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26/08/2003 - 12h29

Ferrovias da Funcef e Previ devem para União e BNDES

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CINDY CORRÊA
da Folha Online

Enquanto o governo pede ajuda dos fundos de pensão para investir em infra-estrutura, a Ferroban e a Novoeste acumulam dívidas com a União e com o BNDES. As duas ferrovias já deixaram de realizar o pagamento periódico para a União de valores relativos a concessão das malhas ferroviárias.

As duas ferrovias fazem parte da Brasil Ferrovias junto com a Ferronorte, todas controladas pela a Funcef (fundo de pensão da Caixa Econômica Federal), que detém 22% e a Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), com 26%.

O presidente da Funcef, Guilherme Lacerda, explicou que o BNDES é um dos maiores credores da Brasil Ferrovias e o objetivo é negociar com o banco estatal novos prazos. "No ano passado o BNDES liberou um recurso para a Ferronorte, mas esse dinheiro foi usado para pagar juros", disse Lacerda.
Mesmo com o investimento na Brasil Ferrovias ainda não trazendo retorno, pelo contrário, acumulando prejuízo, Lacerda não descarta totalmente novos investimentos em infra-estrutura.

O executivo afirma que o investimento dos fundos de pensão na melhoria do setor de infra-estrutura como o governo pede dependerá de uma regulamentação clara assim com informações sobre a empreitada. "A participação dos fundos depende de uma clareza das perspectiva das empresas e uma definição forte da problemática do setor", disse o executivo.

Com relação a Brasil Ferrovias, Lacerda reconhece que a empresa está em uma "situação financeira muito delicada". O executivo comanda o conselho administrativo da empresa que soma prejuízo de mais de R$ 348 milhões no ano passado e outros R$ 61,5 milhões no primeiro trimestre do ano. Em 2001 as perdas do grupo somaram R$ 240,8 milhões.

O maior desafio, segundo o executivo é buscar uma solução para a restrição de capital que o grupo enfrenta. A Brasil Ferrovias enfrenta problemas para conseguir investir e melhorar a situação do conjunto ferroviário. Com a malha envelhecida, a companhia não consegue ampliar capacidade e atrair novas cargas.

Lacerda reconhece que houve problema de gestão, mas também culpa o processo de privatização e a falta de uma regulamentação no setor como co-responsáveis pela situação atual da Brasil Ferrovias.

Para tentar reverter a situação atual, o conselho administrativo decidiu substituir o presidente do grupo e colocou Elias Nigri no lugar de Nelson Bastos no cargo desde 2000. "O conselho administrativo concluiu que chegou o momento de fazer uma revisão na administração", disse o executivo.

Para conseguir recursos para melhorar a operação, a empresa pretende buscar recursos com clientes e bancos. Segundo o executivo, as empresas produtoras de grãos e consumidores de fertilizantes estão disposta a ampliar a parceria com a Brasil Ferrovia, isto é devem comprar vagões e locomotivas para o grupo.

Além disso, a companhia já está negociando com os bancos a emissão de R$ 130 milhões em debêntures. Com esse recurso a empresa espera acertar parte das dívidas e negociar prazo para o restante.

Entre os problemas de regulamentação que o executivo considera ser um problema para a empresa está o acesso do porto de Santos, controlado pela MRS. A disputa entre as duas empresas com relação à esse trecho e o valor pago para trafegar por esses 12 quilômetros é um problema antigo. A MRS diz seguir a regulamentação enquanto a Brasil Ferrovia considera o valor muito caro.

Lacerda afirma que uma empresa especializada indica que o conjunto possui um grande potencial de carga, incluindo ampliação do atendimento de grão da agroindústria do Centro-Oeste, cargas para Santos, como açúcar, combustível e fertilizante. "Existe um potencial muito grande, pois as três ferrovias estão na região com concentração da economia do país", disse o executivo.
 

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