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25/02/2004 - 08h34

Mercado financeiro retorna de feriado e reavalia impacto da crise política

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da Folha Online
da Reuters
da Folha de S.Paulo

O mercado financeiro retorna hoje do feriado prolongado de Carnaval com a tarefa de reavaliar os desdobramentos e os impactos da crise política deflagrada nos últimos dias, por conta do Caso Waldomiro Diniz.

Após atingir o "fundo do poço" no final da semana passada, os títulos da dívida externa brasileira se recuperaram durante o feriado nos mercados de Londres e Nova York.

O bônus global brasileiro com vencimento em 2040, hoje papel de referência do desempenho do país no mercado de títulos emergentes, subiu 0,6 pontos ontem no mercado de Londres e ficou cotado a 105,15% de seu valor de face, segundo a agência Reuters. O risco Brasil encerrou ontem aos 560 pontos, com baixa de 1,58%, ainda bem abaixo do pico de 620 pontos registrados na sexta por conta do Caso Waldomiro.

Também na segunda e na terça-feira, Wall Street teve baixa no mercado acionário com a preocupação de problemas na contabilidade da Intel e pela queda da confiança do consumidor norte-americano.

Ontem, a Bolsa de Nova York encerrou o dia com baixa de 0,41% no índice Dow Jones, que terminou aos 10.566 pontos. O S&P 500 recuou 0,41% e encerrou aos 1.139 pontos. Na Bolsa Nasdaq, a queda foi de 0,10%, fechando aos 2.005 pontos.

A Intel, maior fabricante de microchips do mundo, teve uma das maiores baixas. A empresa está sob auditoria mas acredita que o resultado não terá um efeito adverso sobre as finanças da empresa.

Reavaliação

Na sexta, investidores estrangeiros foram os responsáveis pelo início da virada positiva dos mercados. O movimento foi ampliado pelas tesourarias de bancos no Brasil, mas a avaliação é que teria vindo de fora uma visão menos ruidosa da crise política gerada pelas denúncias contra o ex-assessor da Casa Civil, Waldomiro Diniz.

No último dia de negócios antes do Carnaval, quando o dólar chegou a ultrapassar os R$ 3, a Bolsa caía 4,1% e o risco-país subiu 5,85% e chegou a bater em 620 pontos. No final dos negócios, o dólar fechou em queda de 0,06% e a Bolsa subiu 1,84%.

Em relatório, o JP Morgan informou aumento da participação de papéis brasileiros em sua carteira de investimentos em países emergentes. Também o Morgan Stanley teria elevado a recomendação de ativos brasileiros. "Foi feita uma leitura mais atenta", diz Marcelo Giufrida (BNP Paribas).

"Os estrangeiros entraram comprando. O fluxo de investimentos continua bom, e o mercado olha preços", diz Júlio Ziegelmann, do BankBoston. Para ele, a avaliação de que não há demanda que pressione muito a inflação também colaborou para a melhora dos ativos. "Ninguém está com muito medo da inflação. Parte dela é sazonal."

"A Bolsa brasileira está barata em relação a outros emergentes, e a economia não mudou. A volatilidade maior não está no câmbio", diz Luís Eduardo Assis, do HSBC.

Para o economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, a baixa oscilação da moeda estrangeira demonstra que "o mercado não subestima o peso da melhora dos fundamentos da macroeconomia brasileira".

Os mercados estão mais calmos, mas ainda na expectativa do que vai acontecer no cenário político, segundo Assis.

Crise

Embora com a ressalva de muitos analistas que afirmam não entender nada de política, para parte do mercado financeiro a crise política se encaminha para a saída do ministro José Dirceu, a quem Waldomiro Diniz era ligado.

"A saída do ministro é a melhor opção para brecar a crise, mas a preocupação é quem seria seu substituto", diz Alessandra Ribeiro, analista de mercado da consultoria Tendências.

"Se o ministro Dirceu ficar, ficará se defendendo. A situação da macroeconomia melhorou, mas o governo tem uma agenda a cumprir. Para termos crescimento sustentado, o país precisa de modelos regulatórios, estradas, portos. Não pode ficar paralisado", diz Ziegelmann. "Mas, se vier alguém ruim para o lugar de Dirceu, será pior."

Ata do Copom

A ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que deve ser divulgada na próxima quinta-feira, monopoliza as atenções do mercado nesta semana. O relatório da reunião de janeiro, considerado excessivamente pessimista, foi mal recebido pelos agentes econômicos.

A expectativa é seja menos detalhada, mas mais positiva. "Deve trazer uma visão mais otimista, abrindo espaço para a redução do juro em março", diz Ziegelmann.

"O Copom deve aperfeiçoar a ata desta semana", diz Barros.
"A ata tem se tornado um exercício bizantino de interpretação. Está demasiadamente obscura", afirma Assis.

Com MARIA CRISTINA FRIAS da Folha de S.Pauloagências internacionais
 

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