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14/01/2003
-
07h54
da Folha Online
A retórica da responsabilidade fiscal mantida com afinco pelo PT tem hoje sua primeira prova prática na reunião da governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Garotinho, com o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).
O encontro deve se concentrar nas dívidas pendentes do Estado com o governo federal. Até agora, o Rio já teve, só este ano, R$ 109,1 milhões em repasses de recursos federais bloqueados - o último bloqueio foi ontem, de R$ 11,2 milhões em recursos do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
A dívida dos Estados é um dos maiores obstáculos para o governo federal pôr em prática seu discurso de austeridade fiscal e crescimento, e potencialmente, é o maior entrave para que o atual otimismo visto no mercado se mantenha até o ponto que os ativos brasileiros recuperem uma parcela significativa das perdas registradas no ano passado.
Ontem, Palocci afirmou que não acredita em "crise generalizada" dos Estados, e ressaltou que a intenção do governo federal é procurar ajudar, mas sem que isso signifique desajuste nas contas. Amanhã, é a vez do governador Paulo Hartung, do Espírito Santo, também com dívidas pendentes.
A atitude de Palocci frente aos governadores é a primeira chance que o ministro terá de pôr em prática o discurso que conquistou o mercado. Se mantiver o pulso firme, deve selar o apoio dos investidores e das instituições externas.
Por enquanto, apesar do otimismo, as apostas na recuperação ainda são divididas.
Ontem, os bancos internacionais começaram a emitir relatórios avaliando os primeiros 12 dias de performance do governo eleito, e o parecer não foi unânime.
O Bear Stearns e a Merrill Lynch melhoraram sua avaliação do país, enquanto o Goldman Sachs, na contramão, reduziu a recomendação para as ações brasileiras. A expectativa é que outros bancos emitam avaliações ainda nesta semana e na próxima.
Para reduzir sua recomendação, o Goldman Sachs alegou que o otimismo e a confiança demonstrados nos últimos dias pelo mercado financeiro só vai se solidificar quando o discurso entrar em prática.
Além disso, o banco acredita que a recuperação vista desde o fim de outubro, dada sua velocidade, deve perder o fôlego - simplesmente porque não há mais surpresas suficientes para alimentá-la. O risco Brasil, por exemplo, passou de mais de 2.400 pontos em 10 de outubro para 1.223 pontos, uma queda de quase 50%.
Outro foco de atenção hoje no mercado é o balanço do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, deve fazer de seu primeiro compromisso internacional desde que assumiu o cargo, o encontro bimestral do BIS (Banco Internacional de Compensações -o banco central dos bancos centrais), do qual retorna hoje.
No mercado de câmbio, o atrativo é a entrada de US$ 250 milhões captados na semana passada no exterior pelo Bradesco - o primeiro banco brasileiro a emitir títulos no exterior este ano. Além do Bradesco, também fizeram captações na última semana o Itaú, Unibanco, ABN Amro Real, Votorantim e Safra, num total de US$ 925 milhões.
Na Bovespa, a notícia é a emissão de R$ 700 milhões em notas promissórias pela Telesp Celular. A operação deve ser detalhada pela empresa ainda nesta manhã.
Palocci tem seu primeiro teste prático em reunião com Rosinha
LUCIANA COELHOda Folha Online
A retórica da responsabilidade fiscal mantida com afinco pelo PT tem hoje sua primeira prova prática na reunião da governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Garotinho, com o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).
O encontro deve se concentrar nas dívidas pendentes do Estado com o governo federal. Até agora, o Rio já teve, só este ano, R$ 109,1 milhões em repasses de recursos federais bloqueados - o último bloqueio foi ontem, de R$ 11,2 milhões em recursos do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
A dívida dos Estados é um dos maiores obstáculos para o governo federal pôr em prática seu discurso de austeridade fiscal e crescimento, e potencialmente, é o maior entrave para que o atual otimismo visto no mercado se mantenha até o ponto que os ativos brasileiros recuperem uma parcela significativa das perdas registradas no ano passado.
Ontem, Palocci afirmou que não acredita em "crise generalizada" dos Estados, e ressaltou que a intenção do governo federal é procurar ajudar, mas sem que isso signifique desajuste nas contas. Amanhã, é a vez do governador Paulo Hartung, do Espírito Santo, também com dívidas pendentes.
A atitude de Palocci frente aos governadores é a primeira chance que o ministro terá de pôr em prática o discurso que conquistou o mercado. Se mantiver o pulso firme, deve selar o apoio dos investidores e das instituições externas.
Por enquanto, apesar do otimismo, as apostas na recuperação ainda são divididas.
Ontem, os bancos internacionais começaram a emitir relatórios avaliando os primeiros 12 dias de performance do governo eleito, e o parecer não foi unânime.
O Bear Stearns e a Merrill Lynch melhoraram sua avaliação do país, enquanto o Goldman Sachs, na contramão, reduziu a recomendação para as ações brasileiras. A expectativa é que outros bancos emitam avaliações ainda nesta semana e na próxima.
Para reduzir sua recomendação, o Goldman Sachs alegou que o otimismo e a confiança demonstrados nos últimos dias pelo mercado financeiro só vai se solidificar quando o discurso entrar em prática.
Além disso, o banco acredita que a recuperação vista desde o fim de outubro, dada sua velocidade, deve perder o fôlego - simplesmente porque não há mais surpresas suficientes para alimentá-la. O risco Brasil, por exemplo, passou de mais de 2.400 pontos em 10 de outubro para 1.223 pontos, uma queda de quase 50%.
Outro foco de atenção hoje no mercado é o balanço do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, deve fazer de seu primeiro compromisso internacional desde que assumiu o cargo, o encontro bimestral do BIS (Banco Internacional de Compensações -o banco central dos bancos centrais), do qual retorna hoje.
No mercado de câmbio, o atrativo é a entrada de US$ 250 milhões captados na semana passada no exterior pelo Bradesco - o primeiro banco brasileiro a emitir títulos no exterior este ano. Além do Bradesco, também fizeram captações na última semana o Itaú, Unibanco, ABN Amro Real, Votorantim e Safra, num total de US$ 925 milhões.
Na Bovespa, a notícia é a emissão de R$ 700 milhões em notas promissórias pela Telesp Celular. A operação deve ser detalhada pela empresa ainda nesta manhã.
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