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26/11/2003 - 07h34

Após divergência, Palocci e Lessa se reúnem

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GUILHERME BARROS
Editor do Painel S.A.
da Folha de S.Paulo

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, reuniu-se ontem a sós em Brasília com o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, para pôr fim às divergências entre ambos.

Atritos entre o banco e a Fazenda existem desde o início do atual governo e ficaram mais evidentes após o BNDES ser repreendido por ter decidido comprar, há duas semanas, parte da Valepar, holding da Vale do Rio Doce.

De acordo com o que a Folha apurou, o pedido para que os dois se encontrassem partiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não se sabe, no entanto, qual foi o resultado da reunião entre Palocci e Lessa. Ou seja, se os dois fumaram ou não o cachimbo da paz.

Procuradas pela Folha, as assessorias do BNDES e da Fazenda não deram informações sobre o encontro. Circularam ontem em Brasília rumores de que Lessa estaria muito frágil e poderia perder o cargo na reforma ministerial.

Logo depois do encontro entre Lessa e Palocci, a conversa ganhou mais dois participantes: os ministros Guido Mantega (Planejamento) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento).

Assim como Palocci, Furlan também anda em rota de colisão com Lessa. Como presidente do conselho de administração do BNDES, Furlan achava que deveria ter sido informado previamente da compra, pelo banco, de 8,5% da Valepar por R$ 1,5 bilhão. Além disso, Furlan também é superior hierárquico de Lessa --ao menos formalmente.

Furlan e Lessa devem voltar a se encontrar amanhã, na reunião do conselho do banco.

A Folha apurou que Furlan defende a troca de Lessa por um empresário de São Paulo. O principal nome seria o de Luiz Carlos Delben Leite, presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas).

Delben Leite diz que não foi consultado sobre a possibilidade de vir a presidir o BNDES. Ele já foi presidente do banco por oito meses em 1993. Mas admite que se sentiria "muito honrado" com o convite. "Não fui consultado sobre a possibilidade, mas seria um desafio enorme presidir o banco."

Desentendimentos

Os desentendimentos entre a Fazenda e o BNDES já se arrastam há algum tempo. O pano de fundo foi a negativa da Fazenda ao pedido de capitalização de R$ 15 bilhões feito pelo banco.

Palocci é contra esse aporte de recursos do Tesouro, já que poderá comprometer a meta de superávit primário de 4,25% do PIB prevista para este ano.

Nas últimas semanas, a relação entre Palocci e Lessa ficou mais tensa após o anúncio da compra pelo banco de uma parte da Valepar. Palocci foi totalmente contra a operação e manifestou sua indignação a Lessa numa reunião recente do presidente Lula com outros ministros. Nessa mesma reunião, o próprio Lula teria criticado o negócio.

No domingo passado, a divergência entre a Fazenda e o BNDES ficou ainda mais clara na entrevista concedida por Darc Costa, vice-presidente do banco, à Folha. Darc disse, entre outras coisas, que não sabia se, na Fazenda, existia uma "Secretaria do Tesouro ou uma secretaria da tesoura".

Darc Costa também acompanhou Lessa ontem, em Brasília, na parte da manhã, em alguns encontros. Ele não esteve, no entanto, nas reuniões fechadas com os ministros da área econômica.
 

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