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24/09/2003
-
22h41
BRUNO LIMA
enviado especial da Folha de S.Paulo a Manaus
KENNEDY ALENCAR
enviado especial da Folha de S.Paulo a Nova York
Depois de declarações confusas durante o dia, o governo finalmente anunciou que irá liberar o plantio de soja transgênica no Brasil. O plantio será autorizado unicamente para esta safra (que começa a ser plantada em outubro) e constará de uma medida provisória, com previsão de ser assinada na noite de quarta, pelo presidente interino, José Alencar.
"É uma medida válida para o país todo", disse, em Manaus, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. "E [só para] esta safra".
Segundo o ministro, em conjunto com a medida provisória, ou logo depois dela, o governo deve enviar um projeto de lei ao Congresso para regulamentar a "a questão da biotecnologia para sempre no Brasil".
Ele negou que a liberação dos transgênicos tenha sido uma vitória para a pasta da Agricultura em detrimento do Ministério do Meio Ambiente, que era contra a liberação. "Não há vitoriosos nem perdedores nesse assunto, que é de interesse nacional."
Em Nova York, longe do conflito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que Alencar assinaria a medida provisória porque "sabe o que fazer e vai fazer do jeito que tem de fazer". Sobre o texto da medida, Lula limitou-se a dizer: "Estamos definindo um plantio neste ano."
No final do dia, após reunião com deputados governistas, Alencar confirmou, segundo relato do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que assinaria a medida provisória.
"A única hipótese de a medida não ser assinada hoje é se ela não chegar em tempo hábil para ser publicada no 'Diário Oficial' da União de amanhã", disse Pimenta.
Desconforto
Durante o dia, Alencar reclamou publicamente do fato de ser obrigado a assinar a MP na ausência de Lula. Alencar disse ter dúvidas sobre a liberação do plantio.
Apesar de dizer que não responderia a Alencar, Lula afirmou ter conversado com ele e com os ministros José Dirceu (Casa Civil), Marina Silva (Meio Ambiente) e Roberto Rodrigues (Agricultura).
"Eles sabem o que fazer", afirmou, sem adotar tom duro para não alimentar uma crise com o vice. Lula, que na semana passada havia tido reuniões para discutir a posição do governo, não assinou a MP pois viajou aos EUA. Em março, ele assinou outra MP permitindo que a soja transgênica colhida da safra passada seja comercializada até janeiro de 2004.
Em entrevista, Lula fez questão de dizer que não responderia a Alencar. Mas deu todos os recados em sentido contrário ao vice. "O Zé Alencar é o presidente da República em exercício. Estou há 8.000, 9.000 quilômetros de distância." Nos bastidores, porém, a reação de Lula foi mais dura.
Ele não gostou de saber que Alencar, mais uma vez, destoara de uma decisão de governo e especialmente do ministro Dirceu.
A decisão do governo é uma derrota da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e uma vitória de Rodrigues, seu colega da Agricultura. Este venceu convencendo Lula de que já era um fato o plantio de soja transgênica no território gaúcho e que uma proibição seria comercial e politicamente inviável. Rodrigues disse ver risco de "desobediência civil" e de acirramento de conflitos no campo.
A decisão de Lula vem sendo adiada há algumas semanas. Antes de dar início à viagem aos EUA, ele bateu o martelo com José Dirceu, que se encarregaria dos detalhes finais até a manhã de hoje, dia que embarcaria para Cuba, a fim de se integrar à comitiva do presidente brasileiro. Alencar anunciaria a decisão final.
A Folha apurou que o Palácio do Planalto acredita numa provável guerra jurídica. O governo chegou a estudar a liberação do plantio de transgênico no Rio Grande do Sul por cinco anos.
O jornalista Bruno Lima viaja a convite do Sebrae
Soja transgênica é liberada para esta safra
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enviado especial da Folha de S.Paulo a Manaus
KENNEDY ALENCAR
enviado especial da Folha de S.Paulo a Nova York
Depois de declarações confusas durante o dia, o governo finalmente anunciou que irá liberar o plantio de soja transgênica no Brasil. O plantio será autorizado unicamente para esta safra (que começa a ser plantada em outubro) e constará de uma medida provisória, com previsão de ser assinada na noite de quarta, pelo presidente interino, José Alencar.
"É uma medida válida para o país todo", disse, em Manaus, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. "E [só para] esta safra".
Segundo o ministro, em conjunto com a medida provisória, ou logo depois dela, o governo deve enviar um projeto de lei ao Congresso para regulamentar a "a questão da biotecnologia para sempre no Brasil".
Ele negou que a liberação dos transgênicos tenha sido uma vitória para a pasta da Agricultura em detrimento do Ministério do Meio Ambiente, que era contra a liberação. "Não há vitoriosos nem perdedores nesse assunto, que é de interesse nacional."
Em Nova York, longe do conflito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que Alencar assinaria a medida provisória porque "sabe o que fazer e vai fazer do jeito que tem de fazer". Sobre o texto da medida, Lula limitou-se a dizer: "Estamos definindo um plantio neste ano."
No final do dia, após reunião com deputados governistas, Alencar confirmou, segundo relato do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que assinaria a medida provisória.
"A única hipótese de a medida não ser assinada hoje é se ela não chegar em tempo hábil para ser publicada no 'Diário Oficial' da União de amanhã", disse Pimenta.
Desconforto
Durante o dia, Alencar reclamou publicamente do fato de ser obrigado a assinar a MP na ausência de Lula. Alencar disse ter dúvidas sobre a liberação do plantio.
Apesar de dizer que não responderia a Alencar, Lula afirmou ter conversado com ele e com os ministros José Dirceu (Casa Civil), Marina Silva (Meio Ambiente) e Roberto Rodrigues (Agricultura).
"Eles sabem o que fazer", afirmou, sem adotar tom duro para não alimentar uma crise com o vice. Lula, que na semana passada havia tido reuniões para discutir a posição do governo, não assinou a MP pois viajou aos EUA. Em março, ele assinou outra MP permitindo que a soja transgênica colhida da safra passada seja comercializada até janeiro de 2004.
Em entrevista, Lula fez questão de dizer que não responderia a Alencar. Mas deu todos os recados em sentido contrário ao vice. "O Zé Alencar é o presidente da República em exercício. Estou há 8.000, 9.000 quilômetros de distância." Nos bastidores, porém, a reação de Lula foi mais dura.
Ele não gostou de saber que Alencar, mais uma vez, destoara de uma decisão de governo e especialmente do ministro Dirceu.
A decisão do governo é uma derrota da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e uma vitória de Rodrigues, seu colega da Agricultura. Este venceu convencendo Lula de que já era um fato o plantio de soja transgênica no território gaúcho e que uma proibição seria comercial e politicamente inviável. Rodrigues disse ver risco de "desobediência civil" e de acirramento de conflitos no campo.
A decisão de Lula vem sendo adiada há algumas semanas. Antes de dar início à viagem aos EUA, ele bateu o martelo com José Dirceu, que se encarregaria dos detalhes finais até a manhã de hoje, dia que embarcaria para Cuba, a fim de se integrar à comitiva do presidente brasileiro. Alencar anunciaria a decisão final.
A Folha apurou que o Palácio do Planalto acredita numa provável guerra jurídica. O governo chegou a estudar a liberação do plantio de transgênico no Rio Grande do Sul por cinco anos.
O jornalista Bruno Lima viaja a convite do Sebrae
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