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03/06/2003
-
03h50
da Folha de S.Paulo, em Evian
Os líderes do G8 (grupo dos sete países mais ricos, mais a Rússia) manifestaram confiança na recuperação da economia mundial, ontem. Mas a preocupação com a valorização do dólar diante do euro também transpareceu.
O chanceler alemão, Gerhard Schröder, chegou a ser veemente ao pedir que o Banco Central Europeu (BCE) corte os juros na reunião da próxima quinta-feira. "Com todo o devido respeito pela independência do BCE, deixamos claro que ainda há espaço para estimular o crescimento", disse.
Um corte de juros poderia conter a valorização do euro e ainda dar impulso à economia alemã, ameaçada pela recessão.
As economias do G8 (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá, além da Rússia, convidada por sua importância geopolítica) representam dois terços da renda mundial.
O presidente Jacques Chirac (França), em entrevista no fim do dia, disse que "houve convergência nas análises de que estão reunidas todas as condições para a retomada do crescimento".
Apesar do otimismo, a própria França mostrou preocupação com a relação entre dólar e euro. A porta-voz de Chirac, Catherine Colonna, disse que os líderes consideravam a estabilidade cambial "um elemento muito importante para o crescimento".
Durante as conversas, Bush disse que estava comprometido com um dólar forte, mas minimizou a sua influência sobre o câmbio. Sugeriu que as taxas de juros eram determinantes para a decisão dos investidores de aplicar em uma ou outra moeda. "Os EUA apóiam um dólar forte. Por isso é importante garantir políticas que acelerem o crescimento nos Estados Unidos", disse o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer.
O euro já subiu 28% nos últimos 12 meses. Ontem, no entanto, o dólar recuperou terreno, porque operadores do mercado começam a acreditar em um corte de juros do BCE. Mas, em Evian, não teria havido discussão sobre intervenção no câmbio.
A valorização do euro está abalando a competitividade das exportações da zona do euro, especialmente da Alemanha, a terceira economia do planeta. O país registra recordes de desemprego, dois trimestres seguidos de estagnação do PIB e inflação baixa, beirando a deflação.
Além disso, dois dados divulgados ontem apontam para uma possível exacerbação da desaceleração econômica na zona do euro.
Pesquisa Reuters/NTC que sonda os pedidos feitos à indústria registrou contração, no mês passado, ainda maior que a apurada em abril. O Índice dos Gerentes de Compra, que foi de 47,8 em abril, chegou a 46,8 em maio, o pior nível em 16 meses. Resultados abaixo de 50 indicam contração.
Outro número que pode indicar fraqueza da atividade econômica divulgado ontem foi a queda da inflação na zona do euro. Em termos anualizados, a taxa caiu de 2,1%, em abril, para 1,9% em maio
A diretoria do BCE tem resistido às pressões por cortes de juros. Um de seus principais argumentos era, justamente, o de que a inflação média dos países da zona do euro estava acima ou próxima da sua meta anual de 2%.
No mês passado, o BCE flexibilizou a definição de sua meta inflacionária, dizendo que a taxa deveria ficar próxima de 2%, e não abaixo disso. A mudança foi vista como um prenúncio de que, no encontro de depois de amanhã, a autoridade monetária irá, enfim, diminuir os juros básicos.
Câmbio instável preocupa os países ricos
MARIA LUIZA ABBOTTda Folha de S.Paulo, em Evian
Os líderes do G8 (grupo dos sete países mais ricos, mais a Rússia) manifestaram confiança na recuperação da economia mundial, ontem. Mas a preocupação com a valorização do dólar diante do euro também transpareceu.
O chanceler alemão, Gerhard Schröder, chegou a ser veemente ao pedir que o Banco Central Europeu (BCE) corte os juros na reunião da próxima quinta-feira. "Com todo o devido respeito pela independência do BCE, deixamos claro que ainda há espaço para estimular o crescimento", disse.
Um corte de juros poderia conter a valorização do euro e ainda dar impulso à economia alemã, ameaçada pela recessão.
As economias do G8 (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá, além da Rússia, convidada por sua importância geopolítica) representam dois terços da renda mundial.
O presidente Jacques Chirac (França), em entrevista no fim do dia, disse que "houve convergência nas análises de que estão reunidas todas as condições para a retomada do crescimento".
Apesar do otimismo, a própria França mostrou preocupação com a relação entre dólar e euro. A porta-voz de Chirac, Catherine Colonna, disse que os líderes consideravam a estabilidade cambial "um elemento muito importante para o crescimento".
Durante as conversas, Bush disse que estava comprometido com um dólar forte, mas minimizou a sua influência sobre o câmbio. Sugeriu que as taxas de juros eram determinantes para a decisão dos investidores de aplicar em uma ou outra moeda. "Os EUA apóiam um dólar forte. Por isso é importante garantir políticas que acelerem o crescimento nos Estados Unidos", disse o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer.
O euro já subiu 28% nos últimos 12 meses. Ontem, no entanto, o dólar recuperou terreno, porque operadores do mercado começam a acreditar em um corte de juros do BCE. Mas, em Evian, não teria havido discussão sobre intervenção no câmbio.
A valorização do euro está abalando a competitividade das exportações da zona do euro, especialmente da Alemanha, a terceira economia do planeta. O país registra recordes de desemprego, dois trimestres seguidos de estagnação do PIB e inflação baixa, beirando a deflação.
Além disso, dois dados divulgados ontem apontam para uma possível exacerbação da desaceleração econômica na zona do euro.
Pesquisa Reuters/NTC que sonda os pedidos feitos à indústria registrou contração, no mês passado, ainda maior que a apurada em abril. O Índice dos Gerentes de Compra, que foi de 47,8 em abril, chegou a 46,8 em maio, o pior nível em 16 meses. Resultados abaixo de 50 indicam contração.
Outro número que pode indicar fraqueza da atividade econômica divulgado ontem foi a queda da inflação na zona do euro. Em termos anualizados, a taxa caiu de 2,1%, em abril, para 1,9% em maio
A diretoria do BCE tem resistido às pressões por cortes de juros. Um de seus principais argumentos era, justamente, o de que a inflação média dos países da zona do euro estava acima ou próxima da sua meta anual de 2%.
No mês passado, o BCE flexibilizou a definição de sua meta inflacionária, dizendo que a taxa deveria ficar próxima de 2%, e não abaixo disso. A mudança foi vista como um prenúncio de que, no encontro de depois de amanhã, a autoridade monetária irá, enfim, diminuir os juros básicos.
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