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25/09/2003 - 17h43

Produtores dizem que vão plantar soja transgênica com ou sem medida provisória

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EDUARDO CUCOLO
da Folha Online

Os produtores do Rio Grande do Sul vão plantar a soja transgênica independentemente de o governo federal assinar ou não a medida provisória que trata do assunto.

Segundo o diretor de agribusiness da Federação das Associações Comerciais do RS, Antônio Sartori, não há como impedir o plantio, nem se o STF (Supremo Tribunal Federal) considerar a medida provisória inconstitucional.

"O produtor vai plantar com ou sem lei. A decisão está tomada", disse o advogado, que também é diretor da corretora Brasoja. "Se não tiver MP, ou for cassada, haverá uma desobediência civil."

Ele afirmou que, somente no Rio Grande do Sul, 70% da lavoura de soja é transgênica e que hoje 100% do que o Brasil exporta vem de semente geneticamente modificada.

Para o ex-advogado da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) Reginaldo Minare, também ligado à Brasoja, a medida provisória do governo não é inconstitucional, pois a decisão que existe hoje no Tribunal Regional Federal de Brasília contra a plantação e comercialização de transgênico não é definitiva.

Segundo ele, a constitucionalidade da matéria será analisada posteriormente pelo Supremo, mas a decisão liminar em vigor não impede a edição da MP.

Ele reiterou a decisão dos produtores de fazer o plantio à revelia da legislação. "O que se diz por lá [no Rio Grande do Sul] é: Se me prender, a minha mulher planta", disse Minare. "Não há sementes convencionais [não transgênicas] para todos os produtores", afirmou.

O advogado disse também que a soja transgênica não causa danos ao meio ambiente, nem aos consumidores, e que essa não é uma posição apenas dos produtores, mas também da CTNBio.

Rendição

Para o especialista em Direito Ambiental Antonio Monteiro, o governo terá de se render novamente aos fatos caso a legislação não permita o plantio ou a colheita dessa soja, pois queimar grande parte da safra deste ano seria inviável. Ele lembrou que, no início deste ano, o governo autorizou a comercialização da safra de soja transgênica que foi plantada no ano passado.

No entanto, essa permissão não inclui o plantio de novas sementes, o que levou o governo a preparar uma nova MP agora, mas que ainda não foi assinada. "O governo está se rendendo às evidências", afirmou o advogado.

A especialista em Biossegurança Patrícia Fukuma, disse que não acredita na disposição do governo de mandar queimar ou apreender a produção de soja. Além disso, segundo a advogada, se a plantação for feita durante a vigência da MP, e o Supremo considerá-la inconstitucional, o governo teria de indenizar os produtores.

O presidente da República em exercício, José Alencar, deve assinar hoje uma medida provisória liberando o plantio de soja transgênica no país para a próxima safra. A justificativa para a MP é que a plantação precisa ser feita no início de outubro e não há tempo para que seja enviado um projeto de lei ao Congresso.
 

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