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25/01/2003 - 08h00

Juro sobe mais para empresa e pessoa física

da Folha de S.Paulo

Os juros que pessoas e empresas pagam ao tomar empréstimos e fazer crediários acompanham a elevação da taxa básica (Selic). Mas não na mesma magnitude.

Enquanto a Selic está atualmente em 25,5% anuais, os juros do comércio, por exemplo, ficaram na média em 116,25% anuais em 2002. No caso de empréstimos a pessoas jurídicas, para desconto de duplicata, os custos eram de 63,46% anuais em dezembro.

Uma das justificativas das instituições financeiras para a diferença é a alta inadimplência: haveria a necessidade de manter os juros em níveis exorbitantes como forma de compensar os calotes. Outra são os custos operacionais, que seriam muito altos.

Dados da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) mostram que entre agosto de 95 e dezembro do ano passado o custo acumulado do CDI (juros interbancários que acompanham a Selic) ficou em 382,7%. Já o dos financiamentos no comércio ficou acumulado em 158.297,71% no período.

A Selic é definida mensalmente pelo Copom (Comitê de Política Monetária, formado pelo presidente e pelos diretores do Banco Central). A taxa serve de referência para o mercado, sendo usada como parâmetro nas operações entre os bancos e, por isso, tem influência sobre os juros de toda a economia. Quando a Selic sobe, os juros de empréstimos a empresas e pessoas físicas também aumentam. Esse aumento não é equivalente, ou seja, o fato de taxa básica ser elevada em 0,5 ponto percentual -como aconteceu nesta semana- não significa que os juros para o consumidor subirão o mesmo percentual. Normalmente, esse percentual acaba sendo mais elevado.

As taxas praticadas no comércio variam bastante, dependendo do tamanho da rede onde se faz a operação.

Nas grandes redes de loja, o custo médio do crediário acumulado em 2002 ficou em 91,20%, enquanto nas pequenas redes o custo foi de 136,59%. Em 2002, a Selic média foi de 19,7%.

A rede Casas Bahia, por exemplo, oferece parcelamento em até seis vezes sem juros no caso de compras com carnês. No cartão de crédito, o parcelamento sem juros chega a 12 vezes. Os clientes que não dispõem de cartões de crédito e optam por pagamento acima de seis parcela deparam-se com taxas de juros de 3% ao mês (no ano, correspondem a 43%).

Em outra rede, o Ponto Frio, o financiamento sem juros varia entre três e sete parcelas (a depender do produto). Compras nas lojas com maior número de prestações (até o limite de 12) têm juros de 4,83% ao mês no parcelamento com cartão de crédito -representa juros anuais de 76%.

No caso das compras com cheques pré-datados, os juros disparam: para as parceladas em oito vezes (com entrada equivalente ao valor de uma prestação), a taxa de juros é de 7,38% ao mês (135% no ano). Se forem 12 prestações, os juros alcançam os 8,19% ao mês -no ano, 157%. A ciranda dos juros provoca distorções. Exemplo: um televisor cujo preço à vista é de R$ 869 pode ser parcelado sem juros em até cinco vezes. Nesse caso, seriam cinco parcelas de R$ 173,80. O mesmo aparelho, parcelado, com cheque, em 12 vezes, terá este encargo: entrada (à vista) e 11 parcelas de R$ 107,96, ficando em R$ 1.295,52.

Mas se o cliente decidir pagar em seis vezes (com juros), desembolsará mensalidades de R$ 147,48. Ou seja, R$ 884,88.

Nesse caso, valem os argumentos levantados pela Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento): se a prestação cabe no bolso, a população compra.
 

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