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25/08/2003 - 07h36

Comércio maior é chave para crescimento, dizem analistas

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MARIA CRISTINA FRIAS
da Folha de S.Paulo

"O que gera crescimento é aumento de comércio, e não aumento do saldo comercial."

A afirmação do ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore foi lembrada por diversos economistas em palestras durante evento promovido pela BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros), em Campos do Jordão (SP), na semana passada.

Para economistas presentes, o Brasil precisa fazer outra abertura para crescer.

Segundo Pastore, há quem pense no Brasil que exportar é bom e importar é ruim.

Os casos da Embraer e da Nokia foram citados por Pastore, José Alexandre Scheinkman, professor da Universidade Princeton (EUA), e Márcio Garcia, da PUC-RJ, em suas palestras.

Os economistas observaram que as duas companhias, que não fabricam todos os componentes de seus produtos, exportam muito, mas também importam muito. Ambas têm vantagem comparativa e geram crescimento ao criarem valor adicionado.

Se a Embraer fosse obrigada a fabricar motor no Brasil para ter saldo comercial, haveria perda de crescimento econômico, com a queda da competitividade e o corte de empregos, afirmou Pastore.

"Se a Nokia produzisse tudo na Finlândia, seria a maior da Finlândia. Ao fazer a produção no mundo, é a maior produtora mundial de celulares", disseram.

Para esses economistas, lubrificam-se exportações, eliminando barreiras. Proteger as importações equivaleria a um imposto sobre as exportações.
Ninguém ganha vantagem comparativa com subsídio a setores, segundo Scheinkman.

"Quem ganhou vantagem comparativa em telefonia não foi o setor no país, mas a Nokia."

Embora pessimista em relação à Europa, aos EUA e ao Japão, Scheinkman disse que o Brasil tem que ser não apenas agressivo como sofisticado nas negociações internacionais. Deu o exemplo da "sofisticação dos mexicanos."

"Eles entenderam que as negociações não eram entre o México e os EUA, mas entre interesses. A fábrica de geladeiras nos EUA que tem que comprar esse aço mais caro é nossa aliada natural para baixar tarifa sobre o aço."

No curto prazo, segundo Márcio Garcia, seria preciso aumentar a "'exportabilidade', com a desoneração fiscal e a ampliação da liberdade comercial para haver maior competitividade".

Câmbio

Albert Fishlow, da Universidade Columbia (EUA), e Eduardo Giannetti da Fonseca, professor do Ibmec, discordam de uma intervenção mais contundente do governo no câmbio.

"Houve um aumento de cerca de 35%. Os importadores tiveram dificuldade para pagar suas obrigações e as importações caíram muito. Mas o câmbio está regressando. Eu o vejo em torno de R$ 3,20", disse Fishlow.

Ele observou a queda da volatilidade cambial em relação a 2002. "Isso se deve à redução do risco Brasil. Então, não fico muito preocupado com o câmbio."

Para Giannetti, "o país precisa de um câmbio competitivo com o qual se possa trabalhar num prazo mais longo. Só há apostadores contra o real e ninguém disposto a correr o risco de apostar em sua valorização. Num regime de câmbio flutuante, há que existir apostas dos dois lados", afirmou.

"O simples fato de o câmbio ser flutuante e ter volatilidade não é necessariamente uma inibição ao exportador. O problema é exatamente a falta de apostas", concordou Scheinkman.
 

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