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19/01/2003 - 05h06

Escândalos contábeis causaram perda de US$ 300 bi nos EUA

da Folha de S.Paulo, em Washington

Os escândalos corporativos causaram prejuízos de cerca de US$ 300 bilhões à economia norte-americana e contribuíram para que seis das dez maiores falências da história do capitalismo ocorressem num único ano, do fim de 2001 a dezembro de 2002.

Os cálculos são da "No More Enrons" ("Basta de Enrons"), uma coalizão de entidades que prega o endurecimento de penas e da fiscalização dos mercados feita pela SEC (Securities and Exchange Commission, o órgão federal que fiscaliza balanços e operações nas Bolsas de Valores dos EUA, equivalente à Comissão de Valores Mobiliários no Brasil).

Do valor de US$ 300 bilhões, ao menos US$ 200 bilhões seriam perdas nas chamadas "401k", as tradicionais contas de aposentadoria dos trabalhadores que são lastreadas em ações de empresas norte-americanas.

Outros US$ 100 bilhões foram perdidos em impostos não pagos e com o fechamento de mais de 1 milhão de empregos diretos. Num cálculo anterior, feito em agosto passado, a mesma organização estimara em US$ 200 bilhões os custos da onda de manipulação de balanços que marcou a segunda metade dos anos 90.

Ficam fora desse cálculo as perdas dos investidores regulares nas Bolsas, impossíveis de serem calculadas, porque também foram causadas por outros fatores _como o estouro da bolha de tecnologia e os atentados de 11 de setembro de 2001. Ao todo, US$ 7 trilhões evaporaram das Bolsas norte-americanas nos últimos três anos _o equivalente a cerca de 70% do PIB (Produto Interno Bruto do país, o total de bens e serviços produzidos em um ano).

Com US$ 103 bilhões em ativos, a WorldCom lidera a lista de quebras. O cálculo leva em consideração o patrimônio da companhia antes de sua falência. Outras companhias que figuram na lista são a Enron (US$ 64 bilhões), a Conseco (US$ 61,4 bilhões), a Global Crossing (US$ 30 bilhões) e a Adelphia (US$ 21,4 bilhões). A United Airlines completa o ranking, mas sua quebra não teve relação com fraudes contábeis. Até 2002, a maior quebra corporativa havia sido a da Texaco, ocorrida em 1987 (US$ 35,8 bilhões).

Segundo Fernando Carneiro, gerente de programas corporativos da ISS (Institutional Shareholders Services), o acúmulo de falências num só ano é produto da maior e mais artificial valorização de ativos da história do capitalismo. "A revolução tecnológica da década de 90 criou, como subproduto, a maior pirâmide de que se tem notícia na história. Com o estouro da bolha, os preços de todos os ativos foram ao chão. Credores e investidores tentavam ver se restava algo de valor em meio às quebras. Não encontraram nada."

Com a súbita desvalorização do valor de ativos, os bancos que emprestaram dinheiro para companhias falidas estão sendo obrigados a reconhecer as perdas e cobri-las com recursos que, antes da crise, eram destinados a novos empréstimos. O resultado dessa estratégia defensiva é que os bancos ficam mais relutantes em estender novos financiamentos, contribuindo para deteriorar a situação da economia americana.

Há três anos, os EUA tinham desemprego de 3,9% e um superávit orçamentário de US$ 230 bilhões. O país fechou 2002 com 8,5 milhões de desempregados (6%) e um déficit de US$ 157 bilhões. Depois de uma curta recessão em 2001, o PIB americano cresce hoje de forma inconstante e insatisfatória.
 

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