Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/01/2004 - 08h35

Após impasse, indústria têxtil fecha acordo com Argentina

Publicidade

CAROLINA VILA-NOVA
da Folha de S. Paulo, em Buenos Aires

Os empresários brasileiros e argentinos do setor têxtil chegaram a um acordo preliminar na madrugada de sábado para limitar as exportações brasileiras de tecido de algodão a partir deste ano.

Após nove horas de negociação, os empresários brasileiros cederam, em parte, às demandas argentinas e concordaram em reduzir o volume das exportações de 20 milhões de metros lineares (registrados ano passado) para 15 milhões em 2004, segundo o assessor da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), Carlos Brickmann. Limitações para outros segmentos do setor têxtil, como fibras e tecidos sintéticos, continuam em discussão.

É a primeira vez que um contencioso entre os dois principais membros do Mercosul é resolvido em negociações com os setores privados. Entretanto os negociadores só chegaram a um acordo depois que o governo argentino ameaçou o Brasil com entraves burocráticos à exportação de produtos têxteis.

Na sexta, o ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, anunciou que o governo iria aplicar um sistema de licenças não-automáticas para a importação de têxteis do Brasil.

A medida foi adotada em resposta a pressões dos empresários locais, que reclamam de uma suposta invasão de produtos brasileiros nos últimos dois anos.

Empresários dos dois países vinham negociando havia cerca de três meses uma saída para a questão, mas chegaram a um impasse na última semana, quando grupos locais rechaçaram a proposta feita pelos brasileiros de manter o nível das exportações em 2004 no mesmo patamar do ano passado.

Para os argentinos, o Brasil deveria restringir as exportações a 10 milhões de metros lineares --a metade do registrado em 2003.

Na última semana, esses grupos aumentaram a pressão sobre o governo argentino para que adotasse medidas unilaterais de proteção à indústria.

Surpresa

No entanto, o coordenador das empresas argentinas, Daniel Roiter, disse que o anúncio por parte de Lavagna, da aplicação de licenças para importações, tomou de surpresa os empresários locais, que estavam em São Paulo na sexta-feira para uma reunião de negociação com o presidente da Abit, Paulo Skaf.

"A decisão nos pegou de surpresa, em meio à negociação. Depois do anúncio de Lavagna, os brasileiros nos disseram que, como o país não demonstrava boa vontade, não iam negociar, mas mais tarde pudemos acordar as bases para um acordo voluntário", disse Roiter ao jornal "La Nación".

"Preferimos um acordo voluntário porque no longo prazo medidas como a das licenças são contraproducentes", afirmou.

Pela versão apresentada pelos negociadores brasileiros, os empresários argentinos teriam usado a decisão de seu governo como mais um objeto de pressão. Paulo Skaf, presidente da Abit, chegou a dar por encerradas as conversas. Voltou atrás depois de os parceiros terem se mostrado ''flexíveis''.

De qualquer forma, com o acordo, a aplicação das licenças deve ser cancelada. Ao anunciar a decisão, Lavagna afirmou que se tratava de uma medida transitória, até que os grupos privados chegassem a um acordo.

Além da indústria têxtil, os setores de calçados e linha branca também reclamam de uma invasão de produtos brasileiros.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página