Publicidade
Publicidade
27/02/2003
-
08h49
O DAX (Deutsche Aktienindex), principal índice da Bolsa de Frankfurt, atingiu nos últimos dias o nível mais baixo desde meados da década de 90 e continua caindo.
A expectativa do empresariado quanto a um impulso conjuntural dentro em breve não é suficiente para compensar o receio dos investidores em relação a uma guerra no Iraque e à situação real das empresas alemãs.
Os investidores alemães mostram-se desconfiados. A euforia dos anos passados cedeu lugar a uma enorme decepção, devidamente acompanhada de prejuízos elevados.
A bolha especulativa da chamada ''new economy'' desfez-se praticamente da noite para o dia, antes mesmo que uma segunda crise - ainda mais grave - atingisse o mercado de capitais em todo o mundo, como consequência econômica dos atentados de 11 de setembro, em Nova York e Washington.
Antes que fosse possível uma recuperação das Bolsas de Valores, começaram a estourar novos escândalos, envolvendo empresas de renome internacional como a Enron, a WorldCom e, mais recentemente, a Ahold. Também na Alemanha, a situação não foi distinta. Uma série de falências, fraudes e escândalos entre as empresas do Mercado Novo - como a ComRoad ou a EM.TV, por exemplo - levaram o índice das ações do setor a níveis insustentáveis.
Reforma da Bolsa
A Deutsche Börse AG viu-se obrigada a reestruturar seu sistema: o NEMAX-50 deixará de existir dentro em breve, cedendo lugar ao novo TecDAX. O prejuízo milionário que os investidores tiveram com o Mercado Novo abalou inteiramente a confiança não apenas na ''new economy'', mas também no mercado de capitais em seu todo.
Ao que tudo indica, a reforma introduzida pela Deutsche Börse AG não será suficiente para reconquistar de imediato a confiança dos investidores. Pelo menos enquanto prevalecerem outros fatores de grande insegurança, será pequena a disposição dos alemães em aplicar o capital disponível em ações. E existem motivos de sobra para o receio de novos prejuízos.
Instabilidade política
A maior insegurança do momento é, sem dúvida, a crise do Iraque. Uma guerra no Golfo Pérsico poderá ter consequências imprevisíveis para a economia mundial. Um mau momento para fazer aplicações de risco, por maior que sejam as promessas de lucro.
Uma eventual guerra no Iraque trará consigo uma reestruturação geopolítica do mundo. E qual será a próxima crise? Talvez a da Coréia do Norte? Que empresas sairão lucrando, quais serão as perdedoras? Os investidores necessitam de estabilidade política para que possam retomar a sua confiança no mercado de capitais.
Instabilidade econômica
Além das crises políticas, existem também fatores econômicos que impedem a recuperação do mercado de ações. Em primeiro lugar está, sem dúvida, a crise conjuntural: desemprego elevado, baixo consumo, taxa de crescimento econômico em queda livre. Tudo isso, acompanhado da evidente incapacidade do setor político em implantar as reformas necessárias.
Outro fator que pressiona a Bolsa é a situação de algumas das grandes empresas que fazem parte do DAX. É o caso, por exemplo, da Deutsche Telekom. Altamente endividada em decorrência das aquisições de empresas e do alto preço pago pela concessão de licença do sistema UMTS de telefonia celular, a empresa enfrenta ainda a ameaça de um processo judicial de alta monta, sob a acusação de ter enganado os pequenos acionistas sobre a sua situação real.
Também a indústria química Bayer está ameaçada de enormes prejuízos, com indenizações milionárias aos familiares das vítimas do medicamento Lipobay. A questão tornou-se ainda mais grave nos últimos dias, com a divulgação - contestada pela empresa - de que a Bayer já sabia dos riscos do Lipobay antes mesmo de lançar o remédio no mercado. As ações da empresa despencaram, forçando ainda mais a queda do DAX.
Fiscalização estatal
Os prejuízos sofridos pelos pequenos acionistas alemães, em decorrência das fraudes e manipulações, fez com que o governo federal alemão preparasse um programa de dez pontos, com o intuito de melhorar a fiscalização das empresas que negociam ações no mercado de capitais.
Isso não é suficiente, contudo, para reconquistar os pequenos investidores. Afinal, o próprio ministro das Finanças, Hans Eichel, está sob a suspeita de ter incentivado a confiança nas ações da Deutsche Telekom, mesmo sabendo de antemão da situação precária da empresa.
Desconfiança de investidores causa crise na Bolsa de Frankfurt
da Deutsche WelleO DAX (Deutsche Aktienindex), principal índice da Bolsa de Frankfurt, atingiu nos últimos dias o nível mais baixo desde meados da década de 90 e continua caindo.
A expectativa do empresariado quanto a um impulso conjuntural dentro em breve não é suficiente para compensar o receio dos investidores em relação a uma guerra no Iraque e à situação real das empresas alemãs.
Os investidores alemães mostram-se desconfiados. A euforia dos anos passados cedeu lugar a uma enorme decepção, devidamente acompanhada de prejuízos elevados.
A bolha especulativa da chamada ''new economy'' desfez-se praticamente da noite para o dia, antes mesmo que uma segunda crise - ainda mais grave - atingisse o mercado de capitais em todo o mundo, como consequência econômica dos atentados de 11 de setembro, em Nova York e Washington.
Antes que fosse possível uma recuperação das Bolsas de Valores, começaram a estourar novos escândalos, envolvendo empresas de renome internacional como a Enron, a WorldCom e, mais recentemente, a Ahold. Também na Alemanha, a situação não foi distinta. Uma série de falências, fraudes e escândalos entre as empresas do Mercado Novo - como a ComRoad ou a EM.TV, por exemplo - levaram o índice das ações do setor a níveis insustentáveis.
Reforma da Bolsa
A Deutsche Börse AG viu-se obrigada a reestruturar seu sistema: o NEMAX-50 deixará de existir dentro em breve, cedendo lugar ao novo TecDAX. O prejuízo milionário que os investidores tiveram com o Mercado Novo abalou inteiramente a confiança não apenas na ''new economy'', mas também no mercado de capitais em seu todo.
Ao que tudo indica, a reforma introduzida pela Deutsche Börse AG não será suficiente para reconquistar de imediato a confiança dos investidores. Pelo menos enquanto prevalecerem outros fatores de grande insegurança, será pequena a disposição dos alemães em aplicar o capital disponível em ações. E existem motivos de sobra para o receio de novos prejuízos.
Instabilidade política
A maior insegurança do momento é, sem dúvida, a crise do Iraque. Uma guerra no Golfo Pérsico poderá ter consequências imprevisíveis para a economia mundial. Um mau momento para fazer aplicações de risco, por maior que sejam as promessas de lucro.
Uma eventual guerra no Iraque trará consigo uma reestruturação geopolítica do mundo. E qual será a próxima crise? Talvez a da Coréia do Norte? Que empresas sairão lucrando, quais serão as perdedoras? Os investidores necessitam de estabilidade política para que possam retomar a sua confiança no mercado de capitais.
Instabilidade econômica
Além das crises políticas, existem também fatores econômicos que impedem a recuperação do mercado de ações. Em primeiro lugar está, sem dúvida, a crise conjuntural: desemprego elevado, baixo consumo, taxa de crescimento econômico em queda livre. Tudo isso, acompanhado da evidente incapacidade do setor político em implantar as reformas necessárias.
Outro fator que pressiona a Bolsa é a situação de algumas das grandes empresas que fazem parte do DAX. É o caso, por exemplo, da Deutsche Telekom. Altamente endividada em decorrência das aquisições de empresas e do alto preço pago pela concessão de licença do sistema UMTS de telefonia celular, a empresa enfrenta ainda a ameaça de um processo judicial de alta monta, sob a acusação de ter enganado os pequenos acionistas sobre a sua situação real.
Também a indústria química Bayer está ameaçada de enormes prejuízos, com indenizações milionárias aos familiares das vítimas do medicamento Lipobay. A questão tornou-se ainda mais grave nos últimos dias, com a divulgação - contestada pela empresa - de que a Bayer já sabia dos riscos do Lipobay antes mesmo de lançar o remédio no mercado. As ações da empresa despencaram, forçando ainda mais a queda do DAX.
Fiscalização estatal
Os prejuízos sofridos pelos pequenos acionistas alemães, em decorrência das fraudes e manipulações, fez com que o governo federal alemão preparasse um programa de dez pontos, com o intuito de melhorar a fiscalização das empresas que negociam ações no mercado de capitais.
Isso não é suficiente, contudo, para reconquistar os pequenos investidores. Afinal, o próprio ministro das Finanças, Hans Eichel, está sob a suspeita de ter incentivado a confiança nas ações da Deutsche Telekom, mesmo sabendo de antemão da situação precária da empresa.
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
- Por que empresa proíbe caminhões de virar à esquerda - e economiza milhões
- Megarricos buscam refúgio na Nova Zelândia contra colapso capitalista
- Com 12 suítes e 5 bares, casa mais cara à venda nos EUA custa US$ 250 mi
- Produção industrial só cresceu no Pará em 2016, diz IBGE
+ Comentadas
- Programa vai reduzir tempo gasto para pagar impostos, diz Meirelles
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
+ EnviadasÍndice