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30/03/2003
-
04h17
da Folha de S.Paulo, em Nova York
Apenas um ano e meio depois de espantar sua última recessão, a economia americana vê o fantasma dobrar a esquina de novo.
Pior que isso, o fantasma está mais forte desta vez, enquanto a maior economia do mundo o espera bem menos guarnecida, com problemas maiores em seus fundamentais e sob as incertezas de uma guerra. Por isso, nos EUA, a bolsa de apostas do tombo já está em funcionamento.
Enquanto a média do mercado põe hoje a probabilidade de recessão entre 10% e 20%, o banco Merrill Lynch coloca-a em 50%, "baseado em uma desagradável combinação de preços crescentes de energia e crescimento decrescente da massa salarial", segundo seu estrategista-chefe para os EUA, Richard Bernstein.
Ele não está sozinho em seu pessimismo. Para a consultoria Economy.com, a chance é de uma em três. Na última semana, a agência de classificação de risco Moody's mandou o seguinte texto a seus clientes: "Neste momento, os riscos negativos para a economia americana aparentam exceder seu maior potencial".
O banco Goldman Sachs mostrou no termômetro sua percepção: "Nosso índice de surpresas, uma média de surpresas nos principais indicadores, caiu para um recorde negativo, em nível equivalente ao do final de 2000 e início de 2001, justamente o começo da [última" recessão. Isso é importante porque ele tem sido recorrentemente um bom indicador do crescimento do PIB".
A versão on-line do "Wall Street Journal" mantém uma pesquisa mensal com 55 economistas espalhados pelos EUA. A média de suas previsões para o crescimento do PIB neste trimestre despencou desde o início do ano -de 2,7% para 2%, isso no início do mês, antes do começo da guerra.
Desde então, a tormenta só ganhou força, e a última semana foi pródiga em resultados ruins em indicadores de campos considerados termômetros importantes da atividade econômica.
O principal deles, apontam analistas, é o campo que analisa o comportamento do consumidor. "Eles sustentaram a economia nos últimos anos. Se ficarem muito preocupados com a guerra, aí poderemos ter recessão", explica Gus Faucher, economista-sênior da Economy.com.
Anteontem, a Universidade de Michigan apontou que o índice de sentimento do consumidor caiu ao nível mais baixo desde setembro de 1993. Outro número correlato, do Conference Board, mede a confiança do consumidor e também bateu seu recorde negativo de dez anos.
Há economistas que desconfiam dos dois índices, sob o argumento de "uma coisa é o que consumidor diz, outra é o que faz". Pois anteontem, para completar o ciclo de más notícias, o Departamento de Comércio divulgou que os gastos dos consumidores nos dois primeiros meses deste ano bateram o recorde negativo dos últimos 16 anos.
Não é o único índice a ir mal. "A renda real disponível caiu 0,2% em fevereiro, primeiro declínio desde junho. Isso se encaixa na tese de que os fundamentos do consumo continuam a se deteriorar", diz David Rosenberg, economista-chefe da Merrill Lynch na América do Norte.
Outro dado importante, o que mostra a venda de imóveis nos EUA, também desta semana, caiu para o nível mais baixo desde agosto de 2000, pouco antes da última recessão.
De agora em diante, apontam analistas, a guerra, caso o Exército de Saddam Hussein não continue a surpreender, poderá no máximo amenizar a situação.
Fantasma da recessão volta a rondar economia dos EUA
ROBERTO DIASda Folha de S.Paulo, em Nova York
Apenas um ano e meio depois de espantar sua última recessão, a economia americana vê o fantasma dobrar a esquina de novo.
Pior que isso, o fantasma está mais forte desta vez, enquanto a maior economia do mundo o espera bem menos guarnecida, com problemas maiores em seus fundamentais e sob as incertezas de uma guerra. Por isso, nos EUA, a bolsa de apostas do tombo já está em funcionamento.
Enquanto a média do mercado põe hoje a probabilidade de recessão entre 10% e 20%, o banco Merrill Lynch coloca-a em 50%, "baseado em uma desagradável combinação de preços crescentes de energia e crescimento decrescente da massa salarial", segundo seu estrategista-chefe para os EUA, Richard Bernstein.
Ele não está sozinho em seu pessimismo. Para a consultoria Economy.com, a chance é de uma em três. Na última semana, a agência de classificação de risco Moody's mandou o seguinte texto a seus clientes: "Neste momento, os riscos negativos para a economia americana aparentam exceder seu maior potencial".
O banco Goldman Sachs mostrou no termômetro sua percepção: "Nosso índice de surpresas, uma média de surpresas nos principais indicadores, caiu para um recorde negativo, em nível equivalente ao do final de 2000 e início de 2001, justamente o começo da [última" recessão. Isso é importante porque ele tem sido recorrentemente um bom indicador do crescimento do PIB".
A versão on-line do "Wall Street Journal" mantém uma pesquisa mensal com 55 economistas espalhados pelos EUA. A média de suas previsões para o crescimento do PIB neste trimestre despencou desde o início do ano -de 2,7% para 2%, isso no início do mês, antes do começo da guerra.
Desde então, a tormenta só ganhou força, e a última semana foi pródiga em resultados ruins em indicadores de campos considerados termômetros importantes da atividade econômica.
O principal deles, apontam analistas, é o campo que analisa o comportamento do consumidor. "Eles sustentaram a economia nos últimos anos. Se ficarem muito preocupados com a guerra, aí poderemos ter recessão", explica Gus Faucher, economista-sênior da Economy.com.
Anteontem, a Universidade de Michigan apontou que o índice de sentimento do consumidor caiu ao nível mais baixo desde setembro de 1993. Outro número correlato, do Conference Board, mede a confiança do consumidor e também bateu seu recorde negativo de dez anos.
Há economistas que desconfiam dos dois índices, sob o argumento de "uma coisa é o que consumidor diz, outra é o que faz". Pois anteontem, para completar o ciclo de más notícias, o Departamento de Comércio divulgou que os gastos dos consumidores nos dois primeiros meses deste ano bateram o recorde negativo dos últimos 16 anos.
Não é o único índice a ir mal. "A renda real disponível caiu 0,2% em fevereiro, primeiro declínio desde junho. Isso se encaixa na tese de que os fundamentos do consumo continuam a se deteriorar", diz David Rosenberg, economista-chefe da Merrill Lynch na América do Norte.
Outro dado importante, o que mostra a venda de imóveis nos EUA, também desta semana, caiu para o nível mais baixo desde agosto de 2000, pouco antes da última recessão.
De agora em diante, apontam analistas, a guerra, caso o Exército de Saddam Hussein não continue a surpreender, poderá no máximo amenizar a situação.
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