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02/01/2004 - 05h50

Disputa de mercado derruba preço da cerveja

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ADRIANA MATTOS
da Folha de S.Paulo

A disputa entre cervejarias, que invadiu a mídia e tomou fôlego com recentes acusações de sonegação, chegou ao bolso do consumidor, que vai pagar menos pelo produto neste verão.

Nas últimas negociações de preços entre fabricantes e o grande varejo, as três maiores empresas do setor -AmBev (Antarctica, Skol e Brahma), Molson (Kaiser) e Schincariol (Nova Schin)- promoveram ajustes na tabela.

Os hipermercados Wal-Mart e Carrefour fecharam as vendas com novos descontos nas tabelas de preços da Antarctica e da Brahma, segundo a Folha apurou. Houve ainda redução agressiva no preço do lote de Kaiser ao varejo. A Nova Schincariol promoveu redução ligeira nos valores de venda para o Carrefour.

Nas lojas da rede Champion de supermercados (que pertence ao Carrefour), houve, inclusive, limitação na quantidade de produto vendido aos consumidores. O fato foi verificado em dois pontos de venda visitados pela reportagem da Folha na semana passada.

A limitação na venda é determinada pela loja e ocorre como reflexo do preço mais baixo.

Com a política de descontos nas vendas ao varejo, há um festival de queima de mercadorias nas lojas, o que joga os valores dos produtos ao consumidor final para baixo. Isso pode fazer o consumidor perder, em parte, a referência de preço no mercado. E significa economia de até 25% na hora de comprar o produto.

Em duas lojas do Carrefour pesquisadas na zona norte de São Paulo, a Antarctica Pilsen (lata com 350 ml) custava R$ 0,75. No início de dezembro, segundo a loja informa em seu catálogo, o valor era de R$ 0,79.

A lata da Nova Schin Pilsen, que na semana anterior à da pesquisa era vendida a R$ 0,89, caiu de preço e atingiu R$ 0,82.

No Wal-Mart, localizado na zona norte da capital, o preço médio da lata (350 ml) da Antarctica estava em R$ 0,75 e o da Nova Schin, lançada há cerca de quatro meses, em R$ 0,79. No mercado de garrafas (long neck) não foram verificadas reduções de preços promovidas pelo varejo.

A maior queda foi encontrada no preço da lata da Kaiser, que passou de R$ 0,87 na loja do Carrefour --localizada próximo a Ponte do Limão, zona norte-- para R$ 0,65 nessa semana, uma queda de 25% no preço.
No levantamento, a reportagem visitou seis lojas do Extra, Carrefour, Wal-Mart e Champion.

Nas rádios, há anúncios da Antarctica apenas para informar o consumidor do preço cobrado pelo produto. Com a chegada do verão, diz a propaganda, há bares vendendo a garrafa da bebida (600 ml) a R$ 1,70. O preço é válido em alguns bares que participam da campanha.

O que há por trás

As cervejarias são protagonistas de uma pesada disputa pelo mercado consumidor da bebida. Desde setembro, a AmBev perde participação de mercado na venda por volume --passou de 66,1% naquele mês para 62,6% em novembro. A Schin ganha pontos --pulou de 11,5% para 15,2% no período. Cada ponto equivale a vendas de R$ 100 milhões.

A AmBev informa que a eventual redução no preço da cerveja Antarctica em algumas lojas não se trata de uma política de preços da companhia. É natural que ocorram descontos neste período --início de verão--, que registra uma demanda maior pelo produto, afirma a empresa.

Segundo a companhia, o setor de supermercados não é o principal canal de venda do varejo da bebida. Cerca de 70% das vendas são feitas em bares e restaurantes.

Há três possibilidades para que ocorram variações no preço do produto. Em primeiro lugar, a empresa pode não alterar sua tabela de preços e as redes varejistas, interessadas em queimar estoques, promovem descontos.

Em segundo, a cervejaria pode definir uma ação de venda com o supermercado. O fabricante oferece descontos por um período determinado em troca de uma compra, por parte da loja, de volumes maiores. Foi isso o que aconteceu neste verão, com diversas marcas, apurou a Folha.

O que pode ocorrer também é que, quando uma marca promove alterações em seus preços, jogando-os muito para baixo, existe o que o mercado chama de "compra de participação". A empresa aumenta suas vendas por um período apenas e ganha participação de mercado de forma rápida. Quando os descontos nos preços são reduzidos, a marca pode perder essa participação.

Neste ano, de dezembro a novembro (antes, portanto, dessas recentes promoções) o preço da cerveja subiu acima da taxa de inflação geral.

Segundo a Fipe, a variação foi de 12,03%. No mesmo período, a inflação foi de 9,69%.
 

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