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11/11/2003 - 20h04

Samsung transfere produção da Zona Franca de Manaus para SP

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KÁTIA BRASIL
da Agência Folha, em Manaus

A indústria coreana Samsung Eletronics anunciou oficialmente ontem para autoridades locais que vai transferir a produção de telefones celulares da Zona Franca de Manaus para o Estado de São Paulo.

A empresa argumenta que Manaus perdeu competitividade depois da aprovação da Lei de Informática, em 2001, já que os incentivos tributários concedidos para a produção de celulares --no pagamento de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e II (Imposto de Importação)-- passaram a ser equivalentes em todo o país.

A empresa afirma só permanece em Manaus se o governo federal excluir o produto da lista de bens de informática. Segundo o governador do Amazonas, Eduardo Braga (PPS), "a Samsung nos deu um prazo até 20 de dezembro para o governo federal se posicionar". Hoje, Braga se reúne com o ministro José Dirceu (Casa Civil) para discutir o assunto.

O vice-presidente de Novos Negócios para América Latina da Samsung, Benjamim Sicsú, disse à Agência Folha que a empresa começou a desenhar a estratégia de mudança da fábrica de celulares para São Paulo depois que a reforma tributária foi aprovada na Câmara, no final de setembro, sem alteração para incentivos nos bens de informática.

Com isso, segundo a empresa, São Paulo passou a ser mais atrativo por estar perto dos grandes centro consumidores.

Em São Paulo, a empresa quer aumentar sua fatia nas vendas de celulares no mercado nacional e nessa estratégia, Manaus não oferece competitividade, segundo a Samsung. Fabricantes de celulares em Manaus, como Nokia e Gradiente, teriam vantagens em vendas para o mercado externo devido à posição geográfica.

A Samsung se instalou em Manaus em 1997 e iniciou a produção de celulares em larga escala a partir de novembro de 1999, quando a Lei de Informática dava sinais de que não iria ser regulamentada --ela estava sendo prorrogada por medidas provisórias. Sem a isenção, empresas de São Paulo pagariam 15% de IPI.

Segundo a CUT (Central Única dos Trabalhadores), a Samsung emprega em Manaus 380 funcionários diretos e 1.300 indiretos.

Em carta enviada ao governador Braga, o vice-presidente da Samsung Eletrônica da Amazônia, Joog Hun Cho, disse que não demitirá os funcionários do setor de celulares. Informou também que ampliará a produção de discos rígidos para computadores (equipamento que ainda tem incentivo como bem de informática) e que retomará a produção de TVs e condicionadores de ar.

Na carta, Hun Cho afirma que "o cenário indica uma piora nas condições de competitividade para a manufatura de celulares na Zona Franca e não observamos indícios de que essa situação possa ser alterada em curto prazo".

A empresa aponta como vantagem para a transferência da unidade para São Paulo a proximidade do mercado consumidor, além de facilidades logísticas.

Questão política

No centro da transferência da Samsung está o atual vice-presidente de Novos Negócios para América Latina da Samsung, Benjamim Sicsú, ex-secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento no governo passado. Ele coordenou a inclusão de celulares como bens de informática durante a tramitação da legislação no Congresso. Sicsú foi contratado pela Samsung neste ano.

Segundo o governador Eduardo Braga, desde que a Samsung se instalou na Zona Franca, nada foi alterado na legislação dos incentivos fiscais que justificasse a medida da empresa. "O único fato novo que nós temos nesse processo é a contratação de Sicsú pela Samsung. A Zona Franca conhece [Sicsú] como alguém que ao longo de todo o período em que esteve à frente da secretaria executiva do ministério sempre teve uma posição muito esquisita com relação ao fortalecimento da Zona Franca. Portanto, essa transferência é uma decisão política da Samsung", disse Braga, em entrevista coletiva ontem na sede da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), em Manaus.

Na mesma entrevista, a superintendente da Suframa, Flávia Grosso, disse que não aceitava a decisão da Samsung. "Eu disse ao dirigente da empresa [Sicsú] que a Suframa não aceitava esse tipo de argumentação [falta de competitividade] porque quando a Samsung veio para Manaus ela sabia das regras do jogo e, em momento algum, isso foi mudado. Não há justificativa plausível a decisão da Samsung sair de Manaus", disse Grosso.

Procurado pela Agência Folha, Sicsú disse que não havia nenhuma questão política na decisão da empresa. "Sempre fui um defensor da Zona Franca", disse.

Sicsú também afirmou: "Sou um profissional no setor de informática, não sou um político. Trabalho na Samsung por dedicação, não tem política nisso".

Atualmente a Samsung produz 1,5 milhão de celulares ao ano, na Zona Franca de Manaus.
 

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