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24/11/2003
-
09h08
da Folha de S.Paulo
Se você é um dos muitos brasileiros que estão com dívidas com bancos e financeiras, pagando juros altíssimos por mês, não há outro jeito: aproveite o 13º salário para se livrar da bola de neve dos juros. É o conselho básico de todos os economistas e consultores.
E por um motivo simples: não há alternativa de investimento em renda fixa cujo rendimento sequer se aproxime dos juros cobrados no cheque especial e no cartão de crédito, por exemplo.
Então, a melhor saída é adiar aquela viagem programada e reduzir os presentes e gastos com festas de fim de ano ao mínimo possível.
O consultor Luis Carlos Ewald, da FGV-RJ (Fundação Getúlio Vargas), diz que o principal problema são realmente as dívidas de curto prazo e que cobram juros muito acima da média do mercado, como o cheque especial e o cartão de crédito.
Esse tipo de dívida deve ser paga imediatamente. Ewald diz que prestações de financiamento, de eletrodomésticos, carros ou imóveis, não são problema se estiverem em dia.
Antecipar o pagamento de parcelas que ainda não venceram pode não compensar, segundo ele, porque os descontos concedidos pelas lojas são ínfimos.
Descontos
Mas o presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel Ribeiro de Oliveira, alerta que os consumidores devem exigir o desconto dos juros. Ele lembra que o Código de Defesa do Consumidor obriga as lojas a descontar os juros das prestações pagas antes da data de vencimento.
Quem tem um financiamento de carro, por exemplo, deve, na avaliação de Oliveira, antecipar o pagamento do maior número de prestações possível.
"Não existe investimento que renda 4% ao mês, como são as taxas dos financiamentos", diz.
Se o dinheiro do 13º não for suficiente, o melhor a fazer é procurar o banco rapidamente e trocar a dívida cara por uma mais barata. Trocar, por exemplo, o débito do cartão de crédito por um empréstimo pessoal, que tem juros bem menores.
Ewald lembra que é do interesse do próprio banco renegociar a dívida, pois, com taxas de juros menores, as chances de recebê-la aumentam muito.
Ewald nota que, em alguns casos, o devedor não sai incólume do processo.
Os bancos costumam retirar o cartão de crédito e o limite do cheque especial do cliente para que ele não volte a ter problemas. Mas é um preço baixo a pagar se levado em conta que você está trocando uma dívida de 10% ao mês para algo entre 3% e 4%.
Oliveira recomenda, ainda, guardar dinheiro para pagar as contas que vencem no início do ano, como IPVA e IPTU. "E há, ainda, os cheques pré-datados do final do ano, que costumam pipocar no início do ano seguinte", complementa Ewald, autor do livro "Sobrou Dinheiro - Lições de Economia Doméstica".
Os analistas financeiros também recomendam as novas formas de crédito que surgiram nos últimos meses, como o empréstimo condicionado ao desconto das prestações diretamente nas folhas de pagamento (em consignação) e mesmo as linhas de microcrédito para compra de eletrodomésticos.
Uma boa parte dos grandes bancos, públicos e privados, já tem linhas de empréstimo em consignação.
Ewald diz que CEF (Caixa Econômica Federal) e Banco do Brasil têm as menores taxas, em torno de 1,78%. Nos privados, a menor está em 2% ao mês.
Mas Oliveira avalia que as taxas poderiam ser ainda menores, já que o risco de inadimplência é muito pequeno nesses casos.
A inadimplência é um dos componentes dos juros e frequentemente é usada como justificativa para a manutenção das altas taxas cobradas do consumidor.
Procurar taxas de juros mais baixas é fundamental para manter o equilíbrio das finanças domésticas.
Um estudo feito por Miguel Oliveira constatou que as despesas financeiras são responsáveis por 35% dos gastos de uma família com renda entre um e cinco salários mínimos.
Dívidas
Segundo dados do Banco Central (BC), as famílias chegam ao final de 2003 mais endividadas do que nunca.
A renda caiu em média 15% nos últimos 12 meses e o desempregou cresceu. Resultado: as pessoas se endividaram. Em setembro, o crédito pessoal aumentou 14,7%. O total de empréstimos para as pessoas físicas no país subiu de R$ 77 bilhões, em janeiro, para R$ 84,8 bilhões, em setembro, informa o BC.
Ainda de acordo com o Banco Central, os números já estariam mostrando os efeitos da Medida Provisória 130, que regulamentou os empréstimos com desconto em folha de pagamento e as perspectivas de crescimento econômico nos próximos meses.
Usar 13º para quitar débitos é boa opção
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Se você é um dos muitos brasileiros que estão com dívidas com bancos e financeiras, pagando juros altíssimos por mês, não há outro jeito: aproveite o 13º salário para se livrar da bola de neve dos juros. É o conselho básico de todos os economistas e consultores.
E por um motivo simples: não há alternativa de investimento em renda fixa cujo rendimento sequer se aproxime dos juros cobrados no cheque especial e no cartão de crédito, por exemplo.
Então, a melhor saída é adiar aquela viagem programada e reduzir os presentes e gastos com festas de fim de ano ao mínimo possível.
O consultor Luis Carlos Ewald, da FGV-RJ (Fundação Getúlio Vargas), diz que o principal problema são realmente as dívidas de curto prazo e que cobram juros muito acima da média do mercado, como o cheque especial e o cartão de crédito.
Esse tipo de dívida deve ser paga imediatamente. Ewald diz que prestações de financiamento, de eletrodomésticos, carros ou imóveis, não são problema se estiverem em dia.
Antecipar o pagamento de parcelas que ainda não venceram pode não compensar, segundo ele, porque os descontos concedidos pelas lojas são ínfimos.
Descontos
Mas o presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel Ribeiro de Oliveira, alerta que os consumidores devem exigir o desconto dos juros. Ele lembra que o Código de Defesa do Consumidor obriga as lojas a descontar os juros das prestações pagas antes da data de vencimento.
Quem tem um financiamento de carro, por exemplo, deve, na avaliação de Oliveira, antecipar o pagamento do maior número de prestações possível.
"Não existe investimento que renda 4% ao mês, como são as taxas dos financiamentos", diz.
Se o dinheiro do 13º não for suficiente, o melhor a fazer é procurar o banco rapidamente e trocar a dívida cara por uma mais barata. Trocar, por exemplo, o débito do cartão de crédito por um empréstimo pessoal, que tem juros bem menores.
Ewald lembra que é do interesse do próprio banco renegociar a dívida, pois, com taxas de juros menores, as chances de recebê-la aumentam muito.
Ewald nota que, em alguns casos, o devedor não sai incólume do processo.
Os bancos costumam retirar o cartão de crédito e o limite do cheque especial do cliente para que ele não volte a ter problemas. Mas é um preço baixo a pagar se levado em conta que você está trocando uma dívida de 10% ao mês para algo entre 3% e 4%.
Oliveira recomenda, ainda, guardar dinheiro para pagar as contas que vencem no início do ano, como IPVA e IPTU. "E há, ainda, os cheques pré-datados do final do ano, que costumam pipocar no início do ano seguinte", complementa Ewald, autor do livro "Sobrou Dinheiro - Lições de Economia Doméstica".
Os analistas financeiros também recomendam as novas formas de crédito que surgiram nos últimos meses, como o empréstimo condicionado ao desconto das prestações diretamente nas folhas de pagamento (em consignação) e mesmo as linhas de microcrédito para compra de eletrodomésticos.
Uma boa parte dos grandes bancos, públicos e privados, já tem linhas de empréstimo em consignação.
Ewald diz que CEF (Caixa Econômica Federal) e Banco do Brasil têm as menores taxas, em torno de 1,78%. Nos privados, a menor está em 2% ao mês.
Mas Oliveira avalia que as taxas poderiam ser ainda menores, já que o risco de inadimplência é muito pequeno nesses casos.
A inadimplência é um dos componentes dos juros e frequentemente é usada como justificativa para a manutenção das altas taxas cobradas do consumidor.
Procurar taxas de juros mais baixas é fundamental para manter o equilíbrio das finanças domésticas.
Um estudo feito por Miguel Oliveira constatou que as despesas financeiras são responsáveis por 35% dos gastos de uma família com renda entre um e cinco salários mínimos.
Dívidas
Segundo dados do Banco Central (BC), as famílias chegam ao final de 2003 mais endividadas do que nunca.
A renda caiu em média 15% nos últimos 12 meses e o desempregou cresceu. Resultado: as pessoas se endividaram. Em setembro, o crédito pessoal aumentou 14,7%. O total de empréstimos para as pessoas físicas no país subiu de R$ 77 bilhões, em janeiro, para R$ 84,8 bilhões, em setembro, informa o BC.
Ainda de acordo com o Banco Central, os números já estariam mostrando os efeitos da Medida Provisória 130, que regulamentou os empréstimos com desconto em folha de pagamento e as perspectivas de crescimento econômico nos próximos meses.
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