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17/03/2003
-
10h50
da Folha de S.Paulo
Estudo feito pelos economistas Ricardo Fernandes Paixão e José Augusto da Silveira, do Provar (Programa de Varejo), da USP (Universidade de São Paulo), mostra que a oferta de serviços financeiros por varejistas está em alta nos últimos cinco anos no mundo e mais intensamente há dois anos no Brasil.
No exterior, pelo levantamento dos economistas, bancos de redes de lojas chegam a ser até uma ameaça aos bancos tradicionais, já que, além de oferecerem o financiamento ao cliente nos seus pontos-de-venda, trabalham com empréstimos, vendas de seguros e de planos de aposentadoria.
Um caso que eles citam no exterior é o da rede de eletrodomésticos mexicana Elektra, que abriu o banco Azteca, em 2002. O banco tem agências nas 749 lojas da rede e, em dois meses de operação, abriu 160 mil contas.
Outro exemplo é a rede de supermercados norte-americana Ukrop's, com 27 lojas de médio porte no Estado de Virgínia. A empresa, que trabalhava com cartão de crédito próprio, abriu um banco em 1997, que já tem US$ 900 milhões em ativos.
No Brasil, eles mencionam a C&A, rede de origem holandesa, que há três anos abriu o banco Ibi _o nome Ibi é em homenagem ao shopping Ibirapuera, onde foi aberta a primeira loja da empresa no país há duas décadas.
Oferta variada
Atualmente, a C&A, que tem 12 milhões de cartões de crédito próprio nas mãos dos clientes, também vende seguros, títulos de capitalização e ainda oferece crédito pessoal.
"O que está acontecendo no exterior e no Brasil é o seguinte: as lojas começam a oferecer serviços financeiros mais comuns _trabalham com cheques parcelados e cartões, por exemplo. Numa etapa seguinte, chegam até a abrir banco para administrar os serviços financeiros", afirma Paixão.
Demanda
Dárcio D' Agosto Filho, diretor de crédito e cobrança do banco Ibi, diz que foi esse o caminho seguido pela C&A. Segundo ele, a rede de lojas observou uma demanda grande de clientes por produtos financeiros.
"Hoje, nas nossas lojas, nós atendemos os clientes como se fôssemos uma agência de banco tradicional."
Pelo estudo dos economistas do Provar, o interesse das lojas em oferecer serviços financeiros aos clientes também se deve à proximidade delas com os consumidores. O fato de boa parte deles não terem acesso à rede bancária também ajuda.
"As lojas têm um relacionamento privilegiado com a clientela. Isso acaba possibilitando ter um perfil mais fiel do consumidor", afirma Paixão.
"Os bancos estão cada vez mais seletivos, e nós podemos exercer o papel deles na faixa de clientes de menor poder aquisitivo", afirma José Antônio Rodrigues, gerente-geral de crédito da Lojas Riachuelo. A loja já emitiu 7 milhões de cartões de crédito próprio para clientes.
Segundo ele, o número de novos clientes na Riachuelo aumenta em torno de 1 milhão de pessoas por ano. A venda por meio de cartão de crédito, afirma, representa cerca de 75% do faturamento da empresa.
"Esse é, sem dúvida, um bom filão a ser explorado pelo varejo no país", afirma. Rodrigues admite que está nos planos da rede seguir o caminho da C&A _isto é, abrir um banco.
Parceria
O Magazine Luiza, que fez uma parceria com o Unibanco para cuidar do seu crediário, está se preparando para colocar no mercado ainda neste ano o cartão de crédito Luizacred, uma estratégia para atender o consumidor de baixa renda.
Como a rede já tem 1,1 milhão de clientes atendidos pelo seu sistema de crediário, estima que, de início, terá condições de emitir esse volume de cartões.
"A tendência é essa. O varejista aproveitar melhor o relacionamento que já tem com o cliente, o que significa ampliar a oferta de serviços financeiros para torná-lo fiel à loja", afirma Arquimedes Salles, diretor da Luizacred.
Varejo também oferece serviços como empréstimo e seguro
FÁTIMA FERNANDESda Folha de S.Paulo
Estudo feito pelos economistas Ricardo Fernandes Paixão e José Augusto da Silveira, do Provar (Programa de Varejo), da USP (Universidade de São Paulo), mostra que a oferta de serviços financeiros por varejistas está em alta nos últimos cinco anos no mundo e mais intensamente há dois anos no Brasil.
No exterior, pelo levantamento dos economistas, bancos de redes de lojas chegam a ser até uma ameaça aos bancos tradicionais, já que, além de oferecerem o financiamento ao cliente nos seus pontos-de-venda, trabalham com empréstimos, vendas de seguros e de planos de aposentadoria.
Um caso que eles citam no exterior é o da rede de eletrodomésticos mexicana Elektra, que abriu o banco Azteca, em 2002. O banco tem agências nas 749 lojas da rede e, em dois meses de operação, abriu 160 mil contas.
Outro exemplo é a rede de supermercados norte-americana Ukrop's, com 27 lojas de médio porte no Estado de Virgínia. A empresa, que trabalhava com cartão de crédito próprio, abriu um banco em 1997, que já tem US$ 900 milhões em ativos.
No Brasil, eles mencionam a C&A, rede de origem holandesa, que há três anos abriu o banco Ibi _o nome Ibi é em homenagem ao shopping Ibirapuera, onde foi aberta a primeira loja da empresa no país há duas décadas.
Oferta variada
Atualmente, a C&A, que tem 12 milhões de cartões de crédito próprio nas mãos dos clientes, também vende seguros, títulos de capitalização e ainda oferece crédito pessoal.
"O que está acontecendo no exterior e no Brasil é o seguinte: as lojas começam a oferecer serviços financeiros mais comuns _trabalham com cheques parcelados e cartões, por exemplo. Numa etapa seguinte, chegam até a abrir banco para administrar os serviços financeiros", afirma Paixão.
Demanda
Dárcio D' Agosto Filho, diretor de crédito e cobrança do banco Ibi, diz que foi esse o caminho seguido pela C&A. Segundo ele, a rede de lojas observou uma demanda grande de clientes por produtos financeiros.
"Hoje, nas nossas lojas, nós atendemos os clientes como se fôssemos uma agência de banco tradicional."
Pelo estudo dos economistas do Provar, o interesse das lojas em oferecer serviços financeiros aos clientes também se deve à proximidade delas com os consumidores. O fato de boa parte deles não terem acesso à rede bancária também ajuda.
"As lojas têm um relacionamento privilegiado com a clientela. Isso acaba possibilitando ter um perfil mais fiel do consumidor", afirma Paixão.
"Os bancos estão cada vez mais seletivos, e nós podemos exercer o papel deles na faixa de clientes de menor poder aquisitivo", afirma José Antônio Rodrigues, gerente-geral de crédito da Lojas Riachuelo. A loja já emitiu 7 milhões de cartões de crédito próprio para clientes.
Segundo ele, o número de novos clientes na Riachuelo aumenta em torno de 1 milhão de pessoas por ano. A venda por meio de cartão de crédito, afirma, representa cerca de 75% do faturamento da empresa.
"Esse é, sem dúvida, um bom filão a ser explorado pelo varejo no país", afirma. Rodrigues admite que está nos planos da rede seguir o caminho da C&A _isto é, abrir um banco.
Parceria
O Magazine Luiza, que fez uma parceria com o Unibanco para cuidar do seu crediário, está se preparando para colocar no mercado ainda neste ano o cartão de crédito Luizacred, uma estratégia para atender o consumidor de baixa renda.
Como a rede já tem 1,1 milhão de clientes atendidos pelo seu sistema de crediário, estima que, de início, terá condições de emitir esse volume de cartões.
"A tendência é essa. O varejista aproveitar melhor o relacionamento que já tem com o cliente, o que significa ampliar a oferta de serviços financeiros para torná-lo fiel à loja", afirma Arquimedes Salles, diretor da Luizacred.
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