Publicidade
Publicidade
11/01/2003
-
08h46
da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
O governo argentino decidiu ontem redolarizar parte das dívidas que haviam sido pesificadas no início do ano passado. Um decreto assinado na quinta-feira redolariza uma série de operações que envolvem credores e bancos estrangeiros que atuam no país.
Com o decreto, voltam a ser dolarizadas dívidas de empresas multinacionais que tomaram empréstimos com as matrizes, depósitos de bancos estrangeiros em bancos locais e dívidas do governo ou de devedores privados que direta ou indiretamente resultam de empréstimos concedidos por organismos multilaterais de crédito ou matrizes de bancos estrangeiros que atuam no país.
A medida foi anunciada ontem. Questionados se a redolarização de parte das dívidas era uma exigência do FMI (Fundo Monetário Internacional), os técnicos do Ministério da Economia limitaram-se a responder que a medida elimina privilégios de alguns devedores que não precisavam ser protegidos pela pesificação.
As medidas devem gerar protestos. Muitos credores já receberam dívidas pesificadas, e os que ainda não receberam deverão reclamar tratamento idêntico ao dado aos credores estrangeiros que foram beneficiados pela medida anunciada ontem.
Outra fonte de resistência serão os correntistas que, a cada semana, fazem protestos e exigem que o governo devolva seus depósitos em dólares. Os depósitos dos argentinos foram pesificados à taxa de 1,40 peso por dólar, e as dívidas a 1 peso por dólar.
A polêmica também deve chegar à Corte Suprema, já que nas últimas semanas o governo pressionou os juízes da Corte para que não decidissem que a pesificação de depósitos é inconstitucional.
Fora FMI
Ontem foi um dia de protestos em Buenos Aires. Desempregados bloquearam alguns acessos à cidade, correntistas entraram em conflito com a polícia enquanto protestavam contra os bancos que "roubaram os depósitos", e vendedores ambulantes protestaram contra a tentativa de expulsá-los do centro da cidade.
Vários grupos convergiram para o hotel onde estão hospedados os técnicos da missão do FMI para protestar contra a presença do Fundo no país.
Os técnicos chegaram na quinta-feira ao país e negociam um acordo de transição que prorrogue os vencimentos de dívidas do país com o Fundo e abra caminho para negociar prorrogações similares com o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento.
O governo argentino mantém a estratégia que adotou em novembro, quando decidiu não pagar uma dívida de US$ 827 milhões com o Banco Mundial. Ontem, o chefe do Gabinete de Ministros, Alfredo Atanasof, afirmou que o país só pagará uma dívida de US$ 1 bilhão com o FMI que vence no próximo dia 17 se o país chegar a um acordo com o Fundo.
Argentina redolariza parte da dívida de estrangeiros
MARCELO BILLIda Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
O governo argentino decidiu ontem redolarizar parte das dívidas que haviam sido pesificadas no início do ano passado. Um decreto assinado na quinta-feira redolariza uma série de operações que envolvem credores e bancos estrangeiros que atuam no país.
Com o decreto, voltam a ser dolarizadas dívidas de empresas multinacionais que tomaram empréstimos com as matrizes, depósitos de bancos estrangeiros em bancos locais e dívidas do governo ou de devedores privados que direta ou indiretamente resultam de empréstimos concedidos por organismos multilaterais de crédito ou matrizes de bancos estrangeiros que atuam no país.
A medida foi anunciada ontem. Questionados se a redolarização de parte das dívidas era uma exigência do FMI (Fundo Monetário Internacional), os técnicos do Ministério da Economia limitaram-se a responder que a medida elimina privilégios de alguns devedores que não precisavam ser protegidos pela pesificação.
As medidas devem gerar protestos. Muitos credores já receberam dívidas pesificadas, e os que ainda não receberam deverão reclamar tratamento idêntico ao dado aos credores estrangeiros que foram beneficiados pela medida anunciada ontem.
Outra fonte de resistência serão os correntistas que, a cada semana, fazem protestos e exigem que o governo devolva seus depósitos em dólares. Os depósitos dos argentinos foram pesificados à taxa de 1,40 peso por dólar, e as dívidas a 1 peso por dólar.
A polêmica também deve chegar à Corte Suprema, já que nas últimas semanas o governo pressionou os juízes da Corte para que não decidissem que a pesificação de depósitos é inconstitucional.
Fora FMI
Ontem foi um dia de protestos em Buenos Aires. Desempregados bloquearam alguns acessos à cidade, correntistas entraram em conflito com a polícia enquanto protestavam contra os bancos que "roubaram os depósitos", e vendedores ambulantes protestaram contra a tentativa de expulsá-los do centro da cidade.
Vários grupos convergiram para o hotel onde estão hospedados os técnicos da missão do FMI para protestar contra a presença do Fundo no país.
Os técnicos chegaram na quinta-feira ao país e negociam um acordo de transição que prorrogue os vencimentos de dívidas do país com o Fundo e abra caminho para negociar prorrogações similares com o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento.
O governo argentino mantém a estratégia que adotou em novembro, quando decidiu não pagar uma dívida de US$ 827 milhões com o Banco Mundial. Ontem, o chefe do Gabinete de Ministros, Alfredo Atanasof, afirmou que o país só pagará uma dívida de US$ 1 bilhão com o FMI que vence no próximo dia 17 se o país chegar a um acordo com o Fundo.
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
- Por que empresa proíbe caminhões de virar à esquerda - e economiza milhões
- Megarricos buscam refúgio na Nova Zelândia contra colapso capitalista
- Com 12 suítes e 5 bares, casa mais cara à venda nos EUA custa US$ 250 mi
- Produção industrial só cresceu no Pará em 2016, diz IBGE
+ Comentadas
- Programa vai reduzir tempo gasto para pagar impostos, diz Meirelles
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
+ EnviadasÍndice