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09/03/2004
-
12h15
SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online
O risco brasileiro está prestes a ficar abaixo do patamar de 500 pontos pela primeira vez desde a eclosão do caso Waldomiro Diniz, em 13 de fevereiro. O indicador, medido pelo banco americano JP Morgan, recua 1,14%, aos 516 pontos. Ontem, o risco fechou aos 522 pontos.
Já o risco argentino sobe quase 3%, aos 5.970 pontos. O país vizinho decide hoje, até o final do expediente bancário, se paga ou não uma dívida de US$ 3,1 bilhões com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Em dezembro de 2001, o governo argentino declarou a moratória de sua dívida. Na época, o risco Brasil seguia os passos da taxa do país vizinho. Hoje, os dois indicadores estão descolados.
Os dois países do Mercosul são fortes parceiros comerciais. Se o mundo se fecha para os argentinos, a economia brasileira tende a ser prejudicada. Em 2003, a Argentina se recuperou e voltou a ser o segundo maior comprador dos produtos brasileiros --importou US$ 4,5 bilhões, atrás só dos EUA (US$ 16,9 bilhões).
O impasse entre a Argentina e o FMI é acompanhado pelos analistas, que especulam sobre os desdobramentos para o Brasil, como a adoção de um novo populismo latino. Ao enfrentar as exigências do Fundo, o presidente argentino Néstor Kirchner ganhou, no entanto, maior popularidade com os eleitores do seu país.
No Brasil, o governo Lula é criticado por aceitar a exigência de cumprir um elevado superávit primário (dinheiro que o país economiza para pagar juros da dívida) fixado com o FMI, o que acaba comprometendo a capacidade de investimento do Estado, desestimulando as empresas.
O compromisso com esse rigor fiscal limita o crescimento da economia e, por tabela, a geração de empregos. Há uma pressão política em Brasília para que o governo Lula se "liberte" da chamada receita ortodoxa do FMI e tome medidas para ganhar maior liberdade na gestão dos seus gastos, sem a interferência do Fundo, identificado pelos críticos como um porta-voz dos interesses dos credores (grandes bancos e fundos globais).
Teme-se que a volta da Argentina às manchetes precipite no curto prazo uma nova rodada pessimista com os ativos de países emergentes, o que levaria o Copom (Comitê de Política Monetária) a adiar, novamente, a retomada dos cortes da taxa básica de juros, hoje em 16,5% ao ano. O Copom se reúne na próxima semana (dias 16 e 17).
Se o risco brasileiro --balizador do custo dos empréstimos-- retornar a um nível abaixo de 500 pontos, as empresas e bancos vão voltar a captar recursos no exterior, o que tende a puxar o dólar para baixo. Hoje a moeda americana opera quase estável, cotada a R$ 2,875 (-0,03%). Já o Ibovespa sobe 0,40% e retorna ao patamar dos 23 mil pontos, somando 23.085 pontos.
Brasil se descola da Argentina; risco-país cai e Bovespa sobe
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da Folha Online
O risco brasileiro está prestes a ficar abaixo do patamar de 500 pontos pela primeira vez desde a eclosão do caso Waldomiro Diniz, em 13 de fevereiro. O indicador, medido pelo banco americano JP Morgan, recua 1,14%, aos 516 pontos. Ontem, o risco fechou aos 522 pontos.
Já o risco argentino sobe quase 3%, aos 5.970 pontos. O país vizinho decide hoje, até o final do expediente bancário, se paga ou não uma dívida de US$ 3,1 bilhões com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Em dezembro de 2001, o governo argentino declarou a moratória de sua dívida. Na época, o risco Brasil seguia os passos da taxa do país vizinho. Hoje, os dois indicadores estão descolados.
Os dois países do Mercosul são fortes parceiros comerciais. Se o mundo se fecha para os argentinos, a economia brasileira tende a ser prejudicada. Em 2003, a Argentina se recuperou e voltou a ser o segundo maior comprador dos produtos brasileiros --importou US$ 4,5 bilhões, atrás só dos EUA (US$ 16,9 bilhões).
O impasse entre a Argentina e o FMI é acompanhado pelos analistas, que especulam sobre os desdobramentos para o Brasil, como a adoção de um novo populismo latino. Ao enfrentar as exigências do Fundo, o presidente argentino Néstor Kirchner ganhou, no entanto, maior popularidade com os eleitores do seu país.
No Brasil, o governo Lula é criticado por aceitar a exigência de cumprir um elevado superávit primário (dinheiro que o país economiza para pagar juros da dívida) fixado com o FMI, o que acaba comprometendo a capacidade de investimento do Estado, desestimulando as empresas.
O compromisso com esse rigor fiscal limita o crescimento da economia e, por tabela, a geração de empregos. Há uma pressão política em Brasília para que o governo Lula se "liberte" da chamada receita ortodoxa do FMI e tome medidas para ganhar maior liberdade na gestão dos seus gastos, sem a interferência do Fundo, identificado pelos críticos como um porta-voz dos interesses dos credores (grandes bancos e fundos globais).
Teme-se que a volta da Argentina às manchetes precipite no curto prazo uma nova rodada pessimista com os ativos de países emergentes, o que levaria o Copom (Comitê de Política Monetária) a adiar, novamente, a retomada dos cortes da taxa básica de juros, hoje em 16,5% ao ano. O Copom se reúne na próxima semana (dias 16 e 17).
Se o risco brasileiro --balizador do custo dos empréstimos-- retornar a um nível abaixo de 500 pontos, as empresas e bancos vão voltar a captar recursos no exterior, o que tende a puxar o dólar para baixo. Hoje a moeda americana opera quase estável, cotada a R$ 2,875 (-0,03%). Já o Ibovespa sobe 0,40% e retorna ao patamar dos 23 mil pontos, somando 23.085 pontos.
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