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31/01/2004
-
08h40
ADRIANA MATTOS
SANDRA BALBI
da Folha de S.Paulo
A Polícia Federal abriu ontem inquérito policial para investigar se a Parmalat do Brasil, suas empresas coligadas e controladas cometeram crime de lavagem de dinheiro no país. A Folha apurou que o ex-presidente do grupo, Gianni Grisendi, que durante 11 anos esteve no comando do grupo, será chamado a depor.
A Polícia Federal deve encaminhar pedido a Grisendi para que ele não saia do país durante as investigações.
O primeiro a ser ouvido ontem pela manhã foi o atual presidente da Parmalat, Ricardo Gonçalves, há quase dois anos no comando da empresa. Ele prestou esclarecimentos sobre o organograma da empresa --quem são os principais executivos e suas funções-- e apresentou dados financeiros sobre a companhia.
O delegado designado para o caso, José Nogueira Elpídio, precisa obter dados que possam ou não comprovar se a companhia praticou crimes financeiros --como fraude contábil, desvio de recursos ao exterior de forma ilegal ou lavagem de dinheiro. O Banco Central e o Ministério da Fazenda podem ajudar na investigação.
O presidente da Parmalat também esteve ontem no Fórum João Mendes, em São Paulo, onde depôs por mais de três horas para o juiz da 42ª vara cível de São Paulo, Carlos Henrique Abrão.
Na ocasião, ele procurou explicar a relação entre a empresa e outras coligadas do grupo italiano, por onde se suspeita transitou dinheiro da matriz que está sob investigação da Justiça italiana. O juiz também pediu informações sobre Gianni Grisendi.
Convocado para depor no âmbito da ação cautelar obtida pelo banco Sumitomo Mitsui Brasileiro, Gonçalves foi mais questionado sobre empresas como a Parmalat Participações, holding do grupo no país, e a Carital Brasil, do que sobre o grupo que dirige. A ação corre, a partir d eontem, em segredo de Justiça.
A Carital é a empresa por meio da qual o grupo Parmalat teria recebido "um saco de dinheiro" da matriz, segundo um dos contadores italianos, Gianfranco Bocchi. Ela era o braço da Parmalat nos negócios com times de futebol e compra e venda de jogadores, nos tempos de Grisendi.
Ao final do depoimento, Gonçalves disse que a Parmalat Alimentos está "trabalhando em todas as frentes para receber ajuda financeira", para sair da concordata pedida nesta semana.
Esse esforço inclui a negociação de novos empréstimos junto aos bancos, garantidos por recebíveis (contas a receber) da empresa, e aporte da matriz.
Gonçalves admitiu que a Parmalat Alimentos é avalista de parte da dívida da holding --a Parmalat Participações, também concordatária-- estimada em US$ 1,4 bilhão. No entanto, segundo ele, não há risco de esse aval contaminar a Alimentos dificultando sua recuperação.
"Todos os avais foram dados mas sem garantias reais", disse Gonçalves.
Para obter informações sobre a Parmalat, a PF vai ter de ouvir executivos que são, ou foram, peças-chaves na direção da empresa. São eles: Carlos de Souza Monteiro, que trabalhou na empresa como vice-presidente do Conselho de Administração por quase dez anos, ao lado de Grisendi. Durante depoimento à polícia italiana ele foi citado, por um ex-contador do grupo, como conhecedor de desvios de recursos ao país.
Podem ser chamados pela PF executivos ligados a Carital do Brasil como Carlos Alberto Padetti e Francisco Mungioli. Os executivos já negaram à Folha envolvimento em atividades ilícitas.
Ex-presidente da Parmalat terá que depor
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SANDRA BALBI
da Folha de S.Paulo
A Polícia Federal abriu ontem inquérito policial para investigar se a Parmalat do Brasil, suas empresas coligadas e controladas cometeram crime de lavagem de dinheiro no país. A Folha apurou que o ex-presidente do grupo, Gianni Grisendi, que durante 11 anos esteve no comando do grupo, será chamado a depor.
A Polícia Federal deve encaminhar pedido a Grisendi para que ele não saia do país durante as investigações.
O primeiro a ser ouvido ontem pela manhã foi o atual presidente da Parmalat, Ricardo Gonçalves, há quase dois anos no comando da empresa. Ele prestou esclarecimentos sobre o organograma da empresa --quem são os principais executivos e suas funções-- e apresentou dados financeiros sobre a companhia.
O delegado designado para o caso, José Nogueira Elpídio, precisa obter dados que possam ou não comprovar se a companhia praticou crimes financeiros --como fraude contábil, desvio de recursos ao exterior de forma ilegal ou lavagem de dinheiro. O Banco Central e o Ministério da Fazenda podem ajudar na investigação.
O presidente da Parmalat também esteve ontem no Fórum João Mendes, em São Paulo, onde depôs por mais de três horas para o juiz da 42ª vara cível de São Paulo, Carlos Henrique Abrão.
Na ocasião, ele procurou explicar a relação entre a empresa e outras coligadas do grupo italiano, por onde se suspeita transitou dinheiro da matriz que está sob investigação da Justiça italiana. O juiz também pediu informações sobre Gianni Grisendi.
Convocado para depor no âmbito da ação cautelar obtida pelo banco Sumitomo Mitsui Brasileiro, Gonçalves foi mais questionado sobre empresas como a Parmalat Participações, holding do grupo no país, e a Carital Brasil, do que sobre o grupo que dirige. A ação corre, a partir d eontem, em segredo de Justiça.
A Carital é a empresa por meio da qual o grupo Parmalat teria recebido "um saco de dinheiro" da matriz, segundo um dos contadores italianos, Gianfranco Bocchi. Ela era o braço da Parmalat nos negócios com times de futebol e compra e venda de jogadores, nos tempos de Grisendi.
Ao final do depoimento, Gonçalves disse que a Parmalat Alimentos está "trabalhando em todas as frentes para receber ajuda financeira", para sair da concordata pedida nesta semana.
Esse esforço inclui a negociação de novos empréstimos junto aos bancos, garantidos por recebíveis (contas a receber) da empresa, e aporte da matriz.
Gonçalves admitiu que a Parmalat Alimentos é avalista de parte da dívida da holding --a Parmalat Participações, também concordatária-- estimada em US$ 1,4 bilhão. No entanto, segundo ele, não há risco de esse aval contaminar a Alimentos dificultando sua recuperação.
"Todos os avais foram dados mas sem garantias reais", disse Gonçalves.
Para obter informações sobre a Parmalat, a PF vai ter de ouvir executivos que são, ou foram, peças-chaves na direção da empresa. São eles: Carlos de Souza Monteiro, que trabalhou na empresa como vice-presidente do Conselho de Administração por quase dez anos, ao lado de Grisendi. Durante depoimento à polícia italiana ele foi citado, por um ex-contador do grupo, como conhecedor de desvios de recursos ao país.
Podem ser chamados pela PF executivos ligados a Carital do Brasil como Carlos Alberto Padetti e Francisco Mungioli. Os executivos já negaram à Folha envolvimento em atividades ilícitas.
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