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05/08/2003
-
08h13
da Folha de S. Paulo
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse que o Brasil não terá "autoridade ética" para reivindicar o fim de subsídios à produção de açúcar em outras regiões fora do Mercosul enquanto seu principal parceiro, a Argentina, mantiver política de protecionismo a seus produtores.
"Essa questão do açúcar é estressante", disse o ministro depois de participar de debate na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) sobre as negociações comerciais. "As negociações são para encontrar mecanismos que permitam a eles [a Argentina] não terem prejudicados seus produtores, mas que possibilitem ao Brasil buscar a abertura de outros mercados", completou.
Segundo o ministro, o maior interesse não é a abertura do mercado argentino ao açúcar brasileiro, embora, admita, isso possa ocorrer. Mas conseguir novo instrumento de pressão em negociações, seja com os EUA seja com a União Européia ou países protecionistas, como o Japão.
No início do ano, o Congresso argentino decidiu prorrogar por cinco anos a alíquota de 18% à importação do produto. A conduta tem um fim político-econômico: proteger o setor açucareiro local, que enfrenta dificuldades desde a abertura da economia, em 1991. Com um agravante: a maioria das usinas está localizada nas Províncias de Tucumán, Jujuy e Salta, no Norte argentino, região mais pobre do país.
É essa a premissa que o ministro usa para afirmar que não há como pedir queda de barreiras tarifárias de outros países ou blocos às exportações de açúcar brasileiro se um dos membros do Mercosul também pratica protecionismo.
A Argentina produz 15 milhões de toneladas de açúcar por ano, enquanto a produção brasileira chega a 300 milhões de toneladas. O Brasil é o maior exportador mundial do açúcar: em 2001, por exemplo, vendeu 11 milhões de toneladas contra 4,2 milhões da UE (União Européia), o segundo.
Uma das alternativas propostas pelo governo brasileiro seria financiar a instalação de usinas de álcool em território argentino e transferir ao parceiro a tecnologia de produção. Em troca, pediria ao vizinho que derrogue as restrições às importações.
O aumento da produção argentina de álcool combustível (direcionada para o Brasil) serviria para resolver o problema de abastecimento no mercado brasileiro.
Fora o próprio Rodrigues quem apresentou as propostas para seu parceiro argentino, Miguel Campos, em uma reunião do Conselho Agropecuário do Mercosul, dois meses atrás.
Para ministro, sobretaxa argentina ao açúcar tira "autoridade ética" do Brasil
JOSÉ ALAN DIASda Folha de S. Paulo
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse que o Brasil não terá "autoridade ética" para reivindicar o fim de subsídios à produção de açúcar em outras regiões fora do Mercosul enquanto seu principal parceiro, a Argentina, mantiver política de protecionismo a seus produtores.
"Essa questão do açúcar é estressante", disse o ministro depois de participar de debate na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) sobre as negociações comerciais. "As negociações são para encontrar mecanismos que permitam a eles [a Argentina] não terem prejudicados seus produtores, mas que possibilitem ao Brasil buscar a abertura de outros mercados", completou.
Segundo o ministro, o maior interesse não é a abertura do mercado argentino ao açúcar brasileiro, embora, admita, isso possa ocorrer. Mas conseguir novo instrumento de pressão em negociações, seja com os EUA seja com a União Européia ou países protecionistas, como o Japão.
No início do ano, o Congresso argentino decidiu prorrogar por cinco anos a alíquota de 18% à importação do produto. A conduta tem um fim político-econômico: proteger o setor açucareiro local, que enfrenta dificuldades desde a abertura da economia, em 1991. Com um agravante: a maioria das usinas está localizada nas Províncias de Tucumán, Jujuy e Salta, no Norte argentino, região mais pobre do país.
É essa a premissa que o ministro usa para afirmar que não há como pedir queda de barreiras tarifárias de outros países ou blocos às exportações de açúcar brasileiro se um dos membros do Mercosul também pratica protecionismo.
A Argentina produz 15 milhões de toneladas de açúcar por ano, enquanto a produção brasileira chega a 300 milhões de toneladas. O Brasil é o maior exportador mundial do açúcar: em 2001, por exemplo, vendeu 11 milhões de toneladas contra 4,2 milhões da UE (União Européia), o segundo.
Uma das alternativas propostas pelo governo brasileiro seria financiar a instalação de usinas de álcool em território argentino e transferir ao parceiro a tecnologia de produção. Em troca, pediria ao vizinho que derrogue as restrições às importações.
O aumento da produção argentina de álcool combustível (direcionada para o Brasil) serviria para resolver o problema de abastecimento no mercado brasileiro.
Fora o próprio Rodrigues quem apresentou as propostas para seu parceiro argentino, Miguel Campos, em uma reunião do Conselho Agropecuário do Mercosul, dois meses atrás.
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