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07/12/2003 - 05h14

Em expansão, CUT adere às megafestas

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FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
da Folha de S.Paulo

Ao final do primeiro ano do governo petista, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) cresce e adota uma estratégia similar à de sua rival, a Força Sindical.

Pelo menos 40 sindicatos do Estado de São Paulo já migraram desde agosto para a central que ajudou a eleger Luiz Inácio Lula da Silva, um dos fundadores da CUT, à presidência da República.

Até o início de 2004, a previsão é que uma centena de outros sindicatos e federações --e até centrais sindicais-- se filiem à CUT.

"Quando o presidente Lula assumiu, os especialistas diziam que os sindicatos deixariam a central porque ela seria omissa perante o governo. Agora, vão ter de engolir uma outra realidade: os sindicatos estão se deslocando para a CUT. Estão em busca de entidades fortes e representativas", diz Edílson de Paula, presidente estadual da CUT-São Paulo.

Paralelamente às adesões à CUT, a central mudou radicalmente sua estratégia de relações públicas. Numa decisão surpreendente no meio sindical, contratou o mesmo marqueteiro profissional que idealizou as tradicionais megafestas de 1º de Maio promovidas pela Força Sindical.

André Guimarães trabalhou para a Força e para o seu presidente, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, na organização das últimas seis festas do Dia do Trabalho. Esses eventos reuniram ao todo quase 6 milhões de pessoas. Foi dele também a idéia de licenciar comercialmente a marca Força Sindical.

Marcados por shows e pela venda de cotas a empresas, esses eventos sempre foram criticados pela CUT e pelo PT por seu caráter supostamente "alienante".

Em maio de 2001, Lula disse o seguinte sobre as festas promovidas pela Força: "Seria maravilhoso trazer o Chitãozinho & Xororó para cantar e ouvir as músicas deles. Mas tenho que pensar que amanhã podemos não ter emprego para a metade das pessoas que estão nessa praça hoje".

Agora, Magalhães trabalha para a CUT e prepara a primeira megafesta da central para comemorar o 1º de Maio na avenida Paulista.

Para atrair cerca de 500 mil pessoas, a CUT pretende abrir a festa com um show do ministro da Cultura, Gilberto Gil, e com a Orquestra Sinfônica de São Paulo.

Quer ainda levar ao palco duplas sertanejas, como Zezé Di Camargo & Luciano e Chitãozinho & Xororó, Wanessa Camargo e KLB, além de cantores como Ivete Sangalo e Zeca Pagodinho.

A CUT nega haver contradição entre as críticas que fazia e sua nova estratégia. Seus dirigentes alegam que a venda de patrocínio para seu evento de 2004 tem como objetivo "atrair parcerias de empresas socialmente responsáveis", "promover a cidadania" e "comemorar também os 450 anos de São Paulo".

"Não vai haver sorteio de prêmios", diz o presidente da CUT, Luiz Marinho, referindo-se à única característica da festa da Força que não será absorvida.

Guimarães enxerga uma relação entre as megafestas e o crescimento das centrais sindicais que as promovem. "Na medida em que a imagem da central se consolida, ela conquista mais sindicatos", disse ele à Folha.

A mudança de estratégia da CUT foi decidida há poucas semanas e, segundo a entidade, faz parte de um plano para modernizá-la e aproximá-la da sociedade.

Megafestas de 1º de Maio foram uma espécie de trampolim político para a Força Sindical, que assim conseguiu projetar seus sindicalistas e aumentar seu quadro de deputados e vereadores.

Para o marqueteiro Guimarães, a CUT quer apenas se profissionalizar e investe em comunicação. "O marketing não é uma ferramenta de direita ou de esquerda, é uma ferramenta de comunicação", diz.

Segundo analistas, a CUT cresce com sua proximidade do poder e com a perspectiva de uma reforma que agrupe sindicatos em centrais politicamente influentes.

Para o professor da USP Arnaldo Mazzei Nogueira, da área de relações do trabalho, "é lamentável ver que uma central [CUT] marcada por um sindicalismo autêntico e combativo decida incorporar um modelo de atuação voltado para ações de marketing".
 

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