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14/02/2003 - 07h40

Depoimento de Blix pode definir futuro da economia

LUCIANA COELHO
da Folha Online

Quando o chefe de inspeção de armas da ONU (Organização das Nações Unidas), o sueco Hans Blix, se apresentar hoje ao Conselho de Segurança do organismo internacional, ele pode estar selando o futuro próximo da economia mundial.

Blix apresentará relatório com novas conclusões sobre o Iraque, país ao qual os EUA, com apoio britânico, acusam de manter armas de destruição em massa - as quais, ainda segundo o governo norte-americano, só poderiam ser destruídas com uma ação militar.

Na verdade, a simples palavra de Blix, ainda que seja condescendente com o Iraque, pouco ajudará a evitar uma guerra. Os EUA já deram a entender que agirão com ou sem o apoio da ONU, o que colocou o mercado novamente em polvorosa.

Entretanto, é em sua palavra que deve se basear a anuência _ou a oposição_ do organismo internacional a uma intervenção militar no Iraque.

França, Alemanha, Rússia e China _países, com exceção da Alemanha, com poder de veto no Conselho de Segurança_ firmaram uma aliança que consolidou sua posição contrária a guerra. Teoricamente, apenas evidências de que o Iraque constitui uma ameaça real e pretende atacar outros países mudariam essa posição.

O depoimento de Blix também pode ser decisivo no arrebatamento da opinião pública _que, fora dos EUA, segundo pesquisas, é majoritariamente desfavorável ao ataque, inclusive no Reino Unido, o mais fiel aliado ao governo de George W. Bush.

Sem apoio, os EUA podem ser levados a revisar sua estratégia de guerra _embora dificilmente devam abortá-la, considerando o contingente militar que já foi removido para a região. Mas guerrear sem apoio unânime pode implicar uma guerra mais longa, com consequências muito mais profundas para a economia mundial, considerando que o Iraque possui a segunda maior reserva de petróleo do mundo.

Uma análise feita em janeiro pelo Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais de Washington e citada no mesmo mês por Martin Wolf, articulista do jornal britânico "Financial Times", colocava em US$ 40 o preço do barril de petróleo este ano para uma guerra que demore de seis a 12 semanas (até três meses portanto) com danos limitados sobre as reservas petroleiras.

Esse cenário, que à época do estudo era considerado o intermediário, com probabilidade de 30% _contra 60% de uma guerra de até seis semanas e de 10% de um conflito que se alongue por um semestre_ torna-se o mais provável no caso de os EUA não obtenham apoio.

Atenção: o petróleo, que na época batia nos US$ 30, já superou, em cerca de um mês, os US$ 35 por barril.

O mesmo estudo indica que a guerra de até seis semanas elevaria o preço do petróleo para US$ 36, também, com uma recuperação já em 2003 - o que parece bastante improvável diante do quadro atual. Já o cenário mais negativo, de guerra de até um semestre, contempla um preço de US$ 80 para o barril de petróleo, próximo ao recorde histórico de 1979, quando o produto chegou a US$ 95.

Com as análises e prognósticos econômicos ainda bastante díspares e carecendo de fatos nos quais se basear - mais ou menos como a frágil argumentação de ambos os lados do conflito - o depoimento de Blix e, principalmente, a reação a ele, só crescem em importância.

Afinal, as dúvidas sobre qual é o cenário provável poderão ser sanadas hoje.
 

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