Publicidade
Publicidade
30/10/2003
-
07h53
KENNEDY ALENCAR
da Folha de S. Paulo, em Brasília
Apesar de ter feito mudanças para prestigiar a ministra Marina Silva (Meio Ambiente), o Palácio do Planalto avalia que o projeto sobre o cultivo de alimentos transgênicos elaborado pelo governo e tornado público ontem será modificado no Congresso pela bancada ruralista.
O governo crê que será aprovado projeto mais próximo ao defendido pelo ministro Roberto Rodrigues (Agricultura), que tem visão mais pragmática e comercial sobre o tema do que Marina.
Nos últimos dez meses, Rodrigues e Marina travaram disputa de bastidor. O ministro da Agricultura defendeu posição mais liberal em relação aos transgênicos, como pleiteia a bancada ruralista. Marina insistiu em algum tipo de filtro ambiental.
A proposta final do governo chegou a um meio-termo, a fim de não dar a Rodrigues uma vitória total. Marina, nos bastidores, chegou a dizer que tinha motivos suficientes para abandonar o cargo, mas que travaria sua luta dentro do governo.
Diante do desgaste de enfraquecer uma ministra apoiada por ONGs ambientais e com boa imagem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu modificações no projeto para satisfazer Marina.
No Planalto, considera-se que a saída do PT do deputado federal Fernando Gabeira (RJ), ao gerar um forte desgaste do governo com o movimento ambientalista, contribuiu para o governo não esmagar Marina. No Congresso, como disse ontem o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, a proposta poderá ser mudada. O governo deseja a alteração, mas não assumirá isso de público.
Frente Parlamentar
Nem será preciso. A Frente Parlamentar de Apoio à Agricultura, a chamada bancada ruralista, que reúne cerca de 180 congressistas, já se articula para modificar o projeto e deixá-lo no feitio defendido por Rodrigues.
A bancada contesta sobretudo a retirada de poderes da CTNBio, que não terá palavra final sobre a liberação. "Pela experiência que temos na área de defensivos agrícolas e de medicamentos, podemos afirmar que será um atraso", diz o deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS), porta-voz dos ruralistas na área dos transgênicos.
Segundo Heinze, a habilitação de novos defensivos e medicamentos agrícolas demora cerca de dois a três anos, contra seis meses nos EUA, justamente porque vários ministérios, entre os quais o do Meio Ambiente, opinam sobre o assunto no Brasil --e o mesmo modelo é adotado agora no projeto sobre transgênicos.
"O projeto dá poderes aos ambientalistas. Será mais um entrave para retardar o processo dos transgênicos no país", protesta Heinze. "Nós vamos endireitar aqui o que estiver torto."
Outro ruralista de peso na bancada, Nelson Marquezelli (PTB-SP) diz que a preocupação ambiental não é exclusiva da ministra Marina. "Essa preocupação não é dela, é da própria agricultura", afirma. Os ruralistas acreditam que, à exceção do núcleo agrário do PT, contarão com o apoio de integrantes do próprio partido do governo.
Ontem, as alas do PT contrárias a modificações no projeto começaram a bombardear a indicação do deputado federal petista Josias Gomes (BA) para relator do projeto sobre o cultivo dos transgênicos. Josias tem a simpatia do Planalto e do lobby ruralista, além de ter idéias semelhantes às do ministro da Agricultura.
Colaborou Raymundo Costa, da Sucursal de Brasília
Bancada ruralista deve modificar projeto de Biossegurança
Publicidade
da Folha de S. Paulo, em Brasília
Apesar de ter feito mudanças para prestigiar a ministra Marina Silva (Meio Ambiente), o Palácio do Planalto avalia que o projeto sobre o cultivo de alimentos transgênicos elaborado pelo governo e tornado público ontem será modificado no Congresso pela bancada ruralista.
O governo crê que será aprovado projeto mais próximo ao defendido pelo ministro Roberto Rodrigues (Agricultura), que tem visão mais pragmática e comercial sobre o tema do que Marina.
Nos últimos dez meses, Rodrigues e Marina travaram disputa de bastidor. O ministro da Agricultura defendeu posição mais liberal em relação aos transgênicos, como pleiteia a bancada ruralista. Marina insistiu em algum tipo de filtro ambiental.
A proposta final do governo chegou a um meio-termo, a fim de não dar a Rodrigues uma vitória total. Marina, nos bastidores, chegou a dizer que tinha motivos suficientes para abandonar o cargo, mas que travaria sua luta dentro do governo.
Diante do desgaste de enfraquecer uma ministra apoiada por ONGs ambientais e com boa imagem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu modificações no projeto para satisfazer Marina.
No Planalto, considera-se que a saída do PT do deputado federal Fernando Gabeira (RJ), ao gerar um forte desgaste do governo com o movimento ambientalista, contribuiu para o governo não esmagar Marina. No Congresso, como disse ontem o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, a proposta poderá ser mudada. O governo deseja a alteração, mas não assumirá isso de público.
Frente Parlamentar
Nem será preciso. A Frente Parlamentar de Apoio à Agricultura, a chamada bancada ruralista, que reúne cerca de 180 congressistas, já se articula para modificar o projeto e deixá-lo no feitio defendido por Rodrigues.
A bancada contesta sobretudo a retirada de poderes da CTNBio, que não terá palavra final sobre a liberação. "Pela experiência que temos na área de defensivos agrícolas e de medicamentos, podemos afirmar que será um atraso", diz o deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS), porta-voz dos ruralistas na área dos transgênicos.
Segundo Heinze, a habilitação de novos defensivos e medicamentos agrícolas demora cerca de dois a três anos, contra seis meses nos EUA, justamente porque vários ministérios, entre os quais o do Meio Ambiente, opinam sobre o assunto no Brasil --e o mesmo modelo é adotado agora no projeto sobre transgênicos.
"O projeto dá poderes aos ambientalistas. Será mais um entrave para retardar o processo dos transgênicos no país", protesta Heinze. "Nós vamos endireitar aqui o que estiver torto."
Outro ruralista de peso na bancada, Nelson Marquezelli (PTB-SP) diz que a preocupação ambiental não é exclusiva da ministra Marina. "Essa preocupação não é dela, é da própria agricultura", afirma. Os ruralistas acreditam que, à exceção do núcleo agrário do PT, contarão com o apoio de integrantes do próprio partido do governo.
Ontem, as alas do PT contrárias a modificações no projeto começaram a bombardear a indicação do deputado federal petista Josias Gomes (BA) para relator do projeto sobre o cultivo dos transgênicos. Josias tem a simpatia do Planalto e do lobby ruralista, além de ter idéias semelhantes às do ministro da Agricultura.
Colaborou Raymundo Costa, da Sucursal de Brasília
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
- Por que empresa proíbe caminhões de virar à esquerda - e economiza milhões
- Megarricos buscam refúgio na Nova Zelândia contra colapso capitalista
- Com 12 suítes e 5 bares, casa mais cara à venda nos EUA custa US$ 250 mi
- Produção industrial só cresceu no Pará em 2016, diz IBGE
+ Comentadas
- Programa vai reduzir tempo gasto para pagar impostos, diz Meirelles
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
+ EnviadasÍndice