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06/02/2003
-
08h56
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Os bancos estrangeiros foram os que mais reajustaram suas tarifas ao longo do último ano, segundo levantamento feito pela reportagem a partir de dados do Banco Central. Se considerados os preços cobrados na prestação de cinco dos serviços mais usados na rede bancária, os aumentos promovidos pelos estrangeiros ficaram em 9,5%. Entre os bancos nacionais, as tarifas ficaram praticamente estáveis.
Mesmo assim, os bancos nacionais ainda cobram as tarifas mais caras, segundo os dados do BC. Considerando a mesma cesta de cinco serviços, a diferença em relação aos preços praticados pelos estrangeiros fica em 17%.
Periodicamente, o BC consulta as instituições financeiras a respeito das mais de 50 tarifas por elas praticadas. Para fazer a comparação, a reportagem considerou a seguinte cesta de serviços: emissão de talão de cheques de 20 folhas, emissão de DOC (ordem de pagamento), consulta de extratos em terminal eletrônico, emissão de cartão magnético e saque em bancos 24 horas.
Pelos números coletados ontem pelo BC, os bancos nacionais cobram, em média, R$ 33,96 por esses serviços. Nas instituições financeiras de capital estrangeiro, as tarifas somam R$ 29,08. Há um ano, nacionais e estrangeiros cobravam, respectivamente, R$ 34,03 e R$ 26,55.
Os saques em bancos 24 horas e a emissão de talões de cheque e de cartões magnéticos são os serviços bancários mais utilizados pelas famílias paulistanas com renda de até 20 salários mínimos, segundo metodologia utilizada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) para calcular a inflação na cidade de São Paulo.
De acordo com Alan Marinovic, da ABM Consulting, a explicação para essa diferença é cultural. "Até o Plano Real [1994], os bancos nacionais ganhavam muito dinheiro com a inflação. De lá para cá, eles precisaram buscar outras fontes de receita e recorreram ao aumento das tarifas", afirma.
Já os bancos estrangeiros _que, com algumas exceções, iniciaram suas operações no Brasil após a implantação do real_ não adotam essa política, segundo Marinovic. "Os estrangeiros conseguem grande parte de suas receitas financiando a dívida pública", diz.
Na opinião de Marinovic, são as tarifas elevadas que dão força aos bancos nacionais, que, nos últimos meses, têm adquirido bancos estrangeiros. Segundo ele, as tarifas mais altas, cobradas de uma base de clientes maior, geram mais receita às instituições nacionais.
"Para inverter essa tendência, é provável que os estrangeiros aumentem suas tarifas", diz. Ou seja, a diferença entre as tarifas praticadas por bancos nacionais e estrangeiros deve continuar diminuindo, mas apenas porque os estrangeiros devem cobrar cada vez mais caro de seus clientes.
Uma das justificativas apresentada pelo governo, logo após o Plano Real, para a abertura do sistema financeiro às empresas estrangeiras foi justamente a necessidade de aumentar a concorrência no setor, o que permitiria, entre outras coisas, uma redução nas tarifas.
Tarifa de estrangeiros sobe mais que dos bancos nacionais
NEY HAYASHI DA CRUZda Folha de S.Paulo, em Brasília
Os bancos estrangeiros foram os que mais reajustaram suas tarifas ao longo do último ano, segundo levantamento feito pela reportagem a partir de dados do Banco Central. Se considerados os preços cobrados na prestação de cinco dos serviços mais usados na rede bancária, os aumentos promovidos pelos estrangeiros ficaram em 9,5%. Entre os bancos nacionais, as tarifas ficaram praticamente estáveis.
Mesmo assim, os bancos nacionais ainda cobram as tarifas mais caras, segundo os dados do BC. Considerando a mesma cesta de cinco serviços, a diferença em relação aos preços praticados pelos estrangeiros fica em 17%.
Periodicamente, o BC consulta as instituições financeiras a respeito das mais de 50 tarifas por elas praticadas. Para fazer a comparação, a reportagem considerou a seguinte cesta de serviços: emissão de talão de cheques de 20 folhas, emissão de DOC (ordem de pagamento), consulta de extratos em terminal eletrônico, emissão de cartão magnético e saque em bancos 24 horas.
Pelos números coletados ontem pelo BC, os bancos nacionais cobram, em média, R$ 33,96 por esses serviços. Nas instituições financeiras de capital estrangeiro, as tarifas somam R$ 29,08. Há um ano, nacionais e estrangeiros cobravam, respectivamente, R$ 34,03 e R$ 26,55.
Os saques em bancos 24 horas e a emissão de talões de cheque e de cartões magnéticos são os serviços bancários mais utilizados pelas famílias paulistanas com renda de até 20 salários mínimos, segundo metodologia utilizada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) para calcular a inflação na cidade de São Paulo.
De acordo com Alan Marinovic, da ABM Consulting, a explicação para essa diferença é cultural. "Até o Plano Real [1994], os bancos nacionais ganhavam muito dinheiro com a inflação. De lá para cá, eles precisaram buscar outras fontes de receita e recorreram ao aumento das tarifas", afirma.
Já os bancos estrangeiros _que, com algumas exceções, iniciaram suas operações no Brasil após a implantação do real_ não adotam essa política, segundo Marinovic. "Os estrangeiros conseguem grande parte de suas receitas financiando a dívida pública", diz.
Na opinião de Marinovic, são as tarifas elevadas que dão força aos bancos nacionais, que, nos últimos meses, têm adquirido bancos estrangeiros. Segundo ele, as tarifas mais altas, cobradas de uma base de clientes maior, geram mais receita às instituições nacionais.
"Para inverter essa tendência, é provável que os estrangeiros aumentem suas tarifas", diz. Ou seja, a diferença entre as tarifas praticadas por bancos nacionais e estrangeiros deve continuar diminuindo, mas apenas porque os estrangeiros devem cobrar cada vez mais caro de seus clientes.
Uma das justificativas apresentada pelo governo, logo após o Plano Real, para a abertura do sistema financeiro às empresas estrangeiras foi justamente a necessidade de aumentar a concorrência no setor, o que permitiria, entre outras coisas, uma redução nas tarifas.
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