Publicidade
Publicidade
08/01/2004
-
09h00
JOSÉ ALAN DIAS
da Folha de S.Paulo
A Abar (Associação Brasileira das Agências de Regulação) avalia que o processo que resultou na demissão de Luiz Guilherme Schymura da presidência da Anatel expõe o propósito do governo de "subordinar" as reguladoras.
"O preocupante é a renúncia provocada, o pedido para a renúncia ou o constrangimento, dependendo da interpretação, a que o Poder Executivo submete o dirigente de uma agência para que ele renuncie", afirma Maria Augusta Feldman, presidente da Abar. "Esse caso evidencia o desejo do Executivo de subordinar o órgão regulador", completa.
Para Feldman, a remoção do presidente da Anatel terá como efeito imediato uma fragilização dos dirigentes de agências, ou seja, estenderia-se à ANP (Agência Nacional do Petróleo) e à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que completam o grupo de principais reguladoras nacionais.
"Os dirigentes não deveriam se preocupar com eventuais pedidos de renúncia, mas em cumprir os dispositivos legais previstos para seus cargos", argumenta.
A executiva lembra que nos últimos meses o Executivo chegou a analisar a criação da figura do ouvidor, a ser indicado pelo presidente da República, que ficaria responsável por fiscalizar o dia-a-dia das agências.
"Mas, em vez de prestar contas à sociedade, prestaria ao governo. Como pode?", diz Feldman. Aponta ainda como preocupante a pretensão de retirar das agências o poder de outorga (liberação) para projetos.
Arthur Barrionuevo, ex-conselheiro do Cade e professor da FGV-Eaesp, afirma não ver impedimentos no fato de um ex-sindicalista (Pedro Jaime Ziller pertenceu à Fittel, a Federação dos Trabalhadores em Telecomunicações) assumir a presidência do órgão.
"Seja aqui ou nos EUA, os indicados mantêm algum tipo de identificação com o governo que os escolheu, por isso a importância de o Legislativo participar do processo, examinando a isenção do indicado", diz o professor.
Barrionuevo vê outro o motivo de temor. "Desde o início, o governo age de forma contrária à defesa da autonomia da agências." Usa como exemplo o fato de o governo ter definido o novo modelo para o setor elétrico via MP (medida provisória). "Decisões como essas acabam criando situação em que as agências não regulam de fato."
Para associação, governo quer controlar agências reguladoras
Publicidade
da Folha de S.Paulo
A Abar (Associação Brasileira das Agências de Regulação) avalia que o processo que resultou na demissão de Luiz Guilherme Schymura da presidência da Anatel expõe o propósito do governo de "subordinar" as reguladoras.
"O preocupante é a renúncia provocada, o pedido para a renúncia ou o constrangimento, dependendo da interpretação, a que o Poder Executivo submete o dirigente de uma agência para que ele renuncie", afirma Maria Augusta Feldman, presidente da Abar. "Esse caso evidencia o desejo do Executivo de subordinar o órgão regulador", completa.
Para Feldman, a remoção do presidente da Anatel terá como efeito imediato uma fragilização dos dirigentes de agências, ou seja, estenderia-se à ANP (Agência Nacional do Petróleo) e à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que completam o grupo de principais reguladoras nacionais.
"Os dirigentes não deveriam se preocupar com eventuais pedidos de renúncia, mas em cumprir os dispositivos legais previstos para seus cargos", argumenta.
A executiva lembra que nos últimos meses o Executivo chegou a analisar a criação da figura do ouvidor, a ser indicado pelo presidente da República, que ficaria responsável por fiscalizar o dia-a-dia das agências.
"Mas, em vez de prestar contas à sociedade, prestaria ao governo. Como pode?", diz Feldman. Aponta ainda como preocupante a pretensão de retirar das agências o poder de outorga (liberação) para projetos.
Arthur Barrionuevo, ex-conselheiro do Cade e professor da FGV-Eaesp, afirma não ver impedimentos no fato de um ex-sindicalista (Pedro Jaime Ziller pertenceu à Fittel, a Federação dos Trabalhadores em Telecomunicações) assumir a presidência do órgão.
"Seja aqui ou nos EUA, os indicados mantêm algum tipo de identificação com o governo que os escolheu, por isso a importância de o Legislativo participar do processo, examinando a isenção do indicado", diz o professor.
Barrionuevo vê outro o motivo de temor. "Desde o início, o governo age de forma contrária à defesa da autonomia da agências." Usa como exemplo o fato de o governo ter definido o novo modelo para o setor elétrico via MP (medida provisória). "Decisões como essas acabam criando situação em que as agências não regulam de fato."
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
- Por que empresa proíbe caminhões de virar à esquerda - e economiza milhões
- Megarricos buscam refúgio na Nova Zelândia contra colapso capitalista
- Com 12 suítes e 5 bares, casa mais cara à venda nos EUA custa US$ 250 mi
- Produção industrial só cresceu no Pará em 2016, diz IBGE
+ Comentadas
- Programa vai reduzir tempo gasto para pagar impostos, diz Meirelles
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
+ EnviadasÍndice