apoiou a posição de Macchi. Para melhorar a coordenação política na região e sua inserção no cenário internacional, Lagos afirmou que o Chile poderia ser uma espécie de porta-voz da América do Sul no Conselho de Segurança da ONU. O Chile sentará numa das cadeiras rotativas do conselho.
FHC, que falou antes de Macchi, concorda com a necessidade de diminuir a autonomia dos países no processo de integração com a necessidade de sacrifícios em nome do bloco.
"É preciso limitar certos ganhos momentâneos de alguns países em benefício de outros países, pelo conjunto. Nós queremos que todos os países se beneficiem desse processo", disse ele.
Batlle, por sua vez, cobrou do Brasil maiores exportações para o resto do mundo. Segundo ele, se o Brasil não incrementar seu comércio exterior, não terá condições de se abrir mais para os países da região.
"Desejo que o Brasil exporte US$ 150 bilhões. Senão vamos estar sempre discutindo por três quilos de arroz", disse ele. O Brasil exporta atualmente menos de US$ 60 bilhões por ano.
FMI é fraco e não estabiliza crises, diz FHC
ANDRÉ SOLIANILEILA SUWWAN
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Os US$ 36 bilhões emprestados pelos organismos financeiros internacionais ao Brasil antes das eleições são insuficientes para acalmar os mercados, afirmou o presidente Fernando Henrique Cardoso, durante a reunião de Cúpula do Mercosul.
"O Brasil, no momento em que recebeu os US$ 30 bilhões do FMI, mais os US$ 6 bilhões do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, o chamado mercado financeiro, diante dessa imensa quantidade de recursos, ficou dizendo: "Não, não é isso que falta. Falta credibilidade que deriva de saber como vai ser a política econômica do futuro'", disse FHC aos presidentes de cinco países sul-americanos.
O presidente afirmou que os organismos multilaterais, como o FMI, estão enfraquecidos e não conseguem cumprir sua função de estabilizar as crises. "As instituições internacionais mais fortes são fracas", afirmou o presidente.
Como exemplo da ineficácia de empréstimos "vultosos" para acabar com as crises, FHC comparou o Brasil com a Argentina. Segundo ele, os mercados especulam da mesma forma nos dois países, embora a Argentina não tenha recebido recursos.
Os argentinos estão tendo dificuldades para fechar um acordo de ajuda financeira com o Fundo. De acordo com FHC, os indicadores econômicos do vizinho mostram sinais de melhora. Na entrevista coletiva, o presidente disse que o Fundo erra na forma como trata a Argentina.
FHC criticou os organismos internacionais, mas teve de ouvir também críticas diplomáticas dos presidentes do Paraguai, Luiz González Macchi, e do Uruguai, Jorge Batlle.
Tratamento injusto
Para Macchi, os países grandes do Mercosul (Brasil e Argentina) tratam de maneira injusta os países menores. O presidente paraguaio, que enfrenta um processo de impeachment, disse que a população do seu país empobreceu depois da criação do bloco.
O presidente do Chile, Ricardo Lagos, apoiou a posição de Macchi. Para melhorar a coordenação política na região e sua inserção no cenário internacional, Lagos afirmou que o Chile poderia ser uma espécie de porta-voz da América do Sul no Conselho de Segurança da ONU. O Chile sentará numa das cadeiras rotativas do conselho.
FHC, que falou antes de Macchi, concorda com a necessidade de diminuir a autonomia dos países no processo de integração com a necessidade de sacrifícios em nome do bloco.
"É preciso limitar certos ganhos momentâneos de alguns países em benefício de outros países, pelo conjunto. Nós queremos que todos os países se beneficiem desse processo", disse ele.
Batlle, por sua vez, cobrou do Brasil maiores exportações para o resto do mundo. Segundo ele, se o Brasil não incrementar seu comércio exterior, não terá condições de se abrir mais para os países da região.
"Desejo que o Brasil exporte US$ 150 bilhões. Senão vamos estar sempre discutindo por três quilos de arroz", disse ele. O Brasil exporta atualmente menos de US$ 60 bilhões por ano.
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