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30/10/2000
-
06h14
ISABEL CLEMENTE, da Folha de S.Paulo
A procura por petróleo já chegou às praias brasileiras. Pela primeira vez, uma empresa vai pesquisar por conta própria as chances de encontrar petróleo em uma área que vai da praia até pouco depois da arrebentação.
A novidade começa, em janeiro, na costa do Rio Grande do Norte.
No ano passado, o país viveu o ápice das pesquisas sísmicas -etapa fundamental que antecede a perfuração de poços- em águas profundas. Para cá veio boa parte da frota mundial de barcos especializados no assunto, no rastro das licitações da ANP (Agência Nacional do Petróleo), que marcaram o fim do monopólio da Petrobras.
Hoje, porém, o interesse começa a se diversificar. A norte-americana Grant Geophysical, uma das grandes do mundo no ramo de pesquisas sísmicas, foi a primeira a receber autorização da ANP para fazer levantamentos de dados não-exclusivos em áreas de transição -nome técnico dado ao trecho que vai da praia até 50 metros de lâmina d"água.
Dados não-exclusivos são vendidos ao mercado. Essa negociação serve como antecipação do próprio processo exploratório. Com tal informação, as empresas identificam onde estão as estruturas geológicas propícias à acumulação de petróleo, o que reduz o risco de se lançar à perfuração frustrada de um poço.
"A bacia de Campos ainda é o filé mignon, mas as bacias costeiras, que têm a mesma gênese, vão começar a ser mais conhecidas e serão também de muito interesse", disse Darci Matos, gerente da Grant Geophysical para o sul da América Latina. "Nós apostamos nisso."
A Grant vai trabalhar numa região próxima à cidade de Macau, no Rio Grande do Norte, onde fica a bacia de Potiguar, segundo pólo produtor de petróleo do país. A pesquisa abrangerá 115 km de sísmica.
Segundo Matos, a pesquisa interessa principalmente à própria Petrobras, que já tem blocos para exploração sob sua concessão na região.
Sabe-se muito pouco do potencial das bacias costeiras porque quase nenhuma pesquisa foi feita ali, afirma Ivan de Araújo Simões Filho, superintendente de Promoção de Licitações da ANP.
A fim de estimular as pesquisas sobre essas zonas, a ANP passou a admitir recentemente que as concessionárias de blocos de exploração de petróleo e gás descontem o investimento que for realizado na aquisição de dados não-exclusivos de zonas de transição e terrestres do programa exploratório mínimo exigido pela agência. Antes, essa regalia só valia para levantamentos feitos em águas profundas.
As pesquisas são muito caras, custam em média US$ 15 mil o quilômetro. Um programa como o desenvolvido pela Grant em Potiguar sairia, mantida a referência, por US$ 1,725 milhão.
O trabalho da Grant Geophysical é mais complexo (e caro) do que o feito em alto-mar. A região é rica em fauna e flora, exige cuidadoso estudo de impacto ambiental e equipamentos específicos.
A empresa aguarda autorização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para começar a pesquisa.
Pioneira
Mas já há exploração e produção de petróleo e gás no país em águas cuja profundidade não passa de 50 metros.
A Petrobras fez uma recente descoberta de gás na bacia de Camamu-Almada, num local onde a lâmina d"água é de 38 metros, a 10 km da costa da Bahia, próxima à cidade de Valença.
Na bacia de Potiguar, a estatal também tem poços. Dois deles, no campo de Caraúna, não interessavam mais à estatal e agora estão sob a responsabilidade da norte-americana Santa Fé.
A Santa Fé, no primeiro semestre deste ano, foi a primeira empresa privada a produzir petróleo no país, depois do fim do monopólio da Petrobras.
Os poços, como outros dois que começam a ser perfurados, estão num ponto onde a lâmina d"água não passa de 20 metros.
"Estamos otimistas quanto ao desenvolvimento desse campo", disse Ceci Leonard, presidente da Santa Fé Petróleo do Brasil. A empresa está completando o trabalho de levantamento sísmico da área e só então terá uma avaliação mais precisa, explica a executiva. Os dois novos poços deverão estar prontos até o fim do ano.
A italiana Agip é outra que adquiriu, em 1998, um bloco para exploração na bacia de Potiguar que se estende da praia a águas profundas (2.000 metros).
Clique aqui para ler mais sobre economia no Dinheiro Online e na Folha Online
Corrida ao petróleo já chega à areia da praia
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A procura por petróleo já chegou às praias brasileiras. Pela primeira vez, uma empresa vai pesquisar por conta própria as chances de encontrar petróleo em uma área que vai da praia até pouco depois da arrebentação.
A novidade começa, em janeiro, na costa do Rio Grande do Norte.
No ano passado, o país viveu o ápice das pesquisas sísmicas -etapa fundamental que antecede a perfuração de poços- em águas profundas. Para cá veio boa parte da frota mundial de barcos especializados no assunto, no rastro das licitações da ANP (Agência Nacional do Petróleo), que marcaram o fim do monopólio da Petrobras.
Hoje, porém, o interesse começa a se diversificar. A norte-americana Grant Geophysical, uma das grandes do mundo no ramo de pesquisas sísmicas, foi a primeira a receber autorização da ANP para fazer levantamentos de dados não-exclusivos em áreas de transição -nome técnico dado ao trecho que vai da praia até 50 metros de lâmina d"água.
Dados não-exclusivos são vendidos ao mercado. Essa negociação serve como antecipação do próprio processo exploratório. Com tal informação, as empresas identificam onde estão as estruturas geológicas propícias à acumulação de petróleo, o que reduz o risco de se lançar à perfuração frustrada de um poço.
"A bacia de Campos ainda é o filé mignon, mas as bacias costeiras, que têm a mesma gênese, vão começar a ser mais conhecidas e serão também de muito interesse", disse Darci Matos, gerente da Grant Geophysical para o sul da América Latina. "Nós apostamos nisso."
A Grant vai trabalhar numa região próxima à cidade de Macau, no Rio Grande do Norte, onde fica a bacia de Potiguar, segundo pólo produtor de petróleo do país. A pesquisa abrangerá 115 km de sísmica.
Segundo Matos, a pesquisa interessa principalmente à própria Petrobras, que já tem blocos para exploração sob sua concessão na região.
Sabe-se muito pouco do potencial das bacias costeiras porque quase nenhuma pesquisa foi feita ali, afirma Ivan de Araújo Simões Filho, superintendente de Promoção de Licitações da ANP.
A fim de estimular as pesquisas sobre essas zonas, a ANP passou a admitir recentemente que as concessionárias de blocos de exploração de petróleo e gás descontem o investimento que for realizado na aquisição de dados não-exclusivos de zonas de transição e terrestres do programa exploratório mínimo exigido pela agência. Antes, essa regalia só valia para levantamentos feitos em águas profundas.
As pesquisas são muito caras, custam em média US$ 15 mil o quilômetro. Um programa como o desenvolvido pela Grant em Potiguar sairia, mantida a referência, por US$ 1,725 milhão.
O trabalho da Grant Geophysical é mais complexo (e caro) do que o feito em alto-mar. A região é rica em fauna e flora, exige cuidadoso estudo de impacto ambiental e equipamentos específicos.
A empresa aguarda autorização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para começar a pesquisa.
Pioneira
Mas já há exploração e produção de petróleo e gás no país em águas cuja profundidade não passa de 50 metros.
A Petrobras fez uma recente descoberta de gás na bacia de Camamu-Almada, num local onde a lâmina d"água é de 38 metros, a 10 km da costa da Bahia, próxima à cidade de Valença.
Na bacia de Potiguar, a estatal também tem poços. Dois deles, no campo de Caraúna, não interessavam mais à estatal e agora estão sob a responsabilidade da norte-americana Santa Fé.
A Santa Fé, no primeiro semestre deste ano, foi a primeira empresa privada a produzir petróleo no país, depois do fim do monopólio da Petrobras.
Os poços, como outros dois que começam a ser perfurados, estão num ponto onde a lâmina d"água não passa de 20 metros.
"Estamos otimistas quanto ao desenvolvimento desse campo", disse Ceci Leonard, presidente da Santa Fé Petróleo do Brasil. A empresa está completando o trabalho de levantamento sísmico da área e só então terá uma avaliação mais precisa, explica a executiva. Os dois novos poços deverão estar prontos até o fim do ano.
A italiana Agip é outra que adquiriu, em 1998, um bloco para exploração na bacia de Potiguar que se estende da praia a águas profundas (2.000 metros).
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