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16/06/2003 - 10h08

"Rei do algodão" cultiva coleção de aviões em Goiás

da Folha de S.Paulo, em Rio Verde

Nem bota nem chapéu. Com gosto por jóias de ouro e com uma coleção de aviões no hangar da fazenda em Acreúna (GO) _são sete ao todo_, o agricultor Wander Carlos de Souza, 49, que tem orgulho em se declarar o maior produtor individual de algodão do mundo, encarna o universo empresarial da agricultura brasileira.

Os 24 anos dedicados à agricultura lhe proporcionaram um padrão de vida impressionante. Esse patrimônio se traduz no acúmulo de 12 mil hectares de terras com algodão em Goiás _o valor é quase o triplo da área plantada em Rio Verde_ e 8.000 hectares de soja espalhados por diversos municípios da região.

O perfil do produtor goiano não difere dos de seus colegas da região no que se refere ao desinteresse por badalações e por viagens para o exterior. Mas as semelhanças param aí.

Enquanto os demais produtores ainda se intimidam com a recente notoriedade provocada pelo afluxo de "agrodólares" na região, Souza fica bastante à vontade para contar sua história.

Souza também não se mostra tímido para enumerar a sua coleção de aviões. Quatro aviões para a pulverização (estimados em US$ 200 mil cada um) e outras três aeronaves para passeio, com preços que variam de US$ 300 mil a US$ 1 milhão. "Ainda não descobri o que eu gosto na vida. Só de trabalhar. E de avião", explica.

Novo mimo

Com o impulso dos negócios do algodão e da soja em 2002 _no Brasil, o complexo soja exportou US$ 6,09 bilhões_, o agricultor se permitiu mais um mimo. Em abril deste ano, comprou um jatinho Citation Mustang, da Cessna, com cinco lugares. Valor de mercado: US$ 2,25 milhões.

Oriundo de uma família de agricultores, a trajetória profissional de Souza corre paralelamente ao desenvolvimento do sudoeste de Goiás.
Em 1974, quando a região ainda era praticamente inabitada, ele plantou a sua primeira lavoura de dez hectares de arroz em parceria com o seu pai. "Nunca penso pequeno. Não me conformei com dez hectares e logo procurei mais terras para arrendar", diz.

O agricultor também não é modesto em afirmar que em todas as culturas nas quais trabalhou sempre acabou por exercer a liderança da produção. "Em pouco tempo me tornei o maior produtor da região de arroz", diz.

Prosperidade

Em seguida, vieram os cultivos de soja e de milho, que ainda hoje mantém. Mas foi o algodão que, a partir de 1989, lhe assegurou a impressionante prosperidade. No começo, a área total era de 250 hectares.

Hoje, a produção individual de Souza está estimada em 4% da produção nacional, de 2,2 milhões de toneladas.

Ao optar pelo algodão, o produtor foi na contramão dos negócios da região. Souza conta que, na ocasião, os produtores de Santa Helena de Goiás _região goiana tradicional na cotonicultura_ estavam desestimulados e muitos abandonaram a cultura. "Apostar no algodão [naquela época] foi meu grande acerto."

Atualmente, quase toda a sua produção é destinada para a Coteminas, empresa do vice-presidente José Alencar. Essa relação com o novo poder instalado em Brasília é cultivada pelo produtor. A foto do agricultor posando ao lado do vice-presidente fica na entrada do seu gabinete.

O empresário também espera receber, em breve, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sua fazenda em Acreúna.

Prefeito reeleito

Além de ser o "rei do algodão", Souza acumula o segundo mandato consecutivo de prefeito de Acreúna (153 km de Goiânia) pelo PMDB.

A atual fase de prosperidade do agronegócio brasileiro também deu mais um "empurrãozinho" para o produtor. Há um ano, Souza adquiriu terras no Estado vizinho de Mato Grosso. "O sudoeste já está pequeno para as minhas ambições", avalia.

O produtor comprou recentemente 30 mil hectares no Estado. "Isso já é toda a área que eu cultivei ao longo da minha vida inteira. Minha meta ambiciosa: nos próximos dois anos eu quero estar com 50 mil hectares de área implantada lá." Quem duvida?
 

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