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25/09/2003 - 19h49

Brasil perde dinheiro por não plantar transgênicos, diz pesquisador

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GLAUCE ANDRADE
da Agência Folha, em Recife

O Brasil está perdendo dinheiro com a produção e comercialização de soja convencional, aponta estudo realizado pelo pesquisador norte-americano Richard Phipps, da Universidade de Reading (Reino Unido).

Segundo Phipps, que participa de congresso sobre alimentos transgênicos em Recife (PE), como o preço da soja no mundo é único e os custos de produção do produto transgênico chegam a ser 20% mais baixos que os custos de produção do convencional, os produtores brasileiros gastam mais para plantar e ganham o mesmo que os argentinos, por exemplo, cuja produção de soja transgênica representa atualmente 98% da produção total de soja.

"Acho que o Brasil precisa realmente avançar nessa questão da produção de soja transgênica. De 1996 até o ano passado, a Argentina cultivou 45 milhões de hectares e, além de ter reduzido em 22 milhões de quilos a quantidade de herbicidas sobre o solo, também economizou US$ 1 bilhão em dióxido de carbono e US$ 500 milhões em combustível", disse Phipps, ao lembrar que o plantio de soja transgênica é feito de forma direta (sem o arado do terreno) e exige menos máquinas e equipamentos.

O pesquisador comentou que, apesar de a União Européia ter restrições aos produtos geneticamente modificados, importa 9 milhões de toneladas de farelo de soja transgênica da Argentina e 8 milhões de toneladas de grãos dos Estados Unidos por ano.

A soja transgênica ainda é utilizada na Europa para consumo animal. Mas Richard Phipps acredita que, mesmo assim, trata-se de um mercado em potencial para países como o Brasil. "Acho apenas que, enquanto houver discussões em torno dos produtos transgênicos no mundo, os preços deveriam ser diferenciados. Os consumidores da soja convencional deveriam pagar mais para tê-la", analisou.

Segundo Phipps, as agências reguladoras de alimentos no Reino Unido formaram um júri popular que, durante três dias, discutiu as vantagens e desvantagens da produção, comercialização e do consumo de transgênicos pela população humana. "Ao final dos trabalhos, metade dos integrantes estava convencido de que as medidas de segurança aplicadas no processo de produção eram eficazes", afirmou.

O pesquisador disse também que foi feita uma pesquisa por uma revista independente de varejistas no Reino Unido indicando que 13% da população consumiria produtos transgênicos, 14% não consumiriam, e 73% continuam sem opinião sobre o assunto.

"É importante enfatizar que todos têm medo de novas tecnologias. Acho realmente que elas devem ser bem avaliadas antes de serem aceitas e adotadas. Mas a questão dos transgênicos está sendo bem discutida no mundo inteiro e, certamente, será uma etapa vencida nos próximos anos", destacou.

Richard Phipps observou que, uma prova do avanço da aceitação dos transgênicos no mundo é que, mesmo estando entre os países que oferecem maior resistência aos produtos geneticamente modificados, a Espanha já destina 25 mil hectares para a produção de milho transgênico.
Richard Phipps é um dos palestrantes do 3º Simpósio Latino-Americano dos Produtos Transgênicos, que acontece até o próximo sábado em Recife.
 

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