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15/04/2004
-
18h19
SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online
Uma onda pessimista derrubou as ações e os títulos da dívida externa do Brasil, um dia após o corte simbólico dos juros pelo governo Lula e novas previsões de alta das taxas nos EUA. O dólar teve a segunda maior alta do ano, fechando acima de R$ 2,90, a Bovespa despencou 2,57%, e o risco-país disparou 11%, superando o da Nigéria.
O mau humor dos investidores eclodiu durante a manhã, depois da divulgação de um relatório pelo banco norte-americano JP Morgan. A instituição fez uma avaliação negativa sobre os rumos da economia brasileira, que provocou uma "desova" de títulos e ações no Brasil e no exterior.
Em seu relatório de nove páginas sobre mercados emergentes, o JP Morgan reduziu a recomendação de investimento nos títulos da dívida externa brasileira, de "overweight" (acima da média do mercado) para "marketweight" (em média do mercado).
Em texto assinado pelo economista Drausio Giacomelli, de Nova York, o banco cita "dúvidas" sobre a força da recuperação da economia brasileira, o "desapontamento" com os resultados fiscais do país em janeiro e fevereiro, a "estagnação política" com as eleições municipais de outubro e o ambiente externo menos favorável ao país.
"Houve um exagero na reação negativa do mercado ao relatório do JP Morgan e aos temores de alta dos juros nos EUA. Nos próximos dias, a poeira deve baixar", afirmou o gerente do banco Rendimento, Hélio Osaki.
O governo Lula também reagiu. O ministro Guido Mantega (Planejamento) disse que o país não está "descambando" e descartou risco de um descumprimento das metas fiscais do país.
Mesmo com as declarações do ministro para acalmar os investidores, o estrago já estava feito: a moeda dos EUA fechou em alta de 1,07%, vendida a R$ 2,918. Essa é a maior cotação desde o último dia 29 de março, quando encerrou negociada a R$ 2,94. Em percentual, é a segunda maior valorização do ano, atrás apenas da registrada no dia 29 de janeiro, quando subiu 1,20%. No ano, a divisa passou a acumular alta de 0,55%. No final de 2003, o dólar estava cotado a R$ 2,902.
Já o principal índice da Bovespa encerrou em queda de 2,57%, com forte volume de negócios (R$ 1,3 bilhão), prejudicada também pelo tombo das ações do setor de siderurgia devido à queda nas importações de aço pela China.
O risco brasileiro encerrou aos 618 pontos, o maior patamar desde 29 de outubro do ano passado (626 pontos). Com esse placar, o Brasil ultrapassou a Nigéria (555 pontos) e agora fica atrás apenas da Argentina (4.714 pontos), Equador (746 pontos) e Venezuela (660 pontos).
Ontem, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central reduziu os juros em apenas 0,25 ponto percentual, para 16% ao ano, frustrando os empresários, que esperavam um corte maior.
Nos EUA, cresceram as preocupações com uma alta dos juros antes do previsto, visto que surgiram mais sinais confirmando a forte recuperação da economia, como o crescimento das vendas do varejo, a alta da inflação para os consumidores e os sólidos lucros trimestrais de gigantes americanas.
Analistas temem que uma elevação do juro nos EUA, agora prevista para agosto, provoque uma retirada de recursos externos de países emergentes, como o Brasil, já que os títulos americanos ficam mais atrativos com a alta das taxas.
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Uma onda pessimista derrubou as ações e os títulos da dívida externa do Brasil, um dia após o corte simbólico dos juros pelo governo Lula e novas previsões de alta das taxas nos EUA. O dólar teve a segunda maior alta do ano, fechando acima de R$ 2,90, a Bovespa despencou 2,57%, e o risco-país disparou 11%, superando o da Nigéria.
O mau humor dos investidores eclodiu durante a manhã, depois da divulgação de um relatório pelo banco norte-americano JP Morgan. A instituição fez uma avaliação negativa sobre os rumos da economia brasileira, que provocou uma "desova" de títulos e ações no Brasil e no exterior.
Em seu relatório de nove páginas sobre mercados emergentes, o JP Morgan reduziu a recomendação de investimento nos títulos da dívida externa brasileira, de "overweight" (acima da média do mercado) para "marketweight" (em média do mercado).
Em texto assinado pelo economista Drausio Giacomelli, de Nova York, o banco cita "dúvidas" sobre a força da recuperação da economia brasileira, o "desapontamento" com os resultados fiscais do país em janeiro e fevereiro, a "estagnação política" com as eleições municipais de outubro e o ambiente externo menos favorável ao país.
"Houve um exagero na reação negativa do mercado ao relatório do JP Morgan e aos temores de alta dos juros nos EUA. Nos próximos dias, a poeira deve baixar", afirmou o gerente do banco Rendimento, Hélio Osaki.
O governo Lula também reagiu. O ministro Guido Mantega (Planejamento) disse que o país não está "descambando" e descartou risco de um descumprimento das metas fiscais do país.
Mesmo com as declarações do ministro para acalmar os investidores, o estrago já estava feito: a moeda dos EUA fechou em alta de 1,07%, vendida a R$ 2,918. Essa é a maior cotação desde o último dia 29 de março, quando encerrou negociada a R$ 2,94. Em percentual, é a segunda maior valorização do ano, atrás apenas da registrada no dia 29 de janeiro, quando subiu 1,20%. No ano, a divisa passou a acumular alta de 0,55%. No final de 2003, o dólar estava cotado a R$ 2,902.
Já o principal índice da Bovespa encerrou em queda de 2,57%, com forte volume de negócios (R$ 1,3 bilhão), prejudicada também pelo tombo das ações do setor de siderurgia devido à queda nas importações de aço pela China.
O risco brasileiro encerrou aos 618 pontos, o maior patamar desde 29 de outubro do ano passado (626 pontos). Com esse placar, o Brasil ultrapassou a Nigéria (555 pontos) e agora fica atrás apenas da Argentina (4.714 pontos), Equador (746 pontos) e Venezuela (660 pontos).
Ontem, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central reduziu os juros em apenas 0,25 ponto percentual, para 16% ao ano, frustrando os empresários, que esperavam um corte maior.
Nos EUA, cresceram as preocupações com uma alta dos juros antes do previsto, visto que surgiram mais sinais confirmando a forte recuperação da economia, como o crescimento das vendas do varejo, a alta da inflação para os consumidores e os sólidos lucros trimestrais de gigantes americanas.
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