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17/02/2004 - 17h58

Telesp Celular Participações termina 2003 com prejuízo de R$ 640,2 mi

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ELAINE COTTA
da Folha Online

A Telesp Celular Participações (TCP) --uma das controladoras da Vivo-- fechou o ano de 2003 com um prejuízo de R$ 640,2 milhões. O resultado, apesar de negativo, foi 43,9% menor que o prejuízo de R$ 1,14 bilhão registrado em 2002.

Segundo a empresa esse resultado se deve à consolidação da compra da TCO (Tele Centro Oeste) e à melhora do resultado operacional. A receita operacional líquida da TCP aumentou em 77,1%, atingindo R$ 6 bilhões em 2003 em comparação com R$ 3,415 bilhões em 2002.

A receita líquida de serviços aumentou 70,6% atingindo R$ 5 bilhões e as receitas de vendas de mercadorias aumentaram em 117,4%, totalizando R$ 1,022 bilhão.

Esse aumento, segundo a empresa, se deve principalmente a um crescimento de 33,9% nas receitas de vendas de mercadorias da Telesp Celular, que chegou a R$ 629,7 milhões em 2003, às receitas de vendas de mercadorias.

No final de 2003, a Telesp Celular registrou uma expansão de 29,1% no número de clientes, incluindo Tele Centro Oeste, e apresentou uma participação estimada de mercado de 58%.

A Vivo, joint-venture que uniu as operações em telefonia celular da Telefônica Móviles e Portugal Telecom, terminou 2003 com 20,7 milhões de clientes.

Trimestre

No quarto trimestre do ano passado, o prejuízo da Telesp Celular foi de R$ 177,5 milhões, valor uma vez e meia maior (156,9%) que as perdas registradas no trimestre anterior (R$ 69,1 milhões). Mesmo assim, o resultado é melhor que o prejuízo de R$ 580 milhões registrado no quarto trimestre de 2002.

Esse aumento de 156,9% no prejuízo líquido no quarto trimestre em relação ao terceiro, segundo a empresa, foi resultado da decisão de fazer um provisionamento de R$ 78 milhões para o pagamento de tributos como PIS e Cofins no Estado de São Paulo.

Segundo o vice-presidente financeiro da Vivo, Fernando Abella, desde janeiro de 2001, uma liminar isentou a Telesp Celular do pagamento desses tributos no Estado de São Paulo. Essa decisão deve ser revertida em breve.

"Preferimos provisionar esses recursos para não termos problemas de caixa depois", disse. Abella afirmou ainda que a partir de 2004, a empresa fará provisionamento para o pagamento destes tributos até que saia uma decisão definitiva sobre o tema.

O vice-presidente-executivo explicou que os R$ 78 milhões é o valor acumulado desde janeiro de 2001 e que o provisionamento dos próximos meses será menor. O valor que será provisionado dependerá da receita da empresa no trimestre.

Dívida

A dívida líquida da Telesp Celular Participações (TCP) cresceu 11% no quarto trimestre de 2003 em relação aos três meses imediatamente anteriores e somava, no dia 31 de dezembro, R$ 4,11 bilhões. Se a base de comparação for 31 de dezembro de 2002, a dívida líquida praticamente dobrou --era de R$ 2,77 bilhões.

De acordo com a empresa, a dívida bruta, em 31 de dezembro, somava R$ 6,279 bilhões, maior que os R$ 5,76 bilhões registrados em 30 de setembro de 2003. Do total da dívida bruta, 79,8% está denominada em moeda estrangeira (euro, dólar e iene).

Atualmente, a dívida da Telesp Celular está denominada da seguinte maneira: R$ 1,26 bilhão em moeda local; R$ 3,17 bilhões em dólares; R$ 1,53 bilhão em euros e 307,4 milhões em ienes.

Do total do endividamento, R$ 3,99 bilhões são de curto prazo e R$ 2,28 bilhões de longo prazo. Do total da dívida de longo prazo, R$ 1 bilhão vence em 2005, R$ 134 milhões, em 2006, e R$ 854,8 depois de 2006.

Em 16 de novembro deste ano, vence uma dívida de 416 milhões de euros com a Portugal Telecom. Essa dívida, inclusive, provocou o aumento do endividamento de curto prazo da empresa no quarto trimestre de 2003.

"A dívida, a partir do último trimestre, passou a ser considerada de curto prazo", disse Fernando Abella. O endividamento de curto prazo da TCP passou de R$ 2,49 bilhões no terceiro trimestre para R$ 3,99 bilhões em 31 de dezembro do ano passado.

A intenção da empresa, de acordo com Abella, é pagar integralmente a dívida em novembro. "Isso será pago parte com recursos próprios e parte com recursos de terceiros", disse.

Além dessa dívida de 416 milhões de euros, a TCP deve outros US$ 210 milhões à Portugal Telecom, divididos em três financiamentos que vencem a partir de 2007.

Captação

Abella disse ainda que a empresa não pretende realizar captações externas antes do terceiro trimestre deste ano. O endividamento de curto prazo --que vence ao longo deste ano-- é de R$ 3,9 bilhões.

"O custo está barato e estamos analisando, mas até o terceiro trimestre não pretendemos fazer nada. Teremos de analisar melhor as possibilidades", disse Abella.

Em janeiro, a Telesp Celular listou um programa para lançar US$ 500 milhões em euro notes, mas até agora não concluiu a captação.

"Fizemos a listagem para ter uma garantia. Se precisarmos, faremos a emissão", disse.

CVM

A Telesp Celular ainda não entrou na Justiça para pedir a revisão da decisão da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que vetou a incorporação da TCO (Tele Centro Oeste) no final de janeiro.

Segundo presidente da Vivo, Francisco Padinha, o departamento jurídico da empresa ainda está preparando a defesa que será apresentada para que a TCP "não corra o risco de perder".

"Temos de preparar uma boa defesa e estudar uma linha de argumento que nos leve ao êxito. Já temos um cronograma para o tema, mas ainda não o estamos divulgando", disse Abella.

A Telesp Celular adquiriu o controle da TCO em abril de 2003 --pagou R$ 1,4 bilhão--, mas cancelou a incorporação das ações da empresa em janeiro deste ano por conta de uma decisão da CVM desfavorável à operação.

No dia 14 de agosto de 2004, a CVM decidiu instaurar inquérito administrativo para investigar eventuais irregularidades na operação de incorporação das ações da TCO pela TCP.

A decisão final veio no dia 26 de janeiro deste ano, quando a CVM considerou a operação "contrária a legislação vigente" para esse tipo de negócio.

A CVM classificou como "injusto" o preço que a Telesp Celular queria pagar para os acionistas preferenciais (PN) da TCO. A razão é que as ações ordinárias (ON), de controle da empresa, seriam substituídas por ações da Telesp Celular por uma relação de troca quase três vezes superior ao referente das ações PN (R$ 5,61 para PN e R$ 14,98 para ON).

Telemig

Padinha voltou a afirmar que a empresa não está "ansiosa" para decidir se irá ou não disputar o controle da Telemig Celular. Ele chegou a negar os rumores de que as empresas já estariam em negociação, mas depois preferiu não descartar nem confirmar as conversações envolvendo ambas as operadoras.

"Não temos ansiedade em relação a Telemig apesar de ser um objetivo que seguimos", disse. No começo de fevereiro, Padinha já havia dito que a Telemig é "importante mas não crucial" para a Vivo --empresa que é o resultado de uma joint-venture entre a Portugal Telecom e a Telefônica Móviles.

"Pelas informações que temos, é uma negativa [sobre os rumores de que as negociações já estariam em andamento]. A decisão de compra [da Telemig] é do conselho administrativo da empresa, ou seja, lá de Lisboa. Eu, aqui, não tenho essa informação", afirmou.

A Telemig, atualmente controlada pelo grupo Opportunity, atua em Minas Gerais, área que ainda não tem cobertura da Vivo. Além de Minas, a empresa não atua nos Estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí.

Segundo ele, é natural a pretensão de abranger todo o Brasil. Mas a aquisição de empresas não seria a única alternativa para a Vivo ampliar sua presença no mercado de celular do país.
 

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