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20/01/2004
-
07h34
PEDRO SOARES
da Folha de S.Paulo, no Rio
A Petrobras vai contabilizar neste ano ano perdas de R$ 1,48 bilhão em seu balanço por causa de investimentos realizados em usinas termelétricas. O valor foi divulgado ontem à noite, em comunicado à Bovespa.
No comunicado, a Petrobras informou que "a principal causa das perdas é a frustração das expectativas quanto ao mercado de energia elétrica, que se reduziu após o racionamento em 2001".
Na verdade, o problema ocorre porque a estatal garante a compra de energia das usinas térmicas. Muitas delas, porém, não estão gerando nenhum megawatt de energia ou têm sua capacidade subutilizada.
Ou seja: a companhia não consegue receber de volta o investimento já feito. Em 2003, as perdas com a área de energia somaram R$ 1,368 bilhões.
A estatal informou ainda que "a redução do mercado leva a dificuldades na obtenção de contratos de venda de energia em condições que remunerem os investimentos realizados."
Segundo a companhia, o tamanho da perda ainda pode ser revisto, caso as térmicas consigam aumentar a venda de energia durante esse ano.
Ontem, a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, falou sobre o assunto. Disse que, contraditoriamente, falta gás natural para abastecer usinas termelétricas do Nordeste, num momento em que a região sofre com os baixos níveis de água nos reservatórios das hidrelétricas.
Dilma criticou ainda o modelo adotado no governo passado de planejar a construção e operação das térmicas. "A existência de térmicas sem gás é como ter hidrelétricas sem água. É tão grave como fazer uma hídrica sem água", disse.
No governo FHC, a Petrobras investiu em em usinas térmicas como alternativa no caso de baixa dos reservatórios de água. São as chamadas emergenciais, que só são acionadas quando não há mais como gerar a partir das hidrelétricas. Só no Nordeste 34 térmicas estavam em operação na semana passada.
O problema é que a estrutura de dutos para levar o gás a esses lugares não foi toda concluída. Resultado: falta gás a algumas plantas, que, mesmo neste momento de emergência, estão paradas.
Segundo o diretor de gás e energia da Petrobras, Ildo Sauer, "todo mundo sabe que falta gás no Nordeste". Para a ministra, "todo mundo tem responsabilidade" pela falta de gás, "não só a Petrobras". Mesmo sem citar nomes, ela se referiu à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e ao ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
O caso mais grave é no Ceará. Existem duas térmicas instaladas no local, mas só há insumo para uma planta (a TermoFortaleza). A outra, a MPX TermoCeará, está paralisada. "O problema é que não há gás para as duas", afirmou Sauer.
A Petrobras é obrigada por contrato a comprar a energia dessa unidade. Foi uma forma de garantir a viabilidade do programa de termeletricidade no governo FHC. Paga US$ 50 milhões por mês. Mas sem gás, diz ele, a unidade "não tem um kwh sequer alocado para a venda de energia".
Sauer calcula que falta, apenas no Ceará, 1,1 milhão de metros cúbicos de gás por dia para atender à MPX TermoCeará, empresa controlada pelo grupo de mesmo nome, de propriedade de Eike Batista (marido da modelo Luma de Oliveira). Ele afirma que a Petrobras está investindo R$ 1 bilhão para ampliar a malha de gás na região.
Questionado se a Petrobras não está cumprindo o contrato e está sendo pressionada por isso pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Sauer reagiu: "A meu ver, isso não existe. Estamos pagando pela energia. Não dá para atender simultaneamente a MPX e a TermoFortaleza".
Petrobras terá de contabilizar R$ 1,48 bi com perdas em térmicas
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da Folha de S.Paulo, no Rio
A Petrobras vai contabilizar neste ano ano perdas de R$ 1,48 bilhão em seu balanço por causa de investimentos realizados em usinas termelétricas. O valor foi divulgado ontem à noite, em comunicado à Bovespa.
No comunicado, a Petrobras informou que "a principal causa das perdas é a frustração das expectativas quanto ao mercado de energia elétrica, que se reduziu após o racionamento em 2001".
Na verdade, o problema ocorre porque a estatal garante a compra de energia das usinas térmicas. Muitas delas, porém, não estão gerando nenhum megawatt de energia ou têm sua capacidade subutilizada.
Ou seja: a companhia não consegue receber de volta o investimento já feito. Em 2003, as perdas com a área de energia somaram R$ 1,368 bilhões.
A estatal informou ainda que "a redução do mercado leva a dificuldades na obtenção de contratos de venda de energia em condições que remunerem os investimentos realizados."
Segundo a companhia, o tamanho da perda ainda pode ser revisto, caso as térmicas consigam aumentar a venda de energia durante esse ano.
Ontem, a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, falou sobre o assunto. Disse que, contraditoriamente, falta gás natural para abastecer usinas termelétricas do Nordeste, num momento em que a região sofre com os baixos níveis de água nos reservatórios das hidrelétricas.
Dilma criticou ainda o modelo adotado no governo passado de planejar a construção e operação das térmicas. "A existência de térmicas sem gás é como ter hidrelétricas sem água. É tão grave como fazer uma hídrica sem água", disse.
No governo FHC, a Petrobras investiu em em usinas térmicas como alternativa no caso de baixa dos reservatórios de água. São as chamadas emergenciais, que só são acionadas quando não há mais como gerar a partir das hidrelétricas. Só no Nordeste 34 térmicas estavam em operação na semana passada.
O problema é que a estrutura de dutos para levar o gás a esses lugares não foi toda concluída. Resultado: falta gás a algumas plantas, que, mesmo neste momento de emergência, estão paradas.
Segundo o diretor de gás e energia da Petrobras, Ildo Sauer, "todo mundo sabe que falta gás no Nordeste". Para a ministra, "todo mundo tem responsabilidade" pela falta de gás, "não só a Petrobras". Mesmo sem citar nomes, ela se referiu à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e ao ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
O caso mais grave é no Ceará. Existem duas térmicas instaladas no local, mas só há insumo para uma planta (a TermoFortaleza). A outra, a MPX TermoCeará, está paralisada. "O problema é que não há gás para as duas", afirmou Sauer.
A Petrobras é obrigada por contrato a comprar a energia dessa unidade. Foi uma forma de garantir a viabilidade do programa de termeletricidade no governo FHC. Paga US$ 50 milhões por mês. Mas sem gás, diz ele, a unidade "não tem um kwh sequer alocado para a venda de energia".
Sauer calcula que falta, apenas no Ceará, 1,1 milhão de metros cúbicos de gás por dia para atender à MPX TermoCeará, empresa controlada pelo grupo de mesmo nome, de propriedade de Eike Batista (marido da modelo Luma de Oliveira). Ele afirma que a Petrobras está investindo R$ 1 bilhão para ampliar a malha de gás na região.
Questionado se a Petrobras não está cumprindo o contrato e está sendo pressionada por isso pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Sauer reagiu: "A meu ver, isso não existe. Estamos pagando pela energia. Não dá para atender simultaneamente a MPX e a TermoFortaleza".
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