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25/01/2003 - 08h30

EUA ouvem advertências contra a guerra de premiê malaio em Davos

da Folha de S.Paulo, em Davos

O governo norte-americano ouviu ontem a enésima advertência contra um ataque ao Iraque, desta vez da boca de um primeiro-ministro, Mahathir bin Mohamad (Malásia). "O ataque ao Iraque vai provocar a morte de gente inocente e deixar muito zangadas muitas pessoas", disparou Mahathir, na presença de John Ashcroft, que é uma espécie de xerife-mór da guerra ao terrorismo, na condição de ministro da Justiça dos Estados Unidos.

Ashcroft, ao contrário, insistiu, durante toda a sessão matutina sobre a guerra contra terrorismo, em defender o comportamento de seu governo depois dos atentados de 11 de setembro, o que provocou uma elegante mas dura polêmica com Kumi Naidoo, secretário-geral da Civicus, uma ONG (Organização Não-Governamental) com sede na África do Sul.

Ashcroft, considerado um "falcão" na administração de George Walker Bush, deu às medidas contra o terrorismo o caráter de verdadeira guerra santa pela liberdade e pela lei.

Já o primeiro-ministro da Malásia preferiu dizer que era melhor "não acrescentar novas causas de ira" e lembrou que seu governo, há 42 anos, também lutou contra o terrorismo, "não só por meios militares, mas ganhando mentes e corações". Ashcroft rebateu: "Nós queremos conquistar mentes e corações. Mas se a liberdade e as regras legais causam a ira, então devemos derrubar a liberdade e as regras legais?".

Naidoo entrou no debate criticando o que chamou de restrição às liberdades civis e aos direitos humanos, na reação do governo dos EUA aos atentados de setembro de 2001. Queixou-se também de que a polícia é mais dura contra não-brancos, especialmente se têm pele escura ou parecem ser do Oriente Médio.

Ashcroft disse que não há esse perfil racial no comportamento da polícia. "Temos que julgar as pessoas pelo seu caráter, não pela cor de sua pele", afirmou.

Naidoo, de pele escura típica dos originários do subcontinente indiano, respondeu: "Ninguém sabia o meu caráter quando fui retirado de um avião nos Estados Unidos pela segurança".

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, também participou da sessão, para endossar as posições duras de Ashcroft e, ao mesmo tempo, cobrar cooperação internacional para a Colômbia, envolvida na sua própria guerra, contra dois grupos guerrilheiros.

"O terrorismo não é consequência, mas causa da pobreza", disparou Uribe. Chegou a dizer que, no longo prazo, a guerra na Colômbia é uma ameaça maior que o Iraque, porque as plantações de coca (a verdadeira causa da guerra, segundo ele) estão avançando sobre toda a bacia amazônica.

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