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13/05/2003 - 07h51

Lula está "surfando" no dólar, diz Conceição Tavares

GUSTAVO PATÚ
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está "surfando no câmbio", afirmou ontem a economista Maria da Conceição Tavares em palestra na qual tornou pública a extensão de suas divergências com a política econômica e dirigiu críticas ao primeiríssimo escalão do governo.

Na imagem utilizada por Conceição, uma das principais referências do PT, Lula se aproveita da onda de benefícios imediatos trazidos pela queda do dólar _controle da inflação, redução do déficit público, maior capacidade de importar bens e honrar compromissos externos.

Conceição se diz "na praia", em companhia de um grupo de críticos amplo a ponto de incluir o presidente do PDT, Leonel Brizola, os "radicais livres [a esquerda do PT]", um banqueiro como Fernão Bracher e o economista John Williamson, criador da expressão "Consenso de Washington".

Em um seminário promovido na Câmara por dois partidos governistas, o PSB e o PC do B, ela abandonou o que restava da discrição adotada a partir da eleição de Lula e deixou explícito que sua tolerância com a opção ortodoxa da Fazenda chegou ao fim. "Eu mesma disse ao ministro Palocci que os três primeiros meses seriam ferro na boneca, que poderíamos ser mais duros que o Malan. Mas três meses, viu Palocci? Senão o pau canta, e vai cantar", disse.

"O pau" não ficou apenas no câmbio. Entre cigarros e palavrões, Conceição atacou os juros altos, a proposta de autonomia do Banco Central, as metas fiscais, a focalização de programas sociais e a reforma da Previdência, que chamou de "reforma do medo".

"Qual é o meu medo? De que, com esse sucesso, eles se embebedem e passem a achar que é por aí." O sucesso em questão, que a economista elogiou fartamente, foi o da estratégia para desarmar a desconfiança do mercado. Mas feito isso "chega".

"Está na hora da agenda com a qual nos elegemos."

A agenda deve substituir o "monetarismo vulgar", praticado por combinação historicamente comum no Brasil: "Um secretário do Tesouro que usa a tesoura e um presidente do BC que é do partido do juro alto".
 

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