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08/06/2000
-
21h13
da Folha de S. Paulo
no Rio de Janeiro
A denúncia do caso Marka feita pelo Ministério Público Federal à Justiça Federal traz como testemunha-chave do caso Regina Lúcia de Bittencourt Sampaio, ex-namorada de Luiz Augusto Bragança, preso desde quarta-feira.
Em depoimento à Polícia Federal, Regina disse que Bragança apresentou sinais de enriquecimento logo após a operação de socorro ao Banco Marka pelo BC. Bragança foi consultor do banqueiro Salvatore Cacciola e é compadre do ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes.
Ao prestar depoimento, Regina disse que se sentiu ameaçada e constrangida por Bragança porque este tentou forçá-la a aceitar um advogado indicado por ele e instruí-la sobre o teor do que deveria dizer ao depor.
Esse foi o principal motivo para a aceitação pelo juiz Abel Fernandes Gomes, da 6ª Vara Federal do Rio, do pedido de prisão preventiva do empresário, feito pelos procuradores responsáveis pela denúncia contra os envolvidos no caso Marka.
No depoimento à Polícia Federal, Regina disse que já tinha sido agredida fisicamente por Bragança no dia 13 de abril de 1999, em Paris, quando ela decidiu romper o namoro entre os dois, descontente e desconfiada do comportamento do então namorado.
Regina contou detalhes do suposto enriquecimento de Bragança, iniciado já no ano de 1998, em meio à crise no país e no mundo provocada pela quebra da economia da Rússia. Ela citou textos de faxes que teria recebido do empresário em meio a uma viagem na qual ela foi sozinha à Itália.
"Estou ficando rico, ou pelo menos bem encaminhado", diz um trecho de um dos faxes que ela teria recebido na Itália entre os dias 22 e 25 de agosto de 1998.
"Nada na vida é gratuito. Perdi a viagem com você, em compensação, estou tendo ganhos materiais substanciais. Acho que assim é melhor, pois (poderei) propiciar-lhe muito mais viagens no futuro e um amor mais despreocupado", prossegue o texto do mesmo fax.
Em outro fax, do dia 25 de setembro de 1998, Bragança teria escrito: "A imagem correta é de um bueiro após uma enchente. Já que aí a água corre para fora. Comigo o aguaceiro está entrando. Que maravilha!!! Vamos gastar (não agora), mas em tempo, ao redor do mundo como minha grande dama tanto gosta e eu humildemente aprecio".
Segundo trechos do depoimento de Regina, transcritos na denúncia, Bragança gostava de repetir: "Eu estou jogando na Bolsa. É como bater em criancinhas, sempre ganho".
Em seguida, os procuradores destacam trechos nos quais Regina relatou uma viagem de "aproximadamente um mês e meio" feita à França e à Inglaterra com Bragança pouco depois da ajuda do Banco Central ao Marka (a ajuda foi em janeiro de 1999).
Ela contou que o empresário "demonstrou muita vulgaridade e grosseria" e que ele "aparentemente estava de posse de muito dinheiro, pois usava seu cartão de crédito pessoal fazendo compras completamente fora de propósito e fora do comum, como sapatos, camisas, calças e meias, etc.", tudo de alta qualidade e caro.
Regina afirmou que desconfiou da origem do dinheiro porque em 1998 Bragança dividia com ela as contas das refeições que faziam em restaurantes. Na viagem, segundo a ex-namorada teria dito à PF, o empresário usava um cartão de crédito emitido pelo Merrill Lynch Bank and Trust Company.
A ex-namorada Regina relatou também um recado deixado por Rubem Novaes na secretária eletrônica do apartamento que ela e o empresário ocuparam quando estavam em Paris. Novaes teria dito: "Bragança, aqui é o Novaes. Olha, o homem não tinha prova nenhuma, fique tranquilo e aproveite sua lua-de-mel. Abraços".
Bragança e Novaes acompanharam Cacciola na viagem a Brasília, em janeiro de 1999, na qual ele conseguiu do BC a cobertura do rombo do Banco Marka.
A denúncia traz ainda trechos de depoimentos de funcionários da concessionária Volkswagen Gávea Veículos, segundo os quais Bragança comprou na loja, à vista, um automóvel da marca Volkswagen, tipo Passat, no valor de R¹ 51.300. A compra teria ocorrido em 22 de fevereiro de 1999, pouco mais de um mês após o socorro do BC ao Banco Marka
Segundo depoimento à PF da vendedora Helayne Ramos Bastos, Bragança chegou à loja com uma pasta tipo 007 "contendo em seu interior notas de dinheiro _ela disse não saber precisar se eram de reais ou de dólares_ e pagou a operação em espécie.
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Ex-namorada de Bragança diz que estranhou enriquecimento rápido
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A denúncia do caso Marka feita pelo Ministério Público Federal à Justiça Federal traz como testemunha-chave do caso Regina Lúcia de Bittencourt Sampaio, ex-namorada de Luiz Augusto Bragança, preso desde quarta-feira.
Em depoimento à Polícia Federal, Regina disse que Bragança apresentou sinais de enriquecimento logo após a operação de socorro ao Banco Marka pelo BC. Bragança foi consultor do banqueiro Salvatore Cacciola e é compadre do ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes.
Ao prestar depoimento, Regina disse que se sentiu ameaçada e constrangida por Bragança porque este tentou forçá-la a aceitar um advogado indicado por ele e instruí-la sobre o teor do que deveria dizer ao depor.
Esse foi o principal motivo para a aceitação pelo juiz Abel Fernandes Gomes, da 6ª Vara Federal do Rio, do pedido de prisão preventiva do empresário, feito pelos procuradores responsáveis pela denúncia contra os envolvidos no caso Marka.
No depoimento à Polícia Federal, Regina disse que já tinha sido agredida fisicamente por Bragança no dia 13 de abril de 1999, em Paris, quando ela decidiu romper o namoro entre os dois, descontente e desconfiada do comportamento do então namorado.
Regina contou detalhes do suposto enriquecimento de Bragança, iniciado já no ano de 1998, em meio à crise no país e no mundo provocada pela quebra da economia da Rússia. Ela citou textos de faxes que teria recebido do empresário em meio a uma viagem na qual ela foi sozinha à Itália.
"Estou ficando rico, ou pelo menos bem encaminhado", diz um trecho de um dos faxes que ela teria recebido na Itália entre os dias 22 e 25 de agosto de 1998.
"Nada na vida é gratuito. Perdi a viagem com você, em compensação, estou tendo ganhos materiais substanciais. Acho que assim é melhor, pois (poderei) propiciar-lhe muito mais viagens no futuro e um amor mais despreocupado", prossegue o texto do mesmo fax.
Em outro fax, do dia 25 de setembro de 1998, Bragança teria escrito: "A imagem correta é de um bueiro após uma enchente. Já que aí a água corre para fora. Comigo o aguaceiro está entrando. Que maravilha!!! Vamos gastar (não agora), mas em tempo, ao redor do mundo como minha grande dama tanto gosta e eu humildemente aprecio".
Segundo trechos do depoimento de Regina, transcritos na denúncia, Bragança gostava de repetir: "Eu estou jogando na Bolsa. É como bater em criancinhas, sempre ganho".
Em seguida, os procuradores destacam trechos nos quais Regina relatou uma viagem de "aproximadamente um mês e meio" feita à França e à Inglaterra com Bragança pouco depois da ajuda do Banco Central ao Marka (a ajuda foi em janeiro de 1999).
Ela contou que o empresário "demonstrou muita vulgaridade e grosseria" e que ele "aparentemente estava de posse de muito dinheiro, pois usava seu cartão de crédito pessoal fazendo compras completamente fora de propósito e fora do comum, como sapatos, camisas, calças e meias, etc.", tudo de alta qualidade e caro.
Regina afirmou que desconfiou da origem do dinheiro porque em 1998 Bragança dividia com ela as contas das refeições que faziam em restaurantes. Na viagem, segundo a ex-namorada teria dito à PF, o empresário usava um cartão de crédito emitido pelo Merrill Lynch Bank and Trust Company.
A ex-namorada Regina relatou também um recado deixado por Rubem Novaes na secretária eletrônica do apartamento que ela e o empresário ocuparam quando estavam em Paris. Novaes teria dito: "Bragança, aqui é o Novaes. Olha, o homem não tinha prova nenhuma, fique tranquilo e aproveite sua lua-de-mel. Abraços".
Bragança e Novaes acompanharam Cacciola na viagem a Brasília, em janeiro de 1999, na qual ele conseguiu do BC a cobertura do rombo do Banco Marka.
A denúncia traz ainda trechos de depoimentos de funcionários da concessionária Volkswagen Gávea Veículos, segundo os quais Bragança comprou na loja, à vista, um automóvel da marca Volkswagen, tipo Passat, no valor de R¹ 51.300. A compra teria ocorrido em 22 de fevereiro de 1999, pouco mais de um mês após o socorro do BC ao Banco Marka
Segundo depoimento à PF da vendedora Helayne Ramos Bastos, Bragança chegou à loja com uma pasta tipo 007 "contendo em seu interior notas de dinheiro _ela disse não saber precisar se eram de reais ou de dólares_ e pagou a operação em espécie.
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