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23/03/2003
-
09h02
da Folha de S.Paulo
Foi dada a largada para o início do projeto de reconstrução do Iraque no pós-guerra. As empresas norte-americanas serão as grandes beneficiadas nesse processo. Paralelamente, ganham força as discussões sobre quem dominará a indústria de petróleo do Iraque no pós-guerra.
Contratos milionários para a recuperação de poços de petróleo, estradas, redes de infra-estrutura, administração de escolas, portos e aeroportos já começaram a ser distribuídos pela Usaid (agência dos Estados Unidos para o desenvolvimento internacional).
Até agora, a Usaid já fechou três contratos. O primeiro deles foi assinado no fim de fevereiro com o International Resources Group por US$ 7,1 milhões. O grupo norte-americano prestará consultoria aos funcionários da Usaid no Iraque depois da guerra.
Na última sexta-feira, foram assinados mais dois contratos, para a administração de aeroportos e portos iraquianos. Os nomes das empresas, que também são norte-americanas, deverão ser anunciados amanhã, em Washington.
O governo norte-americano não divulga o valor total dos contratos que serão fechados com a iniciativa privada, mas, segundo o jornal "The Wall Street Journal", a Usaid teria contratos no valor de US$ 1,5 bilhão para distribuir. A informação constaria de um documento que traça os planos para o pós-guerra ao qual o jornal teria conseguido acesso.
Outros detalhes do suposto documento indicariam que, ao contrário do que ocorre historicamente, agências da ONU e outras organizações multilaterais deverão ter papel reduzido nas atividades de reconstrução do Iraque.
Segundo Alfonso Aguilar, porta-voz da Usaid, não é verdadeira a informação de que organizações multilaterais e ONGs serão alijadas do processo. Mas ele admite que os oito importantes contratos para reconstrução ficarão com as empresas norte-americanas. A explicação: os encarregados das atividades que estão sendo licitadas precisarão lidar com informação confidencial.
O governo dos EUA já havia anunciado há duas semanas que usará um plano da Kellogg Brow & Root, do setor de infra-estrutura e energia, para controlar incêndios em campos de petróleo. A empresa é subsidiária da Halliburton Co., que foi presidida pelo vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, até 2000.
Analistas não cansam de apontar as possíveis "relações perigosas" entre o governo Bush e a indústria de petróleo norte-americana. Além de Cheney, também trabalharam para empresas do setor: o próprio presidente Bush, sua conselheira para assuntos de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, o secretário de Comércio, Donald Evans, e o secretário do Exército, Thomas White.
A pergunta que ronda o mercado agora é se essa proximidade combinada com a crescente dependência que a economia americana tem do petróleo importado influenciarão a divisão da indústria iraquiana no pós-guerra.
Para Michael Renner, pesquisados do WorldWatch Institute, um novo regime em Bagdá, sob os auspícios dos EUA, tende a abrir espaço para que as grandes multinacionais _principalmente norte-americanas e britânicas_voltem a dominar o Oriente Médio.
EUA já fecham contratos para a reconstrução do Iraque
ÉRICA FRAGAda Folha de S.Paulo
Foi dada a largada para o início do projeto de reconstrução do Iraque no pós-guerra. As empresas norte-americanas serão as grandes beneficiadas nesse processo. Paralelamente, ganham força as discussões sobre quem dominará a indústria de petróleo do Iraque no pós-guerra.
Contratos milionários para a recuperação de poços de petróleo, estradas, redes de infra-estrutura, administração de escolas, portos e aeroportos já começaram a ser distribuídos pela Usaid (agência dos Estados Unidos para o desenvolvimento internacional).
Até agora, a Usaid já fechou três contratos. O primeiro deles foi assinado no fim de fevereiro com o International Resources Group por US$ 7,1 milhões. O grupo norte-americano prestará consultoria aos funcionários da Usaid no Iraque depois da guerra.
Na última sexta-feira, foram assinados mais dois contratos, para a administração de aeroportos e portos iraquianos. Os nomes das empresas, que também são norte-americanas, deverão ser anunciados amanhã, em Washington.
O governo norte-americano não divulga o valor total dos contratos que serão fechados com a iniciativa privada, mas, segundo o jornal "The Wall Street Journal", a Usaid teria contratos no valor de US$ 1,5 bilhão para distribuir. A informação constaria de um documento que traça os planos para o pós-guerra ao qual o jornal teria conseguido acesso.
Outros detalhes do suposto documento indicariam que, ao contrário do que ocorre historicamente, agências da ONU e outras organizações multilaterais deverão ter papel reduzido nas atividades de reconstrução do Iraque.
Segundo Alfonso Aguilar, porta-voz da Usaid, não é verdadeira a informação de que organizações multilaterais e ONGs serão alijadas do processo. Mas ele admite que os oito importantes contratos para reconstrução ficarão com as empresas norte-americanas. A explicação: os encarregados das atividades que estão sendo licitadas precisarão lidar com informação confidencial.
O governo dos EUA já havia anunciado há duas semanas que usará um plano da Kellogg Brow & Root, do setor de infra-estrutura e energia, para controlar incêndios em campos de petróleo. A empresa é subsidiária da Halliburton Co., que foi presidida pelo vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, até 2000.
Analistas não cansam de apontar as possíveis "relações perigosas" entre o governo Bush e a indústria de petróleo norte-americana. Além de Cheney, também trabalharam para empresas do setor: o próprio presidente Bush, sua conselheira para assuntos de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, o secretário de Comércio, Donald Evans, e o secretário do Exército, Thomas White.
A pergunta que ronda o mercado agora é se essa proximidade combinada com a crescente dependência que a economia americana tem do petróleo importado influenciarão a divisão da indústria iraquiana no pós-guerra.
Para Michael Renner, pesquisados do WorldWatch Institute, um novo regime em Bagdá, sob os auspícios dos EUA, tende a abrir espaço para que as grandes multinacionais _principalmente norte-americanas e britânicas_voltem a dominar o Oriente Médio.
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