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08/10/2000 - 03h52

Indústria emergente de brinquedos desafia os gigantes

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FÁTIMA FERNANDES e ADRIANA MATTOS, da Folha de S.Paulo

O Dia da Criança, este ano, vai ser mais brasileiro. No lugar dos produtos importados, a procura maior, até agora, é pelos brinquedos nacionais. E a festa não será apenas das empresas tradicionais do setor, como Estrela, Grow, Bandeirante e Glasslite. O bolo, desta vez, terá de ser dividido com empresas emergentes, algumas não tão novas, mas ainda desconhecidas do público, que ganharam aos poucos um espaço próprio ao longo dos últimos anos.

Esse clima verde-amarelo no mercado de brinquedos teve ajuda direta e indireta do governo. Os fabricantes conseguiram, há quatro anos, a aprovação de salvaguarda para barrar a importação de brinquedos estrangeiros.

O imposto sobre os importados, que chegou a 70% há quatro anos, deveria ter caído para 20% em 2000, mas se manteve em 37%.

É que, no final do ano passado, o setor conseguiu estender a barreira contra os importados por mais quatro anos. Em 2000, portanto, o imposto fica em 37%. Em 2001, cairá para 33%, até chegar em 31% em 2003 _desde, claro, que não se renovem as pressões dos fabricantes sobre o governo, o que é pouco provável.

Ao mesmo tempo, os fabricantes nacionais se beneficiaram indiretamente da desvalorização do real, em 99, que tornou os concorrentes importados mais caros, mesmo antes dos impostos.

Resultado: o faturamento das indústrias não pára de crescer. Deve chegar a R$ 900 milhões este ano, 8% a mais do que em 1999 e 19% superior ao registrado em 96.

Apesar da colher de chá do aumento do Imposto de Importação para inibir a concorrência, algumas empresas ainda estão em situação financeira delicada. As razões, segundo os próprios fabricantes, são má gestão familiar e erros estratégicos, como lançamentos que não emplacaram. Um caso citado pelos lojistas é a linha de produtos inspirados na dançarina Carla Perez, da Grow, que encalhou nas prateleiras.

A impossibilidade de repassar os aumentos das matérias-primas para o mercado, que não quer nem ouvir falar em elevação de preços, também pressionou as margens de lucro das empresas nos últimos anos.

É nesse cenário que se tem discutido a unificação da produção de algumas empresas do setor, na tentativa de criar empresas mais saudáveis, mantendo as marcas mais fortes. Mas, até agora, nenhum novo grupo foi
formado.

Enquanto as grandes não se unem, concorrentes de porte médio avançam sobre o mercado sem piedade. A Jesmar, de origem espanhola, especializada em bonecas, entrou no Brasil em 97 para concorrer especialmente com a Estrela e a Baby Brink. Já comemora o crescimento de 35% nas vendas para o Dia da Criança, na comparação com 99.

A sua linha de produtos mais conhecida é a Cocolin. Por enquanto, a Jesmar opera num terreno alugado em Poá (SP), mas quer construir uma fábrica num terreno próprio para crescer 20% a 30% ao ano. A expectativa é faturar R$ 15 milhões neste ano.

Outra marca considerada emergente é a Toyster, há 12 anos no mercado. Ela irá produzir 2 milhões de unidades neste ano, 25% a mais do que em 99. A empresa já é a líder no mercado de quebra-cabeças infantis, posição ocupada no passado pela Grow.

"Só para o Dia da Criança, entregamos, em 20 dias, mais de 100 mil unidades de quebra-cabeças do Digimon", diz Eduardo Panela, diretor comercial da Toyster.

O varejo já recebeu as encomendas e está abastecido. É pequeno o risco de falta de produtos, mesmo nas compras de última hora, até porque os estoques estão lotados, inclusive das marcas emergentes.

"Novas empresas estão crescendo em razão da ineficiência das
tradicionais", afirma Carlos Cimerman, diretor comercial da PB Kids, rede com 27 lojas.

A cadeia reduziu em 50% a oferta de importados na sua rede em relação ao ano passado. "Ficou complicado trabalhar com importados. Fabricantes emergentes de brinquedos estão sabendo aproveitar esse espaço."

A Toy Power, há cinco anos no segmento, entrou para disputar a venda de um dos produtos mais cobiçados atualmente pelas crianças, a patinete. Já a Cotiplas, dizem os lojistas, ganha espaço no mercado de bonecas; a Braskit, no de piscinas de bolinhas; e a Xalingo, no de triciclos e playground.

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