Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
20/08/2003 - 20h25

Veja perfil de Caio de Alcântara Machado, que morreu nesta quarta

Publicidade
da Folha de S.Paulo

Criador de eventos como a Fenit, o Salão do Automóvel e a UD, construtor do parque Anhembi (SP), complexo de exposições de 50 hectares, ora em fase de expansão, Caio de Alcantara Machado foi o pioneiro das feiras comerciais no Brasil.

Nascido em São Paulo no dia 30 de abril de 1926, graduou-se em direito pela USP. Sua carreira profissional, porém, começou bem antes do ingresso na faculdade, quando, aos 14 anos, foi trabalhar no cartório de protestos do pai, o deputado Brasílio Machado Neto.

Homem de marketing e de vendas, publicitário, foi o empreendedor incansável e bem-humorado, que ganhou títulos como a Legião de Honra da França, recebida em 1976, e os prêmios publicitários Clio Awards, em 1978 e 1979.

Assumiu, em 1962, a presidência da Folha, por três meses, quando os empresários Octavio Frias de Oliveira, Carlos Caldeira Filho, Flávio Noschese e Quirino Ferreira Neto adquiriram o jornal do grupo integrado, entre outros, por José Nabantino Ramos e Clóvis Medeiros de Queiroga.

Trajetória

Foi como pioneiro no setor de exposições e de eventos que Caio de Alcantara Machado inscreveu seu nome no universo dos grandes empreendedores brasileiros.

Muito jovem, em 1947, foi levado pelo então ministro da Fazenda Gastão Vidigal, que era amigo de seu pai, para trabalhar no FMI (Fundo Monetário Internacional), vivendo um ano nos EUA.

Lá, tomou contato com o sucesso das grandes lojas de departamento nos anos do pós-Segunda Guerra (1939/45) _e vislumbrou a oportunidade de aplicar novas técnicas gerenciais e de marketing nas lojas Assumpção, que pertenciam à família de sua mãe, Luiza Assumpção Machado, e que chegaram a ter 35 endereços. Outra providência que tomou foi instalar televisores na loja-sede da rede _a TV recém-chegava ao Brasil, e os televisores, raros e caros, atraíam a freguesia.

Em 1954, fundou, com o irmão José, a Alcantara Machado Publicidade, "a primeira agência 100% brasileira", num tempo em que a publicidade era dominada por multinacionais, mas se afastou da empresa em 1956.

O sucesso veio dois anos depois, quando organizou o seu primeiro evento, a Fenit (Feira Nacional da Indústria Têxtil). Criada em 1958, a primeira Fenit foi aberta pelo então presidente Juscelino Kubistchek, ao lado do governador Jânio Quadros e do marechal Henrique Teixeira Lott _e, a despeito do interesse que suscitou, deu prejuízo. "Vai dar jacaré!", dizia, em alusão ao jogo do bicho.

Apesar do resultado contábil negativo dos primeiros eventos, Alcantara Machado não perdeu o jeito brincalhão _e acreditou no futuro do setor (virando, ironicamente, colecionador compulsivo de imagens do réptil).

"A história das feiras começou em 1957, quando um amigo meu de Nova York, o Charles Snitow, me deu a idéia de fazer eventos no Brasil. Mas o fato é que perdi dinheiro com a Fenit até a sétima edição", disse ele, em entrevista à Folha, em meados de 2002.

Depois da Fenit, Caio de Alcantara Machado _cuja empresa organizou, ao todo, mais de 600 feiras_ lançou, nos anos seguintes, a Feira Mecânica Nacional, a UD (Feira de Utilidades Domésticas), o Salão do Automóvel e o Salão da Criança, entre outros eventos.

Em 1966, por ocasião do 5º Salão do Automóvel, um jantar em sua homenagem reuniu 1.078 pessoas. Foi então saudado pelo prefeito de São Paulo, Faria Lima: "Minha missão é reiterar minha admiração pelo trabalho de Caio, cujo esforço interpreta a capacidade criadora de São Paulo".

Entre 1958 e 1970, ano em que as feiras passaram a ser realizadas no Anhembi, a Alcantara Machado Feiras e Promoções fez mais de 80 eventos no Pavilhão do Ibirapuera. A mudança dos eventos para o Palácio de Exposições do Anhembi, no entanto, não foi tarefa fácil. Quatro vezes maior do que o local de eventos do Ibirapuera, o Anhembi acumulou prejuízos e foi transformado numa autarquia da Prefeitura, em 1975.

O empresário presidiu também o Instituto Brasileiro do Café (IBC) no biênio 1968/1969. Adotou, então, uma agressiva política de vendas _e o país bateu o recorde nacional de exportação de café (na sua gestão, 19 milhões de sacas foram vendidas ao exterior).

Em 1972, foi agraciado com a medalha da Ordem do Rio Branco e realizou,também no Anhembi, a Brasil-Export 72.

Um ano depois, determinado a aumentar a presença do Brasil no mercado internacional, montou a Brasil-Export 73, em Bruxelas (Bélgica), evento que gerou negócios da ordem de US$ 300 milhões. Ainda em 1973, com Lee Iacocca, então presidente mundial da Ford, foi eleito homem do ano pela Câmara Brasileiro-Americana de Comércio.

Caio Francisco de Alcantara Machado era casado com Maria Cecília de Alcantara Machado, com quem teve quatro filhos: Caio Júnior, Maria Cristina, Eduardo e Luiz Augusto. Deixa também a filha Ana Tereza.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página