14/01/2003 - 16h53

Com captações, dólar fecha abaixo de R$ 3,30 pela 1ª vez em 4 meses

LUCIANA COELHO
da Folha Online

Depois dos bancos, é a vez das empresas contribuírem para a queda do dólar. Com a notícia de que a Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica de Tubarão trarão ao país US$ 339 milhões, o dólar fechou no menor nível em quatro meses.

Após cair 1,42%, a moeda norte-americana fechou próxima a mínima do dia (R$ 3,255), vendida a R$ 3,258 e comprada a R$ 3,255 - não só a menor cotação desde os R$ 3,245 de 17 de setembro, mas também a primeira vez que o dólar fecha abaixo de R$ 3,30 em quase quatro meses.

No ano, a moeda já acumula queda de 8% e desde que registrou seu recorde histórico em 10 de outubro, R$ 3,99, o tombo é de 18,3%.

O risco Brasil, que caiu sete vezes este ano em apenas oito dias úteis, opera praticamente estável a 1.222 pontos - um a menos do que o fechamento de ontem - após subir durante a maior parte do dia.

"A expectativa de que vai entrar muito dinheiro nos próximos dias fez o dólar cair", afirmou Mario Battistel, diretor de câmbio da Corretora Novação.

A Vale do Rio Doce anunciou logo no início da manhã que obteve um financiamento de US$ 300 milhões, com prazo de 10 anos, no mercado japonês. Mais tarde, foi a vez da CST anunciar uma linha de US$ 39 milhões também junto a bancos japoneses.

Além de significar a entrada de novos dólares no país, os financiamentos de empresas apontam também para a melhora da percepção externa sobre o país, que após um período de jejum de crédito parece ter recuperado o acesso aos mercados internacionais.

Na semana passada, seis bancos brasileiros - Bradesco, Itaú, Unibanco, Votorantim, ABN Amro Real e Safra - realizaram captações que, somadas, trarão para o país US$ 925 milhões nos próximos dias.

O dinheiro captado pelo Bradesco, o primeiro banco a emitir títulos no exterior este ano, teria começado a entrar no país hoje. Entretanto, segundo operadores, o banco não se destacou na venda de dólares, o que pode significar que os recursos devem ser usados em operações do próprio banco ou de seus clientes.

Na venda, teria se destacado um banco supostamente atendendo a uma grande companhia espanhola, segundo operadores.

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